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FALANDO EM DINHEIRO

Os Impactos da taxa Selic

De uma forma ou de outra, a maioria das pessoas já ouviu falar da taxa Selic. De vez em quando, notadamente quando ocorre uma alta mais expressiva, como foi a dessa quarta-feira, 2, o assunto é muito comentado na mídia, principalmente nos telejornais, matérias de sites e nos jornais. Mesmo sem querer ou não estando nem um pouco interessado, a taxa Selic impacta a vida de todos. O índice representa a taxa básica de juros do Brasil. Ela serve como referência para todos os juros praticados no país. Aliás, cada país tem os próprios juros básicos, geralmente definidos pela autoridade monetária nacional, como os bancos centrais.

O que significa a palavra Selic? É a abreviatura de Sistema Especial de Liquidação e Custódia, um sistema exclusivo que o Banco Central usa para definir a taxa básica de juros, no Brasil. Como funciona? Por lei, as instituições precisam manter uma parte do dinheiro que captam diariamente em uma conta do Banco Central, chamada de depósito compulsório, o que significa que o banco não pode, por exemplo, emprestar todo o dinheiro que ele recebe em depósitos. Essa regra serve para regular a circulação de moeda e aumentar a estabilidade do sistema financeiro. Se uma instituição chega, ao fim do dia, com o valor de caixa menor que o saldo do compulsório, ela precisa tomar empréstimos de outras instituições para cobrir o caixa. Aí, entra a importância da Selic: através desse sistema, os bancos podem pegar e oferecer empréstimos entre si, dando títulos públicos como garantia. Estes empréstimos tem duração de curtíssimo prazo e são liquidados dentro de 24 horas. Ao fim de cada dia, o Banco Central calcula a média de todas as taxas de juros praticadas entre os bancos, neste tipo de operação, e o resultado desta conta é a Taxa Selic efetiva.

Para que serve a taxa Selic? É a principal ferramenta utilizada pelo Banco Central para estabilizar a moeda e manter a inflação oficial dentro da meta do governo. A inflação pode ser de custos – aumento de preço de alguns itens específicos, como o combustível, a energia elétrica, alimentos, produtos de limpeza, etc – ou de demanda – muita procura por produtos. Se a inflação se mantém em contínua alta, como já ocorre há algum tempo no Brasil, o Banco Central intervém, na tentativa de frear o avanço da alta de preços, aumentando a taxa Selic que torna os juros mais altos para o consumidor. Com isso, o consumidor deixa de comprar ou contratar e, pelo menos em teoria, os preços não aumentam. O contrário também ocorre, quando o Banco Central quer dinamizar a economia, baixando a taxa Selic, o que se reflete em juros menores no mercado, com mais facilidades de crédito para as empresas e o consumidor.

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O aumento de 1,5 ponto percentual da taxa Selic, decidida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, nessa quarta, elevou a taxa básica de juros de 9,75% para 10,75% ao ano, maior patamar desde julho de 2017 (11,25%). Os reajustes na Selic se refletem em todas as taxas de juros praticadas no país, tanto nos investimentos quanto nas dívidas.

Para as pessoas com recursos aplicados no mercado financeiro, com a alta da Selic os investimentos ficam mais atraentes, estimulando maior vontade e interesse de poupar. Já as pessoas e famílias que são devedoras precisam ficar atentas para não criarem uma bola de neve com as dívidas. Quando o governo aumenta a taxa básica de juros, ele provoca uma reação em cadeia, um efeito dominó, fazendo com que todas as demais taxas fiquem mais caras, principalmente o cheque especial e o cartão de crédito rotativo. Quem está pensando em pegar um empréstimo, ou seja, contrair uma dívida para fazer algum tipo de compra ou um investimento no próprio negócio, deve avaliar o custo benefício e, se for o caso, esperar. Isso porque agora os juros estão altos e poderão subir mais ainda, neste primeiro semestre.

Para quem tem dívidas  e quer sair dessa situação, é preciso se munir de muita paciência e saber como administrar as contas, principalmente neste momento de maior alta de juros. A economista e educadora financeira da Acordo Certo, Bruna Altermann, listou algumas dicas:

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  1. Organizar os gastos: colocar numa planilha de computador ou num simples papel tudo o que entra e sai de dinheiro; a DSOP Educação Financeira chama isso de fazer um diagnóstico da situação financeira, quando já é possível identificar e diminuir gastos, eliminar desperdícios ou supérfluos;
  2. Negociar os juros e parcelar: o melhor caminho é procurar os credores e tentar negociar. Os bancos podem estar disponíveis para manter a mesma taxa ou até diminuí-la numa negociação. Há, também, a possibilidade de portabilidade, procurando mudar para um banco que, mediante pesquisa, ofereça melhores condições de negociação;
  3. Fazer empréstimos com juros menores para quitar o saldo devedor do cheque especial ou do rotativo do cartão de crédito;
  4. Evitar a “reinadimplência”: um levantamento do Grupo Boa Vista apurou que, em 2021, a reincidência da inadimplência cresceu 64,3%, mostrando a falta de educação financeira do consumidor.

Como efeito indireto do aumento da Selic, outros problemas devem aparecer. Os juros mais altos impactam negativamente na atividade econômica. Empresas podem, por exemplo, suspender investimentos, reduzindo o crescimento econômico e, em consequência, aumentando o desemprego. O desemprego, por sua vez, gera o endividamento que acarreta no aumento da inadimplência. A nota Muito mais que o Copom, divulgada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), nessa quinta-feira, 3, parece que questiona o aumento da taxa Selic, ao dizer que “o novo patamar da Selic incomoda, e muito, já que a inflação que visa combater não apresenta um perfil condizente para um tratamento exclusivo via aumento dos juros… As questões conjunturais não devem sobrepor-se às razões estruturais que influenciam a economia nacional. Muito mais que o BC e o Tesouro, são os poderes da República e a sociedade que devem dar as diretrizes visando o interesse comum do desenvolvimento nacional”.

Quando vemos serem aprovados, no Congresso, fundos de valores exorbitantes – Fundão e Orçamento secreto, por exemplo – poder-se-ia perguntar se, com essa montanha de dinheiro do contribuinte, não seria possível investir em áreas notoriamente deficientes e, assim, gerar mais investimentos, empregos e melhor qualidade de vida para os brasileiros?

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