Eu sou um apaixonado pelo futebol. Normalmente, não sou do tipo de colorado que se entristece muito nas derrotas, ou que fique brabo todo o dia seguinte. As vitórias saboreio até o talo, voltando do Beira-Rio a pé – com tempo – ou comendo churrasco com minha gurizada.
De 2010 para cá, já assisti a mais de 150 jogos do Inter no Beira-Rio. Também já assisti a jogos no Maracanã; nos Centenários de Montevideo e de Caxias; no Rei Pelé; no Heriberto Hülse; no Orlando Scarpelli; no Couto Pereira; na Arena do Grêmio; no Campeón del Siglo e no Estádio Nacional do Chile.
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Meu avô paterno era torcedor do Galo e ia para o Estádio dos Plátanos sempre que podia. Era o momento dele para extravasar tomando chope e falando “uns nomes”, especialmente contra o árbitro. Querer xingar o bandeirinha é fácil e quase que automático.
A pura experiência do futebol se aprende assim: só indo no jogo.
Nada se compara à atmosfera antes de uma partida da Copa Libertadores. Se o jogo não for tão importante, o valor de sentir o clima paga mais do que aproveitar a entrada. Mais de uma vez fui até o estádio, mas assisti ao jogo do lado de fora com meus amigos.
Sempre revejo os melhores momentos antes de dormir, mesmo que eu tenha ido no jogo.
Claro que é impossível ir a todas partidas como visitante. Ir ao campo do rival é importante, apesar de consumir o tempo de um jogo antes de entrar no setor da torcida adversária e de outro depois que terminam os noventa minutos.
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Uma derrota ou uma desclassificação espicham e deixam mais cansativa a estrada de volta para casa. Aconteça o que acontecer, o dia seguinte tem uma margem a mais. Afinal, eu fui no jogo.
Tem jogos que a paixão não te deixa faltar.
O Rio Grande do Sul proíbe o consumo de bebidas alcoólicas dentro dos estádios. As autoridades alegam que já dá muita briga e o trago deixaria o ambiente ainda mais perigoso para as famílias.
Particularmente, eu acho que essa proibição se baseia em uma análise superficial das estatísticas de segurança pública. Quem quer beber, bebe igual ou mais; antes ou depois do jogo.
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Do sofá de casa, é fácil achar que qualquer confusão é enorme. Para entender que seria melhor ter a opção de tomar uma cerveja sentado na arquibancada, só indo no jogo.
O ritual, a experiência e a paixão pelo clube acabam importando mais que o resultado para quem vai no jogo. Quando nosso time ganha, parece que todo o resto também vai bem.
E é bonito que assim seja, afinal as pessoas têm seus problemas, e o futebol é o psicólogo mais barato.
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