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festa do samba

Quem ama a avenida ainda convive com a saudade do Carnaval

Foto: Rafaelly Machado

Edinei Martins participa do Carnaval santa-cruzense desde 1998, quando se mudou para a cidade, e presidiu escola por 12 anos

Em razão da pandemia, Santa Cruz do Sul não teve Carnaval oficial mais uma vez. Fica um sentimento de tristeza para quem é apaixonado pela festa popular e envolvido nos preparativos da folia, já afetada em anos anteriores por questões financeiras. Neste ano, as escolas farão uma apresentação especial em abril, o que vai amenizar a saudade de estar na avenida.

Ex-presidente da Associação de Entidades Carnavalescas de Santa Cruz do Sul e atual presidente da Superliga Independente do Estado (Sulirgs) e vice-presidente da Região Sul da Federação Nacional das Escolas de Samba (Fenasamba), Edinei Martins mantém uma longa trajetória no Carnaval santa-cruzense. O início foi em 1998, com a extinta escola 13 de Maio. Ele retornou em 2002 para ser campeão com o enredo sobre Moisés e a luta para o povo hebreu deixar o Egito. Para ele, foi um ano memorável. Ele contratou os figurinistas Luciano Maia e Lilian Backes. “Foi muito bem planejado. A bateria utilizou as saias de faraós. Os carros foram grandiosos. Ganhamos em todos os quesitos”.

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Após o enredo sobre Sidarta Gautama em 2003, ainda na 13 de Maio, Edinei atuou na Mais Querida, em 2004, com um enredo de homenagem a Vera Cruz. A partir deste ano, o carnavalesco deixou Porto Alegre e passou a residir em Santa Cruz, quando fundou a Imperadores do Ritmo, em 2005, escola na qual foi presidente durante 12 anos. “Eu respiro Carnaval. A ausência de desfiles é uma tristeza muito grande. A gente deixa de fazer o que gosta, com tanto carinho. A gente se reúne uma vez por mês. Já temos enredo se o Carnaval voltar, com toda a força, em 2023.”

“Carnaval é família, é inclusão social”

Também ex-presidente da Associação de Entidades Carnavalescas de Santa Cruz do Sul e ex-presidente da Acadêmicos do União, Adão Pedroso relembra com carinho dos carnavais de Santa Cruz. Na década de 1960, então com 17 anos, acompanhava a rivalidade de União e Guarani, que desfilavam ao som de marchinhas tocadas nos bailes. Outro fato interessante da época era o desfile do Bumba-Meu-Boi, com o auxílio do grupo Negas Malucas, que arrecadava dinheiro para investir na escola, chamada de Vagalumes do Amor.

Ele passou a se envolver diretamente com o Carnaval em 1965. O amor foi transmitido às gerações seguintes, já que os filhos e netos fazem parte da União. Depois de um tempo parado, o Carnaval voltou em 1973, com União, Botafogo e Operários, com o apoio do então prefeito Elemar Gruendling. As fantasias eram simples, por conta dos recursos escassos. Um problema, principalmente em relação aos clubes, era o racismo. Em 1978, Santa Cruz recebeu escolas de todo o Estado. A evolução dos desfiles ocorreu na década de 1990, com a presença de carros alegóricos e samba-enredo. Cada agremiação passou a realizar eventos para conseguir recursos. Em 1992, o União promoveu um show com Neguinho da Beija-Flor.

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Outra questão salientada por Adão é o trabalho social desempenhado pelas escolas, principalmente com os projetos voltados aos jovens de bairros periféricos. É um dos fatores para manter a escola aberta o ano inteiro. “Carnaval é família, é inclusão social. Vai muito além do desfile”, destaca. O União também se destaca com a Descida da Júlio, iniciativa que promove o Carnaval de rua para toda a população.

“Cidade do samba” é o grande objetivo

Edinei Martins acredita que cada agremiação deve ter um espaço, principalmente para servir de barracão para alegorias e ateliê de fantasias e adereços – ema espécie de “cidade do samba”. Um local importante para evitar desperdício de dinheiro, principalmente por conta dos carros alegóricos que passam o ano em locais sem proteção e armazenagem de materiais que podem ser reutilizados. Outra questão essencial é que todas as escolas tenham quadras, para a realização de ensaios, eventos e recepção de visitantes.

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Adão Pedroso, veterano da folia, em um desfile da Acadêmicos do União em 1996 | Foto: Arquivo pessoal

Para Edinei, os espaços são importantes para a manutenção de atividades durante todo o ano. “Ouço falar que o Carnaval deve se sustentar sozinho. Mas se a entidade não tiver uma estrutura mínima, não consegue sobreviver”. Ele salienta que o Carnaval movimenta uma cadeia produtiva, com diversos profissionais envolvidos na produção dos desfiles, além do público consumidor. “Além do aspecto econômico, é uma festa popular que agrega do ponto de vista cultural e social. Muitos que são contrários desconhecem como o Carnaval é realizado”.

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Até 2016, quando ocorreram os últimos desfiles, cada escola contava com cerca de 300 membros e o público chegava a oito mil pessoas por noite. Para ele, é importante que os desfiles ocorram fora de época, para evitar a disputa com os polos tradicionais. Já Adão Pedroso relembra de uma iniciativa exitosa de 1996, quando as escolas receberam um espaço para promoverem rodas de samba e, com isso, conseguiam arrecadar recursos. “Temos que nos unir, manter o engajamento, para que a gente tenha um grande Carnaval novamente em Santa Cruz.”

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Como vai ser

No dia de São Jorge, 23 de abril, as cinco escolas da Associação de Entidades Carnavalescas de Santa Cruz do Sul (Aescs) vão se apresentar no Ginásio Poliesportivo Arnão. As participantes serão a Império da Zona Norte, Acadêmicos do União, Imperatriz do Sol, Imperadores do Ritmo e Unidos de Santa Cruz. Cada agremiação terá 30 minutos. Haverá avaliação para os quesitos passista, mestre-sala, porta-bandeira, porta-estandarte, bateria e harmonia musical. O valor das entradas – R$ 10,00 e um quilo de alimento ou R$ 15,00 sem alimento – será dividido, com metade para a Aescs e metade para um fundo de projetos sociais.

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