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ROMEU NEUMANN

Respostas que nunca teremos

Já havia enviado meu artigo para esta edição no início da tarde de sexta-feira quando recebi uma mensagem no celular. Era a foto de um pequeno avião caído sobre uma cachoeira e uma legenda: “Marília Mendonça agora há pouco”.

Não dei importância, porque mensagens semelhantes sobre acidentes e tragédias com artistas são comuns nas redes sociais. Duas ou três horas depois, saí do supermercado e ouvi o Mateus Machado engasgando a voz no seu animado programa na Gazeta FM para confirmar a morte da cantora e dos demais ocupantes do avião.

Chocante. Na hora fiquei dominado por um sentimento de incredulidade. Como e por que isso pode ter acontecido? Por que pessoas iluminadas, talentosas, raras, têm sua vida abreviada tão jovens, quando teriam tanto a oferecer para o mundo?

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Vou fazer um parêntesis na linha do tempo para lembrar do fatídico acidente aéreo que vitimou os Mamonas Assassinas. Lembro que era um domingo de manhã, céu fechado, quando uma visita nos apressou a pular da cama. Vindos do interior, pouco familiarizados com nome de banda tão estranho e com letras de músicas ainda mais ousadas para os padrões da época, mal conseguiam dizer o que tinham visto nos noticiários.

Ainda sonolentos, ligamos a televisão. E não se falou mais de outra coisa naquele dia. A banda inteira havia morrido.
Incontáveis vezes já inseri este trágico desfecho de um grupo que fez um sucesso alucinante, mas breve, nas rodas de conversas com amigos. O que poderia ter sido o futuro de uma banda que em tão pouco tempo arrebatou fãs pelo país inteiro? Nunca conseguimos chegar a uma resposta.

Teriam sido predestinados a viver tão intensamente que não lhes restasse espaço para sustentar a fama? Não sei. Nunca mais vamos saber.

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Mas também não vão faltar momentos em que dá vontade de entrar no You Tube ou até mesmo em buscar um cd de capa amarela e preta para ouvir aquelas canções abusadas dos Mamonas.

Deixa pra lá.

A dor da hora é a perda da Marília. Sinceramente, eu a admirava. Pela potência da voz, pelo talento como compositora, pelo respeito e carinho com o público e porque exibia no palco muito mais do que curvas e recheios. Até porque pessoas como ela, tão carismáticas e com tamanha empatia, não precisam disso.

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Mas, acima de tudo, acho que ela foi uma pessoa generosa. Com vários artistas a quem ela emprestou a sua luz e até para um veraneio nosso que ela sonorizou com uma música que marcou aquele verão: Para, pensa e volta, em parceria com a cantora que ela chama no palco de “minha gêmea de voz”, Yasmin Santos.

Eu admiro os poetas e compositores. Mas quando ouço música, prevalece o apreço pela melodia, o afago ao ouvido e à alma.

Quando tudo se concentra em uma pessoa – talento, compositora, intérprete, carisma e empatia com o público – temos a dimensão da perda. O que seria da Marília daqui a dez, vinte anos? Não podemos imaginar.

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Sei dizer que aquele hit de verão deixou saudade. E que a perda dela abriu um buraco na história da música brasileira.

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