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LUTO NO ESPORTE

Atletas recordam o professor Peçanha, falecido nessa quinta-feira

Foto: Rodrigo Assmann/Banco de Imagens

Peçanha em 2012

Santa Cruz do Sul se despediu nessa quinta-feira, 17, de Jorge Fernando Verri Peçanha, ícone do atletismo local por ter sido um dos precursores da modalidade no município, com um longo trabalho como treinador pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).

Aos 67 anos, ele estava internado no Hospital Santa Cruz. Diagnosticado há sete dias com Covid-19, o professor Peçanha, como era carinhosamente chamado, sofria do mal de Alzheimer nos últimos anos. Ao lado da esposa Maria Cristina, criou três filhos: Juliano, Fabiano e Luciano.

Com a hospitalização do pai no Hospital Santa Cruz, Fabiano cancelou a sua participação como treinador da seleção brasileira no Sul-Americano Indoor, na Bolívia, para ficar ao lado da família. “Meu pai e grande mestre Jorge Peçanha cumpriu seu ciclo e descansou. Obrigado por tudo e por tanto que representou em minha vida. Nenhum ser humano é imortal, mas alguns são eternos. Você é um deles”, escreveu Fabiano no Instagram.

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“Ele deixou muitas marcas”, destaca Fabiano

Fabiano Peçanha construiu uma carreira de 24 anos no atletismo, com resultados de destaque nos dez anos em que representou a seleção brasileira. Atingir o alto rendimento exigiu esforço e dedicação, sempre com o auxílio do pai Jorge.

Fabiano conquistou as medalhas de bronze nos 800 metros dos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo 2003 e Rio de Janeiro 2007, esteve nas semifinais dos 800 metros nos Jogos Olímpicos de Beijing 2008 e Londres 2012, e ainda conquistou uma medalha de ouro na Universíade 2005 em Izmir, na Turquia. Além disso, obteve diversos títulos em competições estaduais, regionais, nacionais e sul-americanas.

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Na última terça-feira, ele falou em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9 sobre a trajetória do pai, respeitado em todo o Brasil pelo legado no atletismo. “Ele é uma figura importante, impactante e lembrada pelos resultados e transformações fortes que promoveu. No Estado, nem se fala.”

Após anunciar a aposentadoria, Fabiano seguiu os passos do pai para tornar-se treinador. “Tive ele comigo a minha carreira inteira, e muito da metodologia que aplico hoje nos atletas foi a que aprendi com ele”, disse. A primeira convocação como técnico da seleção brasileira foi dedicada ao pai.

Por meio da Associação Medalha de Ouro (AMO), Fabiano orienta novos talentos em busca de sucesso no esporte. A teutoniense Jaqueline Beatriz Weber, de 26 anos, é um exemplo disso. Destaque no cenário nacional e sul-americano, ela busca uma vaga nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Jaqueline foi convidada por Jorge Peçanha para morar em Santa Cruz aos 14 anos. Após se formar no Ensino Médio, ela recusou outras propostas e começou a treinar com o professor. “Além do trabalho consolidado da família Peçanha, Santa Cruz é uma cidade parecida com a minha, de cultura germânica. Ele me recebeu de braços abertos, foi um segundo pai”, sublinha a atleta.

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Jaque recorda que ambos tomavam café depois dos treinos. Ela ajudava o treinador na compra de aparelhos como computador e celular. Frequentavam jogos de basquete e futebol. “Ele tinha o feeling, incentivava e sabia como extrair o melhor. Fazia a gente acreditar sempre.”

A humanidade como característica

Jaque Weber recorda que o professor Jorge ajudou muitas pessoas. Em alguns casos, percorria longas distâncias de carro ainda na madrugada para levar atletas aos treinos, pagava custos de competições do próprio bolso. “Ele foi uma grande pessoa, não media esforços para que os jovens atletas pudessem manter os seus sonhos. É uma grande perda. Fez muito por muita gente”, comenta a atleta que está em Cochabamba, na Bolívia, para a disputa das provas de 800 metros e 1,5 mil metros no Sul-Americano Indoor.

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Juliano Kommer, de 29 anos, também teve Jorge Peçanha como primeiro treinador, em 2010, quando foi aprovado por ele após um teste. “Eu vim morar em Santa Cruz e ele me deu todo o apoio e suporte. Foi como um pai. Muito do que sou hoje, eu devo a ele e aos familiares. Fizeram diferença na minha vida pessoal e profissional”, relata. Em 2019, a 2ª Meia Maratona de Santa Cruz do Sul, promovida pela Gazeta Grupo de Comunicações, homenageou Jorge Peçanha dando seu nome ao troféu para o vencedor. Kommer ganhou com 1h14min48. “Me dediquei muito. Era questão de honra ter o troféu.”

Reconhecido pelos serviços prestados

A atleta Sabine Letícia Heitling, de 34 anos, medalha de ouro no Pan-Americano Rio 2007 e bronze no Pan-Americano de Guadalajara 2011 nos 3 mil metros com obstáculos, também recorda com carinho do professor Peçanha. “Ele tinha um coração gigante e um abraço que chegava a todos. No primeiro dia em que nos vimos, me fez levantar da calçada onde eu estava sentada, cansada após uma corrida. Ele chegou e disse: ‘Campeã sempre está de pé’”, relembra.

Desde então, ambos trilharam o mesmo caminho em direção às vitórias. “Sempre nos ensinava que o importante é amar o que se faz e fazer de corpo e alma. Só tenho a agradecer. Sempre que pude, eu o agradeci. Sem dúvidas, era meu segundo pai. Ficará para sempre nos nossos corações.” O ijuiense Filipe Matter Cargnelutti, de 30 anos, foi outro atleta treinado por Jorge. “Ele foi muito importante para mim, sempre acreditou no meu potencial. Um grande mestre. Fico grato pelo que fez por mim. Até hoje sigo seus ensinamentos”, frisa. Na última Corrida de São Silvestre, Filipe encerrou na 27ª colocação.

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O envolvimento de Peçanha com o atletismo surgiu no serviço militar. Além de praticar futebol, em Santo Ângelo e Cruz Alta, e basquete, em Cruz Alta e Santa Maria, em 1982, ele foi medalhista de ouro no atletismo nas Olimpíadas do Exército. O trabalho como formador de atletas teve início em 1985, quando a família se mudou de Cruz Alta para Panambi e Peçanha passou a atuar como professor de Educação Física numa escola do município. A história em Santa Cruz começou a ser escrita em 1999, quando a família veio para a cidade porque o jovem Juliano passara no vestibular da Unisc.

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