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DIRETO DA REDAÇÃO

Os males que vêm da desinformação

“Isso a imprensa não mostra.” Quantas vezes cada um de nós já não terá recebido conteúdo de texto, áudio ou vídeo, em grupos de WhatsApp ou por outras vias, com essa frase. Com a alegação de que, supostamente, jornal, revista, rádio, TV ou portal de notícias estariam omitindo, ignorando ou escondendo o que ali se aborda. E, no entanto, quase sempre tal conteúdo se apresenta flagrantemente editado, descontextualizado, não raro deslocado do tempo e do lugar em que ocorreu (isso se ocorreu). Ou é mera opinião pessoal, muitas vezes sem referência clara acerca da pessoa que faz as afirmações.

De fato, esse tipo de conteúdo a imprensa jamais poderia mostrar. Porque seria apostar em fake news em lugar da notícia do que ocorreu. O compromisso de um veículo de comunicação é sempre com a apuração prolongada, ouvindo fontes e abrindo espaço para o contraponto, algo que jamais se verá “nisso que a imprensa não mostra”. Nos dias atuais, talvez tão (ou até mais) nefasta e tóxica do que a polarização de interesses seja a própria desinformação, aliás uma decorrência dos esforços de cada lado para colocar em dúvida ações ou proposições do outro. A desinformação, a falta de clareza sobre onde e com quem buscar informação séria, digna de crédito, está para um país ou para os projetos de uma nação como a inexistência de uma bússola está para um navio, que assim singra às cegas os mares que tem pela frente.

Dispor de informações confiáveis, de dados reais, de fonte segura, especializada, sempre foi um trunfo em todo e qualquer setor socioeconômico, bem como em empresas, instituições, organismos. Esse é o papel da comunicação. A partir do momento em que dados e fatos reais são tornados confusos, ou são ignorados, perde-se por completo os parâmetros. Talvez seja para isso que tantos grupos colocam, por seus interesses ou objetivos, a imprensa sob suspeita. Nas mídias sociais, e em grupos de WhatsApp, cada pessoa emite opinião ou “versão”, e a divulga como sendo “a verdade”, quando é apenas aquilo que convém para ela, seu grupo e seus interesses; obviamente, a verdade (veiculada na imprensa) em nada lhes convém…

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Nos dias atuais, chega-se ao paradoxo de muitas pessoas acreditarem nas fake news que são enviadas por mídias sociais, nas quais se acusa de falsas ou de mentirosas, de inverdades, justamente as verdades e as notícias fatuais divulgadas na imprensa. Nesse ponto, a desinformação promovida é tão perniciosa porque desfaz, desdiz e questiona a ciência, a história, os especialistas, as autoridades de todas as áreas. A desinformação, como uma doença letal e facilmente transmissível, também provoca perdas imensas. A começar pela perda da credibilidade e da noção de realidade. Só a informação, a persistência de uma sociedade em se manter informada, pode constituir a bússola que permita navegar com mínimo de segurança pelos mares revoltos à sua frente. É fundamental que a sociedade, em especial quem atua na educação e na ciência, persista, a fim de que não sucumbam todos juntos contra os icebergs da ignorância. Bom final de semana.

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