– Tá sabendo? Afastaram o diretor.
– Sério?
– Sim, li no portal.
– Pode ser fake news.
– Nãoooooo. Foi afastado mesmo.
– E qual a acusação?
– Desvio de recursos.
– Hum… Não acredito.
– Por quê? Ele é teu amigo?
– Não. Não é meu amigo. Conheço porque ele é uma pessoa pública.
– Então, por que a defesa?
– Não estou defendendo. Mas são tantas denúncias contra tantas pessoas… Como saber?
– Onde há fumaça, há fogo.
– Tem muita fumaça sem fogo por aí.
– Então tu achas que o diretor é inocente?
– Todos são inocentes até prova em contrário. Não vejo por que a regra não se aplicaria a ele. Tem que apurar e ver no que vai dar.
– Tu falas como se a justiça sempre fosse justa.
– Não é. Mas isso não justifica a descrença absoluta na justiça. Ela erra, mas também acerta. E mesmo com os erros, a vida é melhor com ela do que sem.
– Não concordo contigo. Brasília está cheia de culpados que foram inocentados. A impunidade é um dos grandes problemas do Brasil.
– O grande problema do Brasil é a concentração de renda. E a ignorância. Os políticos corruptos são consequência.
– Consequência ou não, gente que foi presa e condenada teve a sentença anulada.
– E tu tens certeza de que a justiça errou nesses casos?
– Claro que tenho. Eu sei. Tem coisas que todo mundo vê. Todo mundo sabe…
– Cuidado com o “todo mundo”. Isso é um perigo. Ainda mais hoje em dia.
– Não entendo essa tua crença na justiça.
– Não é crença, é pragmatismo. É uma opção pelos resultados práticos. E uma recusa a aderir aos tribunais da internet.
– Podem falar mal das redes sociais. Mas na vida real o povo da internet está ganhando o jogo.
– Se é assim, oremos.
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