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TRADIÇÃO

VÍDEO E FOTOS: artesão santa-cruzense se dedica à fabricação de cuias há mais de 30 anos

Foto: Rafaelly Machado

Octacilio da Costa começou a mostrar seus dotes artísticos há 30 anos, quando problemas de saúde o forçaram a mudar de ramo

Item indispensável para um bom gaúcho, o chimarrão é composto, indispensavelmente, por uma cuia, uma bomba, erva-mate moída e água quente. Ou seja, sem cuia, não há chimarrão. Conta a história que, por volta do século 16, colonizadores espanhóis entraram em contato com os índios guaranis no território onde hoje é o estado do Paraná. No local, os indígenas consumiam uma espécie de chá servido em porongo – a partir do qual são feitas cuias de chimarrão.

Com o passar dos anos e o surgimento das novas tecnologias, a cuia tornou-se não apenas um objeto para o consumo do chimarrão. Hoje, ela é também um item que demonstra a tradição e o amor pela cultura gaúcha. As cuias podem ser personalizadas com cores, desenhos, nomes e outros apetrechos.

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Em Santa Cruz do Sul, há mais de 30 anos, o artesão Octacilio Rodrigues da Costa, de 71 anos, confecciona cuias de todos tipos. Quem passa pela Rua Marechal Floriano, a mais importante da cidade, pode observar, na lateral da Praça Getúlio Vargas, os exemplares comercializados pelo aposentado. Os produtos vão além das cuias, já que ele também vende mateiras, quadros, porta-erva, tampas de cuias e outros acessórios para chimarrão. 

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Hoje, seu Octacilio é o mais antigo trabalhador que confecciona cuias totalmente artesanais no município. A agilidade que ele tem ao desenhar as paisagens estampadas nos porongos faz pensar que, antes de ser artesão, ele já trabalhava com isso. Porém, pelo contrário, antes de iniciar no ramo, Octacilio era mecânico ajustador – trabalho mais bruto, bem diferente do delicado serviço que realiza agora. Por problemas de saúde, ele precisou se afastar da profissão e foi aí que começou a confeccionar as cuias.

“Não pude mais trabalhar no serviço pesado. Eu tinha dois irmãos que faziam cuia, um em Porto Alegre e outro aqui. Aí eu falei: vou fazer isso. E eles riram de mim”, relembra. “Então comprei dez cuias e dez caixinhas de massa epóxi. Fiz aquelas dez e saí para vender. Como eu tinha saído da empresa, mas não fiquei inimigo do meu patrão, passei lá e ele comprou as dez. Aí voltei na loja e comprei mais 20 cuias, e assim fui indo”, relata. “Nunca fiz curso nenhum, só fui me atualizando com as tecnologias. Via meu irmão fazendo, aprendi vendo ele.”

Octacilio diz que ser dono do próprio negócio também exige que ele saiba lidar com as economias. “Aprendi a trabalhar com dinheiro. Administrar o dinheiro é assim: se eu vender dez cuias, eu posso gastar só o dinheiro de cinco. Eu não posso gastar o dinheiro das dez, cinco eu tenho que deixar para comprar de novo, e aí eu vou comprando e crescendo.”

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Com as novas tecnologias, o artesão foi se reinventando. Hoje, a massa que usa não contém amianto e não causa riscos à saúde. Além disso, as cuias que produz já contam com mais apetrechos, como bótons em metal, e nas vendas ele aceita pagamento por cartão e até Pix. “Se eu trabalhar o dia inteiro, faço umas 20 cuias, mas eu tenho outros afazeres também”, conta. Contudo, o gaúcho, além de fazer o objeto, também é um apreciador de chimarrão. “Tomo todos os dias, várias vezes por dia, de manhã, de tarde e de noite”, completa Octacilio.

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