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IDEIAS E BATE-PAPO

Taquari, rio da minha vida

Passei a minha infância e adolescência em função do rio Taquari. Sou natural de Arroio do Meio, uma das principais cidades devastadas pelas enchentes da semana passada. Moro em Porto Alegre há mais de 40 anos, mas visito a terra natal com bastante frequência. Mantenho laços com velhos amigos dos tempos de colégio, do futebol e das reuniões dançantes, alimentados através de grupos de WhatsApp.

Nos últimos dias, no entanto, esta moderna ferramenta tecnológica usada para troca de fotos antigas, músicas “do nosso tempo” – tipo discoteca – e para combinar encontros se transformou em verdadeiro suplício. Desde a segunda-feira da semana passada (4/9), a tela do celular é pródiga em exibir somente relatos, imagens devastadoras e pedidos para todo tipo de ajuda.

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Ironicamente as cheias que atingiram os municípios do Vale do Taquari poderiam ser classificadas como “democráticas”. Desta vez, a força das águas não destruiu apenas imóveis e benfeitorias localizados em zonas ribeirinhas onde reside a população de casas mais humildade. A cheia, desta vez, sitiou a cidade, alcançando locais até então considerados inatingíveis. Um quadro de horror, mortes, destruição.

Desde piá as enchentes são vivências frequentes. Lembro o meu pai que, depois do almoço, nos levava para ver os estragos das águas e verificar o que poderia ser feito para ajudar a quem necessitasse. Recordo dos meus avós. Em rodas de chimarrão ou nos almoços de domingo, eles sempre falavam da tal “enchente devastadora de 1941”, um marco na história do Rio Grande do Sul para milhares de famílias gaúchas de todas as regiões, inclusive de Porto Alegre.

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Durante a minha infância, morei no interior de Arroio do Meio. Na companhia da minha irmã, cumpria o trajeto de dois quilômetros até a escola a pé. Enfrentamos muito barro, poeira e no inverno pisamos sobre a geada. No atual trevo de acesso à cidade havia um açude que, em épocas de enchente, transbordava, impedindo que frequentássemos as aulas.

Outra recordação que guardo do rio Taquari envolve a famosa “enchente de São Miguel”, padroeiro do colégio onde estudei, assinalado em 29 de setembro. Desta vez, porém, São Pedro não esperou o final do mês para despejar torrentes d’água que destruíram a região.

O que é ruim poderá piorar. Quando redijo esta crônica faz muito calor  (32°C) para esta época – é segunda-feira (11/9) – e há previsões nada alvissareiras para a semana com previsão de mau tempo. E com o “combo completo”: chuva forte, ventos e granizo, tudo em solo encharcado. O quadro é de possível agravamento deste drama que enlutou milhares de famílias com perdas humanas e materiais. O rio Taquari, que embala as lembranças de pescarias de lambaris e banhos de verão, deixará recordações de dor, desalento e luto.

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