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Respeitável público!

Na edição de terça-feira, 17, da Zero Hora, o brilhante jornalista, radialista e amigo Leandro Staudt, na coluna “Almanaque  Gaúcho”, discorreu sobre uma atração de grande sucesso dos meus tempos de guri. “Evolução dos circos” é o título do texto sobre as mudanças dessa exibição artística.

Tenho belas lembranças dos espetáculos circenses. Morava no interior de Arroio do Meio. Meu avô não perdia as estreias na cidade. Poucos minutos depois da chegada dos caminhões e vans, o seu Bruno Kirst chegava à nossa casa esbaforido:

– Tu nem sabe da maior! Chegou um circo novo!

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Sempre fui parceiro de jornadas regadas a pipoca, algodão doce e muito refri. As arquibancadas eram de madeira. Por isso, o simples ato de sentar exigia muito cuidado porque havia muitos pregos mal fixados às tábuas. No final do espetáculo, era comum ver calças com os fundilhos rasgados.

Como escreveu Leandro Staudt, a presença de animais era comum, aliás, uma grande atração. “Leões, tigres, ursos, elefantes e macacos e tantos outros bichos adestrados encantavam e amedrontavam crianças e adultos”, escreveu com propriedade.

Durante o dia, bom mesmo era circular pelas imediações do circo – quase sempre instalado em algum terreno baldio – e vislumbrar os artistas como “mortais comuns”. Eram seres bem diferentes daqueles personagens vistos no picadeiro, usando roupas brilhantes e coloridas ou ruidosos chicotes, enormes sapatos ou ainda macacões para ostentar físicos perfeitos, exigência fundamental para fazer o salto tríplice mortal no trapézio com êxito.

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O palhaço era a grande atração para o meu avô. Às vezes pensava que ele teria um infarto, tamanha excitação que tomava conta daquele normalmente sisudo pequeno empresário do ramo de bebidas.
– Este é o melhor palhaço do mundo! – repetia todas as vezes que íamos ao circo.

Os outros netos não eram afeitos aos shows sob as lonas que, no verão, aumentavam a temperatura de maneira incrível. Já nos dias chuvosos, a sorte definia se a gente sairia seco ou encharcado no final da sessão.

Hoje, o circo – como quase tudo em nosso cotidiano – é dominado pela tecnologia. São espetáculos multicoloridos, com truques em 4D, uso de telões de LED e som de cinema. Os animais, muitas vezes maltratados, saíram de cena, consequência de justas legislações de proteção.

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Não tenho notícias sobre a sobrevivência do famoso Globo da Morte, um show de audácia, perigo e velocidade de motocicletas dentro de uma estrutura metálica gigantesca. O ronco dos motores, a escuridão contrastante com os faróis das motos e o risco iminente de colisão magnetizam as atenções. A apreensão tomava conta da plateia.

São reminiscências de um tempo que já não existe. As lembranças continuam intactas na minha mente e no meu coração.

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