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polêmica

Vereadora de Rio Pardo registra boletim de ocorrência por violência política de gênero

Vereadora Marciele Rosa (PSDB)

Nessa sexta-feira, 8, enquanto muitas mulheres recebiam presentes e felicitações pelo Dia da Mulher, a vereadora de Rio Pardo Marciele Rosa (PSDB) relatava, em vídeo publicado nas redes sociais, ter sido vítima de violência política de gênero. O fato teria acontecido na última quarta-feira, 6, nas dependências da Câmara de Vereadores, e sido praticado por membros da comissão executiva do partido ao qual ela pertence. “Me foi imposto que eu tinha duas opções: sair do partido em paz ou que seria aberta uma sindicância para me expulsar. Ou eu saía por bem ou saía por mal”, contou.

O motivo, segundo a vereadora, seria o fato de ela ser mulher. “Eu questionei o porque dessa imposição, já que eu trago votos para o partido, estou sempre preocupada em fazer o PSDB crescer na cidade, contribuo com o partido em nível estadual. Não há infidelidade partidária da minha parte”, disse. Marciele foi a vereadora mais votada da sigla na última eleição, em 2020, com 653 votos. “E o partido nunca me deu suporte, apoio ou abriu diálogo”, afirmou.

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Ao longo da legislatura, ela teria se afastado do posicionamento dos demais parlamentares tucanos, o que teria desagradado a cúpula do PSDB em Rio Pardo. “Eu sigo os anseios do povo, os meus princípios. Não obedeço colega vereador que acha que pode mandar em tudo”, afirmou. Em boletim de ocorrência, a vereadora registrou que, de fato, se colocava como “independente” em discursos na tribuna, mas que isso não significava não apoiar o partido.

Marciele relatou estar triste com a situação, visto que o PSDB foi o único partido em que já foi filiada e pelo qual se elegeu. “Vou continuar defendendo o direito das mulheres estarem onde quiser, inclusive na política. Não vou me intimidar. Os velhos coronéis querem mandar, achando que podem tudo, mas não é assim. Pisaram em cima de mim, mas não vão me excluir do cenário político”, afirmou. Ela ainda confirmou que já está em tratativas com outros partidos e que a nova “casa” será anunciada em breve.

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“Nunca levantamos a questão de ela sair por ser mulher”

A vereadora Marciele Rosa afirma que foi vítima de violência política de gênero. “Disseram que não me queriam no partido por ser mulher, que isso estava fazendo com que outras mulheres não quisessem concorrer, pois eu seria a eleita. E até outros homens não queriam concorrer, porque a primeira cadeira seria minha e eles não queriam trabalhar para me eleger. Foi assédio moral, me senti coagida, tive que ouvir e não pude me defender”, desabafou.

Em boletim de ocorrência, a vereadora relata que um vereador, também do PSDB, teria afirmado que muitas negociações políticas foram perdidas devido à falta de apoio da parlamentar. “Tu nunca me obedeceu”, está descrito no registro, se referindo, entre outros pontos, ao voto contrário de Marciele na ocasião da eleição da mesa diretora da Câmara de Rio Pardo.

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O presidente do PSDB em Rio Pardo, Diego Bitencourte, confirmou que a direção propôs que Marciele Rosa deixasse a sigla. “Durante o mandato dela, várias vezes foi à tribuna dizer que não precisava do partido e que era uma vereadora independente”, afirmou. Esse comportamento, conforme explicou, gerou um sentimento negativo em outros membros do partido. “Nossas pré-candidatas a vereadora e outros membros nos relataram que não permaneceriam no PSDB caso ela continuasse”, relatou.

Em hipótese alguma, segundo Bitencourte, há qualquer relação entre a solicitação de desligamento de Marciele e o fato de ela ser mulher. “Nunca levantamos a questão de ela sair por ser mulher. A questão é que nossos pré-candidatos não querem disputar uma vaga com uma pessoa que nunca esteve de acordo com o partido. Em nenhum momento do mandato ela procurou diálogo com a executiva”, destacou. Há cerca de sete meses da eleição, o PSDB já conta com cinco pré-candidatas à Câmara em Rio Pardo.

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Bitencourte conta que, na reunião realizada na quarta, havia duas mulheres presentes, inclusive a presidente do PSDB Mulher. Nas redes sociais, o partido publicou uma nota de repúdio ao vídeo publicado pela vereadora Marciele Rosa. “Quando cita que o partido não valoriza as mulheres, ela esquece que hoje o partido tem o movimento ‘PSDB MULHER’ ativo, trabalhando e unido”, diz parte do texto. Confira na íntegra:

“Na noite desta sexta-feira (08/03) a Vereadora Marciele Rosa veio a público em rede social, alegando estar “surpresa” com o pedido de desligamento do PSDB. Causa estranhamento a Vereadora, que durante mais de três anos ter escolhido andar do lado oposto ao partido (agora no último ano parecendo mudar de ideia). Citando inclusive em tribuna “não precisar dos votos do partido” para se eleger, como sozinha tivesse tido êxito no último pleito eleitoral. Seus vídeos em rede social com ataques a lideranças do partido parece não se lembrar. Quando cita que o partido não valoriza as mulheres, ela esquece que hoje o partido tem o movimento “PSDB MULHER” ativo, trabalhando e unido. Esquece de mencionar também que na reunião na Câmara de Vereadores, estava presente a Presidente do PSDB Mulher e outra representante da executiva. Assim como a Vereadora tem todo direito de tomar as medidas cabíveis, também tomaremos, mas não com inverdades, mas com provas.”

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Reunião não poderia ter sido realizada na Câmara

A reunião aconteceu na Sala das Comissões da Câmara de Vereadores de Rio Pardo. Isso, no entanto, é vetado pelo regimento interno em dois artigos (248 e 249). O presidente do Poder Legislativo da Cidade Histórica, Cláudio Freitas (MDB), informou que mesmo antes de saber do teor do encontro entre a vereadora Marciele Rosa e outros membros do partido já havia tomado providências, já que reuniões como essa não são permitidas nas dependências da Câmara.

“É necessário fazer solicitação por escrito com, no mínimo, 24 horas de antecedência, e isso não ocorreu”, disse. Freitas afirmou estar dando o suporte necessário a Marciele como colega e ser humano. “Independente da polêmica, pois não sabemos o que ocorreu na reunião, já que foi a portas fechadas, vamos punir rigorosamente o fato de a Câmara ter sido usada para uma reunião com essa finalidade, para que nunca mais se repita”, finalizou.

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