O Dia dos Namorados, comemorado há poucos dias, com todo o romantismo ou faz de conta que a data desperta, além do grande movimento em restaurantes, floriculturas, motéis, clubes, comunidades, sites, lojas, etc., pode ser motivo, também, para lembrar que, às vezes, amar pode doer muito. Não apenas no coração, quando da ruptura indesejável e unilateral, por qualquer motivo, mas no bolso.
História radical
Tem aquela história que o autor Thomas J. Stanley descreve em seu livro A Mente Milionária. Um desses milionários que venceram na vida pelo próprio esforço justificou o rompimento de um relacionamento de mais de sete anos com uma mulher, simplesmente porque descobriu que sua amada tinha deliberadamente ocultada uma dívida de US$ 55 mil, nela incluídas cartões de crédito, financiamento de carro e crediário em lojas. O milionário ficou chocado com a descoberta pois a namorada nunca tinha mostrado qualquer sinal de que estivesse enfrentando problemas financeiros. Pelo contrário, sempre aparentava estar bem financeiramente: tinha um emprego que lhe pagava bem, um automóvel novo e roupas de griffe. Questionada, a namorada confessou que pretendia abrir o jogo sobre sua real situação financeira tão logo estivessem casados. Acreditava que o amor do marido por ela seria tão forte a ponto de ele não se importar em pagar suas dívidas. Só que não. Por precaução, o milionário tomou a decisão de, na próxima vez em que fosse se envolver mais seriamente com alguém, consultar antes se o nome da pessoa não consta em algum cadastro negativo.
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Riscos financeiros
O fato é que existem riscos financeiros no amor. Janaína Gimael, jornalista especializada em Economia, identificou situações que podem minar os relacionamentos e, em algum momento, apresentar problemas: 1º) comprometer-se financeiramente com os desejos do outro: gastar além das possibilidades, recorrendo eventualmente até a algum empréstimo para colocar algum silicone, usar roupas de grife, financiar a compra de um carro, etc., tudo para agradar, atender a um pedido ou, pior ainda, à exigência da pessoa amada; 2º) acompanhar a vida rica do outro sem ter condições: tirar do que não tem ou de economias guardadas para outras finalidades, como comprar um carro ou até um imóvel, só para acompanhar quem pode gastar sem se preocupar com o bolso; a pessoa deve avaliar friamente essa relação, colocando, no mínimo, um freio no que está fazendo, sob pena de perder não só o parceiro, mas também a sua tranquilidade financeira; se a pessoa mais folgada financeiramente gostar mesmo de quem tem menos, entenderá a situação; 3º) fazer compras a cada briga ou a cada ausência: querer castigar o parceiro, mandando ver no cartão de crédito é muito comum para sentir-se melhor, embora o vestido lindo da vitrine não vá resolver o problema de relacionamento; 4º) não ter objetivos comuns: nem todos os objetivos serão comuns, mas os maiores ou principais – a compra de um imóvel, uma viagem, etc. – devem ser.
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Além dos sentimentos
O exemplo do milionário, citado anteriormente, mostra bem essas questões de descompasso financeiro entre duas pessoas que se amam. O milionário, possivelmente, tomou uma decisão atípica, radical, que poderia ser considerada extremamente materialista. Afinal, quando duas pessoas estão pensando em ficar juntas para o melhor ou o pior, na saúde ou na doença, isso poderia pressupor que estão acima dessas ideias mesquinhas sobre quem pagará as contas e quanto custa, de fato, cuidar um do outro.
Embora os brasileiros considerem importante conhecer a situação financeira de seu companheiro ou companheira, conforme apurou uma pesquisa da Boa Vista SCPC, na prática, quase metade das pessoas não sabe se o CPF do parceiro ou da parceira está negativado. Além disso, uma em cada três pessoas em relacionamento estável não poupa para alcançar objetivos em comum com o parceiro. Então, se essas informações preliminares podem se constituir num problema, futuramente, é melhor avaliar antes de casar ou morar junto.
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Para evitar erros quando se está decidindo namorar, noivar, casar ou simplesmente morar junto com alguém, Aldo Novak aconselha adotar o Conceito do Complemento de Iguais. No artigo Casamento: como evitar o maior erro?, o palestrante, coach e autor de livros, dentre outras atividades, explica que existem dois tipos de pessoas: as tomadoras e as doadoras. Um tomador ou tomadora tenderá sempre a aumentar as cobranças, tornando-se um sugador de tempo, dedicação, energia, favores, amor e vida… do outro ou da outra. Enquanto isso, o doador ou doadora se tornará cada vez mais serviçal.
Sugestão
Por isso, Aldo sugere procurar alguém que seja doador ou doadora. E, claro, ser um doador ou doadora com essa pessoa. Se alguém está com um tomador ou tomadora, deve afastar-se enquanto é tempo. Para esses dois, o casamento ou morar junto só será feliz para o… tomador ou tomadora. Não adianta esperar ou querer mudar a outra pessoa. O tomador ou tomadora pode até reduzir seu ego por um tempo, não mais que dois anos. Mas, quando as coisas começarem a dar errado ou se tornarem mais difíceis para os dois, ele retomará seu papel de cobrador.
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