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Opinião

Planos ardilosos para o Halloween

Ao leitor, segue desde já um importante alerta: muito cuidado neste domingo. Será o dia em que, segundo uma antiga tradição de origem celta, se abrirão as fronteiras entre o nosso mundo e o sobrenatural, permitindo a passagem de fadas, duendes, espíritos travessos e toda sorte de monstros arrepiantes. Sim, neste domingo é Dia das Bruxas.

Talvez os mais céticos duvidem disso. É porque desconhecem os planos que nossa caçula, Ágatha, vem cuidadosamente tramando para a data. Se depender dela, esse será um Halloween capaz de deixar o mais valente guerreiro celta de cabelo em pé.

O meticuloso planejamento da caçula inicia, obviamente, pela fantasia. Para a traquinas, a cada ano é preciso escolher um figurino diferente.

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– Se não for assim – alega ela – a fantasia fica batida, as pessoas podem acabar me reconhecendo e não se assustarão.

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Ano passado, Ágatha vestiu-se de freira fantasma. Para tanto, lançou mão de tecido TNT para confeccionar um longo hábito negro, que a cobriu da cabeça aos pés; e carregou na maquiagem, adotando um rosto pálido, espectral, com olhos cercados por sombras escuras. Foi horripilante.

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Para este domingo, planeja converter o próprio rosto em uma caveira mexicana, adornando-o com muita tinta colorida e cobrindo a cabeça com uma tiara florida. Achei a ideia simpática. Herança da cultura asteca, a caveira mexicana é tida como um símbolo que afasta maus espíritos.

No México, as pessoas pintam os rostos com caveiras coloridas por ocasião do Dia de los Muertos, quando, segundo acreditam, os finados retornam para visitar os parentes vivos. São recebidos com muita comida – pães recobertos com açúcar, doces diversos, empanados e o famoso pozole, uma espécie de sopa encorpada à base de canjica, carnes, verduras e, claro, muita pimenta. Tudo isso regado a doses generosas de tequila. Não são bobos, esses mexicanos…

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Por falar em comida, Ágatha também planeja guloseimas especiais para o Halloween. O ponto alto será o bolo, recoberto com uma calda verde, de aspecto repugnante, que ela batizou de “baba de monstro”. Será adornado com baratas e aranhas de plástico, além de “vermes”, estes, feitos de massinha comestível. Por conta disso, a traquinas já lançou um alerta:

– As aranhas e baratas podem parecer bem saborosas, mas não podem ser comidas. Só os vermes.

De fato, o bolo fica bem apetitoso, desde que se tenha coragem e estômago forte.

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A escola das nossas gurias mais novas autorizou que as crianças fossem à aula, nessa sexta-feira, com suas fantasias de Halloween, o que oportunizou a Ágatha e à irmã um ano mais velha, Yasmin, testar os efeitos de suas indumentárias. Yasmin optou por ir de It, a Coisa. Ao longo da semana, confeccionou três pom-pons de lã vermelha, que foram costurados a uma camisa branca, convertendo-a em uma roupa de palhaço. No rosto, delineou com tinta vermelha os contornos da criatura diabólica imaginada por Stephen King, nos moldes recriados pelo cinema. Essa foi relativamente fácil.

O mais difícil seria transformar o rosto da caçula em uma caveira mexicana. Prevendo complicações, minha esposa ensaiou a pintura ao longo da semana, sempre cronometrando o tempo necessário para tanto. Concluiu que seria necessário despertar a traquinas mais de uma hora antes do início da aula, nessa sexta-feira, para garantir que fosse à escola devidamente a caráter, sem falhas que comprometessem o aspecto artístico da caveira.

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No fim das contas, o mais difícil foi acordar a marota tão cedo. Ainda sonolenta, sem querer abandonar o colchão, autorizou a mãe a fazer a pintura com ela dormindo mesmo. Que desaforo…

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Com o arrefecimento da pandemia, Ágatha também planeja seguir o costume norte-americano de bater à porta dos vizinhos, devidamente trajada, para fazer a tradicional ameaça: “Doces ou travessuras?!”

A ideia, contudo, tem deixado minha esposa apreensiva. Não lhe agrada deixar a traquinas à solta, circulando pela vizinhança com uma caveira mexicana pintada no rosto.

– O que ela vai me aprontar…

Em uma tentativa de desestimular tal projeto, perguntei à caçula o que fará caso algum vizinho mais corajoso escolha a opção 2 – travessuras. Mas isso ela não conta.

– Funcionará melhor se eu guardar segredo – justificou, em tom conspiratório. – As pessoas têm mais medo quando não sabem o que pode acontecer…

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