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Seis perguntas e respostas para entender a crise entre Rússia e Ucrânia

Danos após ataque com míssil em Kiev, Ucrânia | Foto: Arrikel/Wikimedia Commons

O mundo todo voltou as atenções para o leste da Europa nessa quinta-feira, 24, com o início de uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Mas quais as motivações deste conflito? Com a ajuda do cientista político e professor de Relações Internacionais Bruno Lima Rocha, explicamos o embate entre os dois países.

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Cientista político Bruno Lima Rocha

Por que a Ucrânia é tão visada pela Rússia?

A relação entre a Rússia e o leste ucraniano é antiga e forte, segundo Rocha. “Na formação político-cultural da Rússia moderna, a Ucrânia é constitutiva. O Putin, no discurso em que reconheceu as repúblicas de Donbass, falou que a unidade entre a Ucrânia e a Rússia é mais antiga do que a própria existência dos Estados Unidos. A Ucrânia como entidade política tem um tempo de vida menor do que o Brasil independente”, observou. Para além disso, há questões estratégicas: o entendimento do governo russo é de que suas duas cidades principais (Moscou e São Petesburgo), o acesso ao Mar Negro e a exploração do Mar Cáspio ficariam muito vulneráveis no caso de uma posição hostil por parte da Ucrânia ou se houvesse uma aliança da Ucrânia com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). “Perder o leste da Ucrânia é inegociável. A União Soviética foi desmontada em 1991 e todo o espaço pós-soviético entrou em disputa. A parte europeia da Rússia chegou ao seu limite, que é Bielorússia e o leste ucraniano. A dimensão militar do conflito e as ameaças concretas ao pessoal de origem russa na Ucrânia foram o motivo para que o governo Putin reconhecesse as repúblicas de Donbass”, explicou.

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O que levou a Rússia a mobilizar suas forças militares agora?

A Rússia está operando na região de Donbass e na Crimeia desde o fim de 2014. Conforme Rocha, com a adesão da Ucrânia à União Europeia, a desmobilização das forças institucionais do Estado ucraniano levou à ascensão de milícias ultranacionalistas ou neonazistas, o que elevou a pressão sobre pessoas de origem russa que vivem no país. “A visão estratégica da Rússia foi de não deixar repetir as condições daquilo que chamam de Grande Guerra Patriótica, que se conhece por Segunda Guerra Mundial”, disse Rocha. O fato mais recente é a formalização de um intercâmbio entre Otan e Ucrânia e a presença – ainda não admitida, mas já sendo alvo de guerra – de bases dos Estados Unidos e Grã-Bretanha em território ucraniano.

Quais os interesses do Ocidente nessa disputa?

A Ucrânia é um país rico em gás natural e petróleo. O interesse maior, porém, é estratégico, conforme Rocha, e passa por ampliar o cerco à Rússia – dois dos três países do Báltico estão na Otan. “A meta estratégica é atingir a Rússia e, concomitantemente, a China, que é o maior poder econômico, enquanto a Rússia é o maior poder militar. A soma da China com a Rússia é maior do que Estados Unidos e União Europeia. O grande xadrez mundial hoje é esse”, analisou.

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Por que não houve uma solução pacífica?

A solução pacífica passaria, no entendimento de Rocha, por uma retirada da ajuda militar da Otan à Ucrânia. “Não fica um soldado, não chega material bélico, assina um compromisso de que jamais vai entrar na Otan, aí não teria problema. O governo Putin não reconheceria as repúblicas de Donbass e o conflito ficaria congelado, a exemplo do que ocorreu na Georgia”, explicou.

Há risco de uma nova guerra mundial?

Para Rocha, o risco é real, caso Estados Unidos e países aliados da Otan resolvam atacar o território russo de forma direta. As medidas anunciadas até agora, conforme ele – que envolvem sanções econômicas –, não devem aprofundar a crise, mas eventuais retaliações, como um bloqueio naval no Báltico ou o fechamento do Estreito de Bósforo junto a um cerco naval no Mar Negro através da marinha turca (país membro da Otan), gerariam uma reação do governo russo. “Se cutucar a Rússia, vai ter resposta. E aí sim, vai ter conflito. Se não mundializado, europeu. E não sei se não envolveria o emprego de armas nucleares”, analisou.

O Brasil pode ser afetado?

O impacto mais óbvio envolve o preço do petróleo, já que a Rússia produz cerca de 10% do petróleo do mundo. De acordo com Rocha, isso se agrava com a política que vem sendo praticada pela Petrobras desde 2016 de vincular o preço dos combustíveis ao câmbio. “Esse somatório de variáveis não nacionais faz com que o Brasil fique muito vulnerável”, disse.

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