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ELENOR SCHNEIDER

Tempo de reencontros

Em novembro, a temperatura sobe; em dezembro, ela explode. As pessoas se agitam, os corações se inquietam. Além de toda a correria de final de ano, é preciso reservar um tempo para comemorar os reencontros. Na maioria deles, o retrovisor é a peça fundamental, a interminável ressurreição do passado se impõe como pauta maior. Há muitas lembranças boas, guardadas em retratos imateriais, mas também reaparecem mágoas, conservadas como esqueletos em armários de desnecessárias e pregressas amarguras.

A variedade de grupos tem começo, mas não tem fim. É a turma da Escola Normal, do futebol, da faculdade, dos funcionários da firma (que se pronuncia fiiirma), do quartel, dos aposentados, dos solteiros, dos separados, dos inadimplentes, dos corredores, dos descansados, de tudo. Por alguma razão, ou em algum momento, criaram-se afinidades que merecem ser preservadas e, na medida do possível, eternizadas.

Para que essas confrarias temporárias sobrevivam, o líder é peça fundamental. Geralmente, ele se acerca de alguns auxiliares e então partem para as decisões. A data não pode colidir com outros eventos do município, porque não haverá vaga nos hotéis, ainda que ninguém se hospede ali.

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O local é outro problema. Tem que ser agradável, ter comida boa e, de preferência, barata, não ficar distante do centro. E é bom que o espaço seja exclusivo ou, ao menos, reservado. O líder, muitas vezes, se incomoda, porque os convidados não dão retorno. Ele ameaça desistir, no entanto no próximo ano retoma o calvário. Sem líder, os grupos não sobrevivem.

No dia do encontro, uma mistura de sentimentos se esparrama entre todos. A pessoa primeiro saúda os amigos de uma pequena roda. “Quanto tempo!, como estás bem!, como vai a família?, ah, essa é a tua nova esposa?, legal, conseguiste um novo companheiro!”, entre tantas expressões novas, surpreendentes. Quando a pessoa vai abraçar outros confrades, restam alguns comentários: “como ela tá caída!, como ele tá gordo, barrigudo!” , daí para mais ou para menos.

O aperitivo aos poucos vai emparelhando todo mundo, o volume da conversa sobe, risadas suprimem eventuais lamentos, afloram as boas recordações, alguns desencontros do passado são incluídos no cardápio, reaparecem episódios cômicos, revelam-se algumas espertezas marotas, enfim, ali, na soma de vidas e vivências, há uma história que merece ficar e mantém acesos os dias e motivos dos reencontros.
Após a refeição, abre-se espaço para as narrativas, que variam de grupo para grupo.

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Entre os mais, digamos, experientes, fala-se dos filhos, dos netos, das viagens, dos valores defasados das aposentadorias, e muito, muito mesmo, de remédios, de receitas milagrosas, de doenças abatidas, entre outros temas palpitantes. Os mais jovens relatam as conquistas profissionais e amorosas; os da faculdade reapresentam valiosos e exigentes tempos de estudo; os da firma rememoram mancadas de colegas ao longo do ano. Os enfoques são variados e emocionantes.

Na síntese, o que vale mesmo é que não estamos sós, que laços trançados há anos nos mantêm unidos, temperam a vida e renovam nossa esperança até o ano que vem.

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Como esta é minha coluna antes do Natal, desejo a todos os leitores e seus familiares uma festa de paz, de esperança, de amor. Nem agora, nem durante todos os dias do novo ano haja espaço para a discórdia, a mentira e o desrespeito! Somente o amor suaviza o coração.

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