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LISSI BENDER

O tempo, ah o tempo! Du liebe Zeit!

Quando meu filho era pequeno e nós morávamos em Pelotas, as viagens a Santa Cruz, para reencontrar a família, demoravam uma eternidade para ele. Toda hora perguntava se estávamos chegando. A fim de entretê-lo, ficávamos cantando com ele, contando-lhe histórias e direcionando sua atenção para elementos da natureza durante o percurso. A propósito, já perceberam que quando viajamos a um lugar pela primeira vez, a ida nos parece sempre muito mais longa e demorosa do que a volta? Seria motivado por ainda não conhecermos o trajeto até o destino, ou teria a ver com ansiedade?

Albert Einstein, o famoso físico alemão nascido em Ulm, afirmava que o tempo é relativo. Ele sabia do que falava. Quando fazemos algo que nos dá prazer, o tempo corre mais rápido do que a Ema para escapar de algum predador. Já repararam no tempo quando estamos com o estômago colado às costas? Parece que o cozimento do almoço demora uma infinidade até estar no ponto de ir à mesa. Isso faz minha memória se voltar ao tempo do Ginasial no Colégio Mauá – nas aulas de matemática, o tempo parecia se arrastar feito lesma, quase parado. Essa sensação se acentuava com o meu rudimentar domínio da língua portuguesa, o que dificultava a compreensão de textos em que problemas matemáticos nos eram apresentados para serem resolvidos. Para complicar, o professor, com frequência, nos apressava: “tempo vale ouro!” e o martírio se acentuava.

É, tempo não somente é relativo, como também ocupa grande parte de nossas conversas. Falamos com frequência sobre “tempo”, principalmente em início de conversas. Em nossa linguagem está muito presente. Consideramos o tempo valioso e, mesmo assim, “matamos o tempo” com eventos e coisas sem valor. Tem quem nos “rouba tempo”, quando nos ocupa com o que não nos diz respeito. Também se pode “perder tempo ou ganhar tempo”. Há quem sempre “acompanha os tempos”, está sempre atento a novidades ou ao que está na moda. Dizemos que estamos trabalhando “contra o tempo” quando não temos tempo suficiente para dar conta de um compromisso assumido ou de algo de que precisamos dar conta. Assim, também falamos que o tempo “trabalha a nosso favor” quando algo se desenvolve favoravelmente para nós sem que precisemos nos empenhar, ou simplesmente “damos tempo ao tempo”.

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Existem também muitos provérbios ou expressões idiomáticas relativas a “tempo”, como: “Die Zeit heilt alle Wunden” – o tempo cura todas as feridas – nem sempre confere, mas conforta; ou “Wer nicht kommt zu rechten Zeit, muss nehmen, was übrig bleibt”– Quem não chega na hora certa, tem de aceitar o que sobra”, e assim somos impelidos a nos apressarmos. Minha Wowa sempre dizia: “Spar’ in der Zeit, dann hast du auch in der Not“ – economiza enquanto tens e terás quando necessitares. Tja, alles hat seine Zeit – tudo tem seu tempo, até mesmo a floração das extremosas.

Vez ou outra, devemos nos permitir não fazer nada, simplesmente sentir o vagar do tempo, assim como Max Raabe faz em seu mavioso canto – Der perfekte Moment: Heut’ mach’ ich garnichts. Keinen Finger krumm. Ich bleib’ zu Haus’ und liege hier einfach nur so rum – hoje não faço nada. Não vou dobrar nenhum dedo. Permaneço em casa e simplesmente me deixo assim ficar. Fazer nada pode se revelar muito benfazejo e o ócio pode até mesmo ser muito criativo, não é mesmo? O vídeo pode ser acessado pelo YouTube, digitando o nome do cantor e da música, ou pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=m_Pvo5veOss

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