Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

ALEXANDRE GARCIA

Senhores e vassalos

O TSE acaba de diplomar Lula e Alckmin, isto é, atestou que eles ganharam a eleição presidencial e estão aptos a tomar posse diante do Congresso Nacional. O presidente do TSE e o presidente eleito fizeram discursos em que defenderam as mesmas teses. Disseram que o outro lado ataca a democracia, que precisa ser defendida evitando mentiras, enquanto controlam a liberdade de expressão. Explicaram que a ação do Supremo e do TSE é defesa da democracia, num estado de direito. E a gente aceita, porque temos a fraqueza de engolir discursos que são o oposto do que testemunhamos e comprovamos – é da nossa cultura. Moraes afirmou que jamais houve uma fraude no sistema eletrônico, e Lula ousou apregoar que as urnas digitais “são de confiança reconhecida no mundo todo”. Nós achamos natural esse tipo de discurso.

LEIA TAMBÉM: AI-5 reeditado

A bandeira de São Paulo traz a inscrição latina “non dvcor dvco”, que significa “não sou conduzido, mas conduzo”. Em democracia, isso deveria estar cunhado na alma de cada cidadão. Mas, na nossa cultura, agimos como súditos, vassalos, dependentes, tutelados, esquecendo que somos cidadãos, pagadores de impostos, eleitores. Quem escolhe e sustenta deputados, senadores, vereadores, prefeitos, governador, presidente, é o povo. Por isso cada um de nós é origem do poder. Por nós, povo, é que fizeram uma Constituição, para submeter o estado a nós, e nos submetermos todos às leis feitas com base na Lei Maior. Nós, o povo, não somos uma massa uniforme; cada um de nós é uma pessoa para a qual até Deus permitiu o poder do arbítrio. As leis que nos desencorajam a cometer crimes são as mesmas que nos garantem a vida, a propriedade, as liberdades de ir e vir, de reunião, de expressão, de opinião. Mas, com a cultura da vassalagem, muitos de nós acham natural que alguma autoridade decida o que podemos e o que não devemos dizer.

Publicidade

LEIA TAMBÉM: O poder original

Lula e Moraes, na diplomação, defenderam uma liberdade restrita ao que eles julgarem ser a verdade. Precisou de uma eleição para que pelo menos metade da Nação despertasse na defesa da Constituição e das liberdades. O devido processo legal foi violentado há três anos, sob silêncio da mídia, do Senado, da OAB. Mas principalmente do povo, para quem existe o estado. Durante a Copa no Catar, percebeu-se o quanto é conveniente para os que se apropriaram das instituições do estado a alienação pelo futebol. Um gol do time preferido serve para não se perceber omissão no Senado, ou ativismo no Supremo. E os senhores do patrimonialismo – que alguns chamam de mecanismo – vão pondo em prática, passo a passo, a volta à apropriação do estado e aos privilégios e benesses com poder aquisitivo, ante o silêncio dos verdadeiros senhores, o povo.

A tirania é viciante para os tiranos. A vontade de mandar aumenta a cada dia na razão direta da vontade de calar a crítica, as vozes que alertam sobre o avanço do totalitarismo. Vão repetindo os discursos sobre democracia e liberdade, e quem está viciado em ser vassalo aceita, porque é cômodo. É mais fácil ser conduzido que conduzir. O antídoto para isso é popularizar a Constituição como bíblia da cidadania. Eliminaria a intermediação de intérpretes, que acabam sucumbindo à tentação de serem donos e condutores da lei maior.

Publicidade

LEIA OUTROS TEXTOS DE ALEXANDRE GARCIA

Quer receber as principais notícias de Santa Cruz do Sul e região direto no seu celular? Entre na nossa comunidade no WhatsApp! O serviço é gratuito e fácil de usar. Basta CLICAR AQUI. Você também pode participar dos grupos de polícia, política, Santa Cruz e Vale do Rio Pardo 📲 Também temos um canal no Telegram! Para acessar, clique em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça sua assinatura agora!

Publicidade

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.