Todos conhecemos o Cinturão Verde como o sofrido território da vegetação que contorna o centro da cidade. Todavia, se importante como corredor ecológico, identificado por seu tom esverdeado, ele tem as demais cores da hidrogeobiodiversidade, característica de nossa biodiversa borda da Serra Geral. Borda que revela a riqueza em águas que brotam, preponderantemente, do contato entre os arenitos originários das antigas dunas jurássicas, com as argilas siltosas, testemunhas do ambiente flúvio lacustre do Triássico, reino dos grandes sáurios que povoam nossa imaginação e que, de fato, foram fantásticos.
Ao observarmos a drenagem, encontramos ao sul a sub-bacia hidrográfica urbana do Arroio das Pedras; ao centro a do Arroio Jucuri, da Gruta e Sanga Preta e ao norte a sub-bacia do Arroio Lajeado. Cada sub-bacia é formada por seu fluxo principal e por seus contribuintes, compondo uma esplêndida rede hidrográfica. Rede que se manifesta nos arroios, sangas e lajeados, nas fontes e também nas águas de subsuperfície. Fontes, entre tantas outras, como a da Chácara das Freiras, do Parque da Gruta e do antigo Sanatório Kaempf. Fontes históricas que, por largo tempo, abasteceram a cidade e seguem nos prodigalizando com suas águas de valor inestimável.
Todavia, para haver água é preciso que as áreas de surgência e de infiltração sejam preservadas, com o que mais uma razão se impõe para que se recupere e preserve o Cinturão Verde. Eis aqui um fator importante: a infiltração acontece também em frações de áreas consideradas planas, ou menos dobradas, com o que precisamos ir além da preservação das frações tipificadas como áreas de preservação permanente, as APPs. Cada metro quadrado construído, coberto com concreto ou impermeabilizado de uma ou outra forma, é um metro a menos para a infiltração das águas. Com a diminuição da infiltração das águas as fontes diminuem, as secas aumentam, ao tempo em que as enxurradas e deslizamentos tendem a ser acelerados. Sim, temos muito a repensar e realizar, a começar pelo respeito e reverência às áreas de infiltração e surgências.
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Oportuniza-se considerar o princípio da precaução que, em boa medida, foi expresso pelo Papa Francisco na Encíclica Laudato Si, no capítulo que trata do Diálogo e Transparência nos Processos Decisórios: “É preciso abandonar a ideia de ‘intervenções’ sobre o meio ambiente, para dar lugar a políticas pensadas e debatidas por toda as partes interessadas. A participação requer que todos sejam adequadamente informados sobre os vários aspectos e os diferentes riscos e possibilidades, e não se reduza à decisão inicial sobre um projeto, mas implique também ações de controle ou monitoramento constante. É necessário haver sinceridade e verdade nas discussões científicas e políticas, sem se limitar a considerar o que é permitido ou não pela legislação.” (2025, p. 111)
Assim, ou respeitamos as áreas ambientalmente sensíveis ou não teremos aprendido nada com as recentes tragédias.
Com a revisão do Plano Diretor, teremos uma grande e valiosa oportunidade de acentuar o caráter e os instrumentos que promovam a recuperação e preservação ambiental, até porque os conceitos e ações de desenvolvimento são antes de tudo preservacionistas.
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SICREDI VALE DO RIO PARDO
Ao adquirir a área que abrigou o Sanatório Kaempf, o SISTEMA COOPERATIVO, A MEMÓRIA, A NATUREZA E O FUTURO se aliam em PROMISSORA e PEDAGÓGICA ALIANÇA SOCIOAMBIENTAL.
LUTZENBERGER + 23
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Às 10h50 horas do dia 14 de maio de 2002 seguia em frente José Antônio Lutzenberger, cuja memória e cujos ensinamentos continuam vivos.
REUNIÃO DO CONSELHO SOCIOAMBIENTAL
Neste mesmo dia 14, às 16 horas, na sala de reuniões da Secretaria do Planejamento, teremos a 14ª reunião pública do Conselho de Gestão Socioambiental. Participarão o secretário Vanir Ramos de Azevedo e sua equipe para tratar do Cinturão Verde no contexto do atual plano Diretor.
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