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VÍDEO: as fofocas que atrapalharam a investigação do Caso Marciele


Um dos crimes que mais chocaram o Vale do Rio Pardo neste século completa 12 anos neste mês de maio. O chamado Caso Marciele, como ficou conhecido o assassinato da adolescente Marciele Freitas Pinheiro, de 12 anos, em Rio Pardo, marcou a vida de familiares, amigos e colegas de aula da menina, e levanta boatos até hoje sobre quem teria sido o verdadeiro assassino.

No último episódio da primeira temporada do podcast Papo de Polícia, produzido pela Gazeta Grupo de Comunicações, o delegado Anderson Faturi, que responde pela Delegacia de Polícia (DP) de Rio Pardo e foi responsável pela investigação, contou alguns bastidores jamais abordados sobre o caso. Faturi dissipou as fofocas sobre a autoria que, segundo ele, chegaram a atrapalhar a investigação. Ainda revelou que uma perícia pedida na época é citada como case até hoje na Academia de Polícia Civil (Acadepol) do Estado.

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Marciele Freitas Pinheiro foi estuprada e morta com 15 facadas no peito e pescoço por volta de 7h15 de 17 de maio de 2012, uma quinta-feira. Minutos antes do crime, a adolescente havia saído de casa na Rua General Portinho, no Bairro Boa Vista.

Ela costumava caminhar por uma espécie de corredor de 200 metros que liga a Avenida Rio Branco à BR-471, próximo ao entroncamento com a ERS-403, para ir até a Escola Estadual Rio Pardo, no Bairro Guerino, onde estudava na 7ª série. Após não comparecer à aula e ser dada como desaparecida, seu corpo foi encontrado por familiares ao final daquele dia, nas proximidades desse mesmo corredor, em um matagal.

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“Até hoje o Caso Marciele é citado na Acadepol como um dos primeiros crimes solucionados por perícias técnicas de comparação genética. O exame de DNA foi a prova cabal, e lá em 2012 não era comum esse tipo de análise na solução dos delitos”, comentou Faturi, que participou do Papo de Polícia ao lado do comissário Alessandro Simões. Os dois atuam juntos na DP de Rio Pardo desde 2014.

O mais difícil

Segundo Faturi, o DNA da vítima e o do suspeito foram analisados. “Além de material biológico em regiões íntimas da adolescente, encontramos DNA do autor em materiais usados por ele”, disse o delegado. A apuração identificou que a menina passou pelo corredor a pé, ouvindo música em fones de ouvido, e foi rendida pelo autor, sendo depois estuprada e morta. O crime foi cometido sem que nenhuma testemunha visse.

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No entanto, a falta do celular de Marciele no lugar onde o corpo foi encontrado levantou suspeitas. Quinze dias depois, o telefone foi ligado e levou a polícia, por meio de rastreamento, até o portador do aparelho, que revelou ter comprado de um homem. Dessa forma, a DP de Rio Pardo chegou ao nome de Carlos Adalberto Moraes Jardim. O rapaz, então com 22 anos, chegou a dar uma entrevista à Gazeta de dentro do presídio na época, em que negou os fatos.

“Esse suspeito teve sua participação comprovada com o exame de DNA, uma prova 100% técnica, porque nunca tivemos testemunhas desse crime”, disse Faturi, que mesmo depois de 17 anos na polícia, os últimos 14 como delegado, considera esse caso – ocorrido durante seu estágio probatório – como o mais difícil de investigar.

Anderson Faturi e Alessandro Simões foram convidados do Papo de Polícia

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Os rumores que circularam sobre um casal

A dificuldade na investigação, segundo Faturi, remete a um dos pontos cruciais sobre o caso: as fofocas. “De uma forma quase que pitoresca, se disseminaram rumores em Rio Pardo. Fofocas que levavam a apontar a autoria do crime para pessoas que nada tinham a ver. E isso nos atrapalhou no início porque tivemos que checar todas essas informações. Levamos semanas nisso e ouvimos mais de 20 pessoas para confirmarmos que aquelas acusadas nada tinham a ver com o crime.”

Conforme o chefe da DP de Rio Pardo, dizia-se que um casal de namorados teria envolvimento no homicídio. “O boato era que por ciúmes da mulher teriam matado a menina, porque ela teria tido um envolvimento com o homem. A corregedoria da polícia chegou a me chamar para esclarecer. Foi quando apresentei as provas técnicas, comprovando a autoria do verdadeiro suspeito de forma inegável e irrefutável”, esclareceu Faturi.

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Segundo o delegado, a fofoca foi grande ao ponto de, mesmo 12 anos depois, ainda se falar nas rodas de conversa em Rio Pardo sobre um envolvimento desse suposto casal. “Coloco a minha carreira na mesa para dizer que a investigação apontou a responsabilização do único criminoso, um psicopata, que já tinha cometido crimes do tipo antes, e que foi identificado em exames de DNA”, finalizou Faturi. Preso pela Polícia Civil em 1º de junho de 2012, Carlos Adalberto Moraes Jardim, hoje com 34 anos, sempre negou seu envolvimento no caso, embora tenha admitido em seu julgamento, no dia 12 de fevereiro de 2016, que manteve relações sexuais com Marciele um dia antes de ela ser assassinada.

No júri, o conselho de sentença, formado por sete homens, condenou o réu com o máximo rigor pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, estupro de vulnerável e furto. A sessão foi presidida pelo juiz Daniel Berthold, que fixou a pena em 36 anos e sete meses de prisão. O defensor público Eledir Amorim Porto fez a defesa do réu, enquanto o promotor Rui Prediger atuou na acusação, representando o Ministério Público.

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