Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

falando em dinheiro

Francisco Teloeken: “Julho sem compras”

Foto: Agência Brasil

Em 29 de maio passado, o The New York Times publicou uma matéria, traduzida pelo Infomoney, sobre uma tendência que está se multiplicando nas redes sociais dos Estados Unidos. Trata-se do orçamento “sem gastos” de supérfluos em julho, em que as pessoas se comprometem a não fazer gastos discricionários durante um mês para economizar, pagar dívidas ou simplesmente controlar melhor as finanças. Como afirmou uma apresentadora do podcast “Happier”, “é um experimento divertido”. Em vez de ser algo doloroso, a pessoa consegue economizar ao eliminar itens não essenciais, transformando o processo num jogo, compartilhado com outros participantes do desafio.

A proposta trouxe também uma mudança cultural, com alguns americanos dispostos a falar abertamente sobre dinheiro – ou sobre a falta dele – e a adotar um consumo mais contido. Como diz uma diretora de gastos de empresa de tecnologia financeira, “Ser frugal era visto como ser pão duro; agora, é visto como ser inteligente”.      

LEIA TAMBÉM: Francisco Teloeken: “O fato é que existem riscos financeiros no amor”

Publicidade

Não está muito claro porque julho foi escolhido, ainda mais que, nos Estados Unidos, o mês é de férias, normalmente sujeito a maiores gastos, o que tornaria mais difícil ficar sem comprar. Parece que o interesse pelo “jejum financeiro” surge em um momento em que muitos americanos enfrentam incertezas financeiras, comprovadas com a primeira redução da economia, desde 2022; pelos débitos inadimplentes de empréstimos estudantis e pagamentos em atraso dos cartões de crédito. Como diz uma planejadora financeira, as pessoas estão se perguntando: como posso economizar dinheiro? O que posso controlar?

De acordo com Anamaria Lussardi, diretora da Iniciativa para Tomada de Decisões Financeiras da Universidade de Stanford, “O mês de julho me parece uma má escolha. É mais difícil conseguir privar-se de alguma coisa num período de férias. Além disso, algumas famílias com filhos podem começar as compras da volta às aulas, próprias para gastar muito”.

LEIA TAMBÉM: Francisco Teloeken: “Os riscos de buscar conselhos financeiros nas redes sociais”

Publicidade

Já alguns planejadores financeiros acham que analisar hábitos financeiros no verão pode fazer sentido. Se alguém definiu metas financeiras em janeiro, é recomendável revisá-las em julho para avaliar o estágio de realizações ou, pelo menos, saber se está no caminho certo.

Um período sem fazer compras pode proporcionar vários aprendizados:

  • 1) liberar tempo que antes era gasto com pesquisa de produtos e preços para outras coisas;
  • 2) ajudar a ser mais criativo na utilização de itens que já tem em casa;
  • 3) ser mais consciente sobre os gastos.

São desconhecidas pesquisas que mostrem se cortar gastos por um curto período pode melhorar as finanças de alguém no médio ou longo prazo. De acordo com James Choi, professor de finanças da Yale School of Managment, “assim como nas dietas, mudanças sustentadas de estilo de vida são necessárias para realmente mudar a situação financeira no longo prazo”. Numa dieta, privar-se demais de comida durante algum tempo pode levar alguém a comer demais em excesso depois; um jejum de consumo pode ser seguido por um surto de compras. Sem contar, ainda, que, sabendo que vai entrar no mês de julho sem comprar, pode antecipar-se e gastar mais em junho. Sem um plano de consumo sustentável, o desafio de um mês fica mais difícil.

Publicidade

Como os brasileiros tem o costume de copiar os americanos, embora nem sempre o que é bom para os Estados Unidos também o é para o Brasil, provavelmente vai aparecer algum influencer para sugerir o mês sem compras por aqui. Certamente, não em julho, um mês de muito frio, ainda mais como neste ano, e que obriga a adquirir produtos de inverno de custos mais altos, como roupas quentes, aquecedores, vinhos etc.

LEIA TAMBÉM: Francisco Teloeken: “O dinheiro acabou antes do fim do mês?”

A ideia do “Julho sem compras” é limitar qualquer gasto além do básico, como aluguel, prestações, supermercado, transporte. Não há regras rígidas e cada um pode decidir por conta própria o mês e do que vai abrir mão como supérfluo. Gloria Garcia Cisneros, planejadora financeira certificada em Los Angeles, diz que o importante é que esse período sem compras seja utilizado para aumentar a consciência financeira, perguntando-se: Para onde está indo meu dinheiro? Está indo para coisas que realmente importam para mim? Para onde ele deveria ir?

Publicidade

É claro que para quem já vive com o orçamento apertado, gastando com o meramente necessário, pode ser difícil ou impossível entrar de cabeça num mês sem compras. A sugestão, então, é aproveitar a ideia e considerar um período mais curto – uma semana, por exemplo – ou, então, em vez de nenhuma compra, tentar “menos compras”. Outra tática é, simplesmente, anotar o item ou itens que gostaria de comprar e, em agosto, revisar a lista e verificar se ainda quer algum daqueles itens relacionados.  

LEIA MAIS TEXTOS DE FRANCISCO TELOEKEN

QUER RECEBER NOTÍCIAS DE SANTA CRUZ DO SUL E REGIÃO NO SEU CELULAR? ENTRE NO NOSSO NOVO CANAL DO WHATSAPP CLICANDO AQUI 📲. AINDA NÃO É ASSINANTE GAZETA? CLIQUE AQUI E FAÇA AGORA!

Publicidade

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.