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LUÍS FERNANDO FERREIRA

Sobreviver ao inesperado

Passado um breve período de recesso (férias), retorno com esta coluna. E volto perplexo com a facilidade como as coisas podem mudar de uma hora para outra. Com a imprevisibilidade certa. Há uma semana, sofri um acidente trivial em um encontro com amigos. Estava sentado à mesa e movi a cadeira para trás, sem perceber que havia uma espécie de degrau. A cadeira se desequilibrou, caí de costas e bati a cabeça com força contra a quina da parede. Acho que só não perdi a consciência porque havia muita gente ao redor. E não, eu nem tinha bebido.

Um amigo me levou para atendimento médico, fui medicado, recebi algumas orientações. A dor e a tontura continuaram por algumas horas, mas não houve nada grave. Mas fiquei pensando: um pouco mais de força, alguns centímetros para um lado ou outro, um ângulo mais desfavorável e talvez eu não estivesse mais aqui, nem esta coluna (para tristeza ou não dos leitores). Um minuto, até menos, e a vida pode mudar.

Estamos sempre em busca de terra firme, mas a precariedade é nossa condição. É o que mostra o premiado filme Parasita, do sul-coreano Bong Joon-Ho. Na trama, uma família elabora um plano intrincado (não necessariamente honesto) para melhorar de vida e ganhar reconhecimento social. Então, quando as coisas começam a dar certo, uma tempestade e uma enchente vêm arruinar tudo que havia sido construído. Desabrigados, os personagens se dão conta da inutilidade de acreditar em grandes projetos. Deitado na quadra de um ginásio, cercado de centenas de sem-teto, o pai comenta com o filho: “Se nós fazemos um plano, a vida nunca funciona como esperamos. Olhe ao redor. Por acaso toda essa gente pensou: ‘Passaremos a noite em um ginásio’? Bem, veja agora”.

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Lembro que vi Parasita no cinema, em Santa Cruz, em março de 2020. Exatamente um dia depois, a sala de exibição fechou as portas em razão da pandemia de Covid-19. Quantos planos de vida não foram interrompidos, inclusive da pior forma possível, por causa da nova peste? E quanto planos não estão sendo destruídos agora mesmo, por uma guerra estúpida que não poupa civis e já empurrou pelo menos 3 milhões de pessoas para fora de seu país? Viver é resistir ao imponderável. Todo equilíbrio é frágil.

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