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Conversa Sentada

Salve Arroio do Meio

Fui o primeiro juiz da então recém-criada Comarca de Arroio do Meio. Está festejando 50 anos. Deixem-me contar. Em 1969, me formei em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, aos 24 anos.
Em 1968, fui aprovado, com o primeiro lugar, no concurso de delegado de Polícia. Na época era possível se inscrever nesse concurso em se estando no quarto ano da faculdade. Por razões que não cabem agora, achei melhor pedir exoneração do cargo e fui advogar em Porto Alegre. Dois anos depois, me submeti ao concurso para juiz de Direito, aos 26 anos, sendo aprovado.

Eu me achava muito verde ainda para enfrentar uma comarca perto da Capital. Escolhi uma bem longe: Horizontina, que era um lugar calmo, e eu poderia estudar nas horas vagas. Ocorre que era muito longe e, na época, de difícil acesso. Hoje está muito diferente, e é um lugar muito progressista.

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Fiquei um ano e soube que a Comarca de Arroio do Meio fora instalada, mas estava sem juiz titular. Pedi remoção e me mudei “com mala e cuia” para uma confortável casa nessa linda cidade.
Quando fui olhar os processos em andamento, pasmem! Entre cível e crime, o total dos feitos não chegava a 350! Ninguém matava ninguém, ninguém roubava ou furtava nada, todos pagavam suas contas. Achei que ia me entediar.

Relatei isso ao presidente do Tribunal, que resolveu que eu ficaria em Arroio do Meio com a jurisdição, mas em regime de exceção julgaria processos de Soledade. Me encantei com a região toda, Lajeado, Estrela, Encantado, onde muitas vezes substituí os colegas em férias ou por outro motivo. Fiquei um ano maravilhoso em Arroio do Meio, onde fiz muitas amizades. Me lembro até hoje das partidas de futebol de salão que eu jogava. De dormir no verão com as janelas abertas. Da alegria das pessoas. Dos peixes do rio que costeia a região.

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Muitas vezes me indagava: por que não são todas as cidades assim? Por que não há criminalidade?
Me lembro bem que a famosa cidade de Nova Bréscia fazia parte da Comarca de Arroio do Meio.
Certo dia, o promotor de Lajeado e eu fomos convidados para um churrasco em Nova Bréscia, onde a maioria dos habitantes era de origem italiana.

Na hora dos discursos, o promotor, que fizera estágio na Itália e falava corretamente o italiano, pediu a palavra e fez seu discurso. As pessoas faziam meneios com a cabeça, não entendendo nada. Claro, o pessoal falava um dialeto e não entendia esse italiano acadêmico. Ao ser promovido, depois de um ano, saí chorando. Até hoje tenho saudade. Por sinal, tenho saudade de todos os lugares onde jurisdicionei.

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