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FALANDO EM DINHEIRO

Rotativo do cartão de crédito: gerador de superendividados

Foto: Karolina Grabowska/Pexels

Cada vez mais, o brasileiro tomou gosto pelo “dinheiro de plástico”. É raro encontrar alguém que não tenha, pelo menos, um cartão de crédito na carteira. Mais da metade dos brasileiros (52%) tem três ou mais cartões de crédito, aponta pesquisa realizada pelo Serasa. Sobre os motivos para ter tantos cartões, 35% disseram que o objetivo é conseguir mais crédito, uma vez que o limite isolado de cada um dos cartões não é suficiente; 20% alegaram questões de segurança, para ter mais opções em caso de uma emergência; e 19% justificaram que se organizam melhor financeiramente, dividindo as contas entre os cartões.

Com a recente pandemia do coronavírus e todas a suas consequências, principalmente na área financeira – redução ou perda total de renda pessoal ou familiar -, milhões de brasileiros viram na utilização do cartão de crédito a ferramenta para fazer compras de produtos essenciais para a sobrevivência. Não demorou muito para que muitos desses usuários passassem a enfrentar um desafio repetitivo com data marcada: o dia do vencimento da fatura do cartão de crédito. No primeiro mês, para muitas pessoas a solução foi utilizar a possibilidade do pagamento mínimo, já previsto na própria fatura. Mas, no mês seguinte, além das compras normais, a fatura vem aumentada com o juro do crédito rotativo que, em média, está em 15% ao mês. É uma bola de neve que está se criando.

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O modelo de uso do cartão de crédito, mais como uma contratação de crédito imediato do que forma de pagamento, é um problema que cresceu devido a combinação de três fatores:

  • 1) Macroeconômicos: renda menor, emprego precário, baixo crescimento e taxas de juros;
  • 2) Individuais: as pessoas, a renda delas, salário, nível de educação formal e financeira, questões psicológicas, impulso ao consumo;
  • 3) Marketing agressivo das empresas de crédito: estratégias que levam as pessoas a ter vários cartões ao mesmo tempo.

Os elevados níveis de dívidas e até inadimplência (quando o consumidor não consegue pagar) mostram que o uso do cartão de crédito de forma errada pelos consumidores e a facilidade de entrar no rotativo cobra juros que estão em 437% ao ano. Daí o fato de o cartão de crédito ser o campeão nacional das dívidas dos brasileiros.

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A partir de 3 de abril de 2017, por determinação do Conselho Monetário Nacional (CMN), os bancos só podem permitir o pagamento de mínimo uma vez; trinta dias depois, se o consumidor não conseguir pagar a fatura vencida, o banco é obrigado a oferecer uma linha de crédito que financie o saldo devedor com juros menores do que os do rotativo. Essa regra foi criada com o objetivo de reduzir os juros e evitar o superendividamento. Vários bancos argumentam que os clientes não chegam a ficar um ano no rotativo pela própria legislação que obriga as instituições financeiras a ofertarem outras linhas de crédito para os clientes. 

A solução para o problema dos juros elevados e da inadimplência do cartão de crédito no Brasil deve passar pela extinção do crédito rotativo. De acordo com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, as faturas não pagas iriam direto para o sistema de crédito parcelado do cartão, com uma taxa mensal de juros próximos a 9%, o equivalente a 181% ao ano. É claro que eventual extinção do rotativo precisa considerar uma série de pontos para não gerar uma ruptura no mercado de crédito. Os cartões de crédito representam hoje 40% do consumo no Brasil, índice alto comparado a outros países.

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Enquanto isso, inutilizar o cartão ou colocá-lo no freezer para dificultar o seu uso não vai resolver o problema de quem está com fatura vencida ou até inadimplente. Reinaldo Domingos, criador da DSOP Instituição Financeira e presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros – Abefin, postou o vídeo Dívida do Cartão de Crédito, no YouTube Dinheiro à vista, em que propõe 5 passos para superar dívidas com o cartão de crédito:

  • 1º) Fazer a lição de casa: saber quanto ganha e quanto/em que/como gasta; a recomendação é fazer um diagnóstico da situação financeira, anotando durante 30 a 60 dias todas as despesas efetuadas, mesmo não sendo pagas à vista;
  • 2º) Ajustar os gastos, reduzindo, substituindo e eliminando despesas: neste passo, é fundamental a participação de todos os familiares, o que inclui pais, sogros, irmãos e outras pessoas que participam do núcleo familiar;
  • 3º) Procurar alternativas para liquidar o débito: crédito mais barato no sistema financeiro ou empréstimos com terceiros;
  • 4º) Se não conseguir fontes alternativas de financiamento: é o momento de enfrentar o problema, procurando os credores para deixar claro que “devo, não nego, pago quando puder”; é claro que essa postura vai ter consequências, como a negativação do nome em algum órgão de proteção de crédito; 
  • 5º) Planejar estratégias para enfrentar a dívida: verificar a possibilidade de ser recolhido o automóvel ou outro bem; no caso de oferta de acordos por credores, não ter medo de propor contrapropostas que, nas negociações, tem reduzido o valor da dívida.

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Além de facilitar os pagamentos, inclusive em várias parcelas – o que não deixa de ser um perigo, quando somado a outras prestações – e dispensar o uso de maior quantidade dinheiro, o cartão de crédito permite maior controle sobre os gastos e melhor gestão do orçamento, proporcionando também ganhos secundários, como programas de recompensas ou milhagens. É preciso saber que o cartão de crédito:

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  • 1º) É apenas uma ferramenta ou um meio de pagamento;
  • 2º) Depende de organização e bom senso;
  • 3º) Requer controle rígido do orçamento.

Então, antes de usar o cartão de crédito na hora de pagar por alguma compra, é bom usar a cabeça no que uma boa educação financeira pode ajudar.

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