Uma data para refletir e promover a conscientização em busca da proteção permanente de crianças e adolescentes contra as mais diversas ações criminosas. Celebrado neste domingo, o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes faz um convite para pensar no assunto, que se tornou motivo de atenção em Santa Cruz do Sul.
Conforme dados da Delegacia de Polícia da Criança e Adolescente (DPCA), entre 1º de janeiro e 15 de maio, houve registro de 11 casos de violência contra menores, todos enquadrados como estupro de vulnerável. Dois são classificados como mais graves, com a investigação em estágio avançado, e em breve devem remetidos ao Poder Judiciário. Segundo a delegada Ana Luisa Aita Pippi, titular da DPCA, na maioria das ocorrências os “crimes são silenciosos”.
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Por isso, a importância de alertar a população e sobretudo as pessoas que convivem com as vítimas, para que estejam atentos aos traços que possam indicar alguma violência. “Muitas vezes os sinais não são físicos, e sim comportamentais. A vítima não fala por medo e vergonha do que aconteceu, e muitas vezes o abusador faz ameaças e acaba inibindo. A vítima acaba se calando e mudando seu comportamento, pois tem medo de contar sobre a violência sofrida”, explica a delegada. Ela alerta que os pais, responsáveis, professores e amigos precisam ficar atentos com alterações no comportamento de uma criança ou adolescente.
A delegada pede que as pessoas, ao constatarem a ocorrência de abuso ou violência, não coloquem a responsabilidade na vítima. “É preciso deixar claro para a criança ou adolescente que a culpa não é dela.”
A tendência, afirma Ana, é de a vítima se considerar responsável pelo crime cometido contra ela. “É preciso ouvir e dar acolhimento para que se sinta à vontade para reagir e contar o que aconteceu, e salientar que a culpa é do abusador.”
Ana Pippi aponta que o abuso e a violência sexual infantil, com frequência, ocorrem em círculos familiares ou de confiança. “Mas pode ter casos de pessoas estranhas que a vítima tenha conhecido na rua”, acrescenta.
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Exemplos disso ocorrem quando a criança sinaliza para os pais ou pessoas próximas que não quer ficar sozinha com alguém, não deseja ir a algum lugar ou ter contato com determinadas pessoas. Esses podem ser sinais de que algo não está certo. “Precisamos estar atentos e prestar mais atenção ao comportamento e sinais que podem estar sendo de uma vítima”, orienta.
Entenda
A escolha da data se deve a um crime bárbaro contra uma menina menor de idade, chamada Araceli Crespo. Ela foi sequestrada, violentada e assassinada em 18 de maio de 1973. O caso gerou grande repercussão e despertou a necessidade de maior atenção e combate ao abuso infantil.
Crimes online também estão sob análise
A delegada Ana Luisa Aita Pippi faz um alerta para os casos ocorridos por meio da internet. “Os abusadores e pedófilos estão atuando de forma online, em uma nova modalidade que vem ocorrendo. As crianças e adolescentes estão expostas, e os responsáveis devem prestar atenção sobre com quem elas estão conversando ou jogando online.”
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Em alguns casos, os criminosos fingem ter a mesma idade no outro lado da tela e usam inteligência artificial para ganhar a confiança. “Através disso, eles obtêm vários favores e trocas de informações, fotos de cunho pornográfico e encontros pessoais em locais estranhos que podem acabar em estupro de vulnerável”, frisa. A delegada pede para que pais e responsáveis orientem os seus filhos a não fornecerem informações pessoais e fotografias íntimas.
“É importante que os pais estabeleçam uma relação de confiança com os filhos e saibam com quem eles estão conversando e que tipo de troca de informações estão fazendo com o outro lado do computador, e que a criança ou adolescente sempre fale o que está fazendo”, ressalta. Quando algo de estranho for observado, Ana Pippi recomenda que se procure a polícia mais próxima para tomar as devidas providências legais.
Como denunciar
O disque 100 está disponível para denúncias. A família também pode procurar a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), na Rua Ernesto Alves, centro de Santa Cruz do Sul, que está 24 horas em funcionamento.
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As denúncias também podem ser feitas nos órgãos da rede de proteção à criança e ao adolescente. São Conselho Tutelar, Promotoria da Infância e Juventude e Centro de Referência em Atendimento Infantojuvenil Municipal (Craim), localizado junto ao Centro Materno Infantil (Cemai), na Travessa Kern, 120. Mais informações sobre o serviço podem ser obtidas pelo número (51) 3715 1210.
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Rio Pardo e Pantano Grande têm pontos de exploração
Uma pesquisa realizada pelo Programa Mapear, da Polícia Rodoviária Federal, relativa ao biênio 2023 e 2024, traz a lista das 20 cidades que apresentam locais vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes no Estado. Na região, Rio Pardo e Pantano Grande se destacam. Os dados estão disponíveis no portal da ferramenta SmartLab (https://smartlabbr.org/) e foram coletados a partir de um trabalho realizado em conjunto entre Ministério Público do Trabalho e Organização Internacional do Trabalho.
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Segundo o levantamento, foram 655 os pontos mapeados em 120 municípios do Estado para identificar locais vulneráveis à exploração sexual de crianças. A cidade com mais risco em números absolutos é Uruguaiana, com 38 pontos identificados. Rio Pardo aparece em 12º, com 12, e Pantano Grande está na 16ª posição, com 11.
O levantamento considera “pontos vulneráveis” aqueles que apresentam características passíveis de aumentar o risco de ocorrências, como ausência de atuação do Conselho Tutelar. Também são observados aspectos como existência de lugares para prática de prostituição e de consumo de drogas e bebidas alcoólicas. Estabelecimentos de parada em rodovias, como hotéis, motéis e postos de abastecimento, também fazem parte da pesquisa.
Ranking
- Cidade e seus pontos de risco
- Uruguaiana – 38
- Santa Maria – 26
- Santana do Livramento – 25
- Sarandi – 22
- Lagoa Vermelha – 22
- Alegrete – 21
- São Leopoldo – 17
- Erechim – 17
- Rosário do Sul – 16
- Eldorado do Sul – 15
- Cachoeira do Sul – 14
- Rio Pardo – 12
- Carazinho – 12
- São Gabriel – 12
- Frederico Westphalen – 11
- Pantano Grande – 11
- Passo Fundo – 11
- Tapes – 11
- São Sepé – 11
- Camaquã – 10
Fonte: SmartLab Trabalho Decente
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Fique atento
Como o criminoso age em chats
– Finge ter a mesma idade.
– Cria amizade e confiança.
– Envia presentes virtuais.
– Faz pedidos de fotos ou vídeos e propõe encontros.
– Em muitos casos, ameaça e chantageia a vítima.
Em jogos online
O perigo está em jogos com chats abertos ou privados que permitem que adultos mal-intencionados se aproximem de crianças e adolescentes, fingindo ser jogadores comuns.
Ele inicia com conversas inocentes, depois faz elogios e pedidos de amizade até chegar a abordagens indevidas, segredos forçados e chantagens.
Frases que devem acender o alerta
“Não conta isso para ninguém.”
“Vamos conversar só entre a gente.”
“Manda uma foto sua.”
“Você é diferente dos outros, posso confiar em você?”
Como proteger
– Converse abertamente sobre os riscos.
– Supervisione o tempo e os jogos acessados.
– Ensine sobre a privacidade e confiança.
– Esteja disponível para ouvir sem julgamentos.
Se algo acontecer?
–Acolha sem culpar.
– Documente tudo (prints e datas).
– Denuncie através do disque 100 ou da delegacia de Polícia Civil mais próxima.
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