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JOSÉ ALBERTO WENZEL

A corticeira e os 12 em Linha Saraiva

Se for um dia bonito, melhor. Desses de sol, enfeitados de primavera. Pode ser, todavia, qualquer tarde. Sugiro um sábado. Sábados costumam ser convidativos para passeios. Escolhido o dia, tome a estrada para Linha Saraiva. Vá ao ritmo da natureza. Aprecie a paisagem. Há muito a ver. Passe por Linha Santa Cruz, siga por Monte Alverne e alcance Linha Saraiva. São menos de quarenta quilômetros.

Lá chegando, dobre à direita e atravesse o Arroio Castelhano, que, nesta época, deveria se chamar Rio Castelhano. Antes, dê um tempo. Junto à ponte, observe as águas avolumadas que se lançam vigorosas por entre os blocos de rocha, que não dificultam o fluxo, apenas o abrilhantam.

Atravessada a ponte sobre o Castelhano, siga à esquerda. Não estás longe. É só um trecho curto. Uma rampa à esquerda, não tão íngreme assim, dá acesso à residência da família Regner. Peça licença a dona Roseane e seu Valdemiro, proprietários da terra.

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Se achares oportuno, diga que, ao leres esta coluna, ficaste sabendo que entre a casa de moradia da família e o Castelhano existe um antigo cemitério. Acrescente que a curiosidade histórica te trouxe até ali. O casal, gentil como são as pessoas que lidam com a terra em nosso interior, por certo te acompanhará. Passarão pelo lado esquerdo da moradia, contornarão uma lavoura de tabaco, e chegarão a um bosque que abriga túmulos circundados por blocos de arenito em desenho retangular.

Antes de ler as inscrições nas lápides, tornadas ainda mais veneráveis pelo tempo, faça do silêncio junto à corticeira, que vela pelos que ali descansam, o seu momento. Reflita sobre o que vale de fato a pena. A corticeira vai te ajudar. Ela sabe da vida mais do que se aprende em algumas dezenas de anos. Também os blocos de arenito se farão solícitos. Conhecem histórias ainda mais antigas.

Estenda seu fervor contemplativo aos ali sepultados, ao Arroio Castelhano e seu entorno. Afague as sepulturas. Reverencie a corticeira. Abrace o casal e retorne. Se ainda der tempo, siga até a propriedade de Asta e Astor Selzler. Eles lhe contarão vivências de Saraiva em Santa Cruz e Saraiva em Venâncio Aires, onde residem. Sua paixão são as “Kombis”. Já tiveram 11. Hoje, mantêm uma do último modelo que saiu de fábrica. Dona Asta vai te oferecer água da cacimba, e Astor não duvidará em te contar o que sabe sobre o cemitério incrustado num bosque, onde habitam pessoas que nasceram em 1857, 1864, 1885, 1889…

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Ao retornar, siga devagar. A pressa pode fazer esquecer que uma corticeira zela por no mínimo 12 túmulos que seguem vivos por entre a vegetação nativa. Talvez venham a falecer quando a corticeira tombar.

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