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LISSI BENDER

Uma taça de champagne

Divulgação/GS

Meus mergulhos em terra alemã e sua cultura foram muitos ao longo dos anos. O primeiro convite me foi ofertado em 1983 pelo Goethe Institut. Declinei, estava grávida de minha filha Grace. “Aufgeschoben ist nicht aufgehoben” falou-me o diretor do instituto, ou seja: adiamento não significa cancelamento. Assim, foi-me oferecido novo convite para uma imersão durante os meses de janeiro e fevereiro de 1990 – um período em München, outro em Berlin e uma semana por diferentes cidades e eventos. Por que lembro disso?

O dia 3 de outubro é dia da Unidade Alemã e eu estive em Berlin, logo depois da queda do Muro. Em grande parte, ainda o encontrei erguido e guardo pedacinhos do muro como relíquia. No próximo dia 6, o Consulado Geral da Alemanha celebrará a reunificação alemã em um evento sempre muito primoroso e cultural. Desta vez será sediado pela Sogipa, de Porto Alegre.

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Primeiro impacto: cheguei ao aeroporto de München coberto de neve; procurei por um táxi e encontrei o motorista em tranquila leitura de um livro. Quando me aproximei do carro, ele abriu a porta e me cumprimentou em inglês. Eu respondi em alemão e fomos conversando o trajeto todo. Era véspera de final de semana, a minha hospedeira me sugeriu um passeio pelo Englischer Garten. Desse passeio a memória guarda um tombo fenomenal em meio à neve.

Mas aqui pretendo me voltar para o período em Berlin. Lá fui hospedada por uma jornalista. Foi um tempo de intensas vivências culturais: queda recente do muro, passeio histórico pela cidade: Kurfürstendamm, Gedächtniskirche, KDW: Kaufhaus des Westens; Charlottenburg e visita ao castelo Sanssouci (Ohne Sorgen/sem preocupações) de Friedrich der Groβe em Potsdam; visitas a museus na Museumsinsel; frequência a teatros como o Kripstheater e a peça Linie 1: Ich bin in Berlin; encontro com escritores; conheci ópera ao vivo e muitas vivências fiz por conta própria.

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Em uma de minhas andanças solitárias, entrei numa loja bem sortida e fui andando entre prateleiras, maravilhada com as novidades. Não demorou muito para um vendedor se aproximar de mim – “Kann ich Ihnen helfen?” (posso lhe ajudar?); um tantinho desnorteada respondi: “Ich gucke nur” (estou apenas olhando), ao que ele se afastou resmungando: “Noch so’ne Ossi, die nur guckt und nichts kauft”. Pronto, eu havia sido confundida com uma alemã oriental maravilhada com o novo; que vinha ao lado ocidental somente para conhecer e não comprava nada.

Em outra caminhada enveredei sozinha pelo lado oriental, próximo ao Brandenburgertor, queria sentir o flair daquela região. Quando o frio enregelou meu corpo, entrei numa grande e aconchegante cafeteria. Peço Kaffee com Kuchen e espero, espero, nada. Já cansada de esperar, chega o atendente com uma taça de champagne e a deposita na minha mesa. Eu balbucio que não havia pedido a bebida, ao que ele me diz que um senhor havia solicitado para que me a servisse. Que senhor, pergunto apreensiva – “Der da vorne am Fenster”: (“Aquele lá junto à janela”). Voltou-se para lá e não havia ninguém – uma pessoa desconhecida havia me ofertado uma taça de champagne.

No dia 6 de outubro celebraremos com o Consulado Geral da Alemanha o Dia Da Unidade Alemã, com uma taça de champagne em evento cultural.

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