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JOSÉ ALBERTO WENZEL

Cinturão, território cultural

Cinturão verde

O que é mesmo o Cinturão Verde de Santa Cruz do Sul? Eis a pergunta que muitas pessoas devem estar se fazendo nesta semana dedicada ao Meio Ambiente. Nossa primeira visão costuma ser territorial. De pronto, mesmo sem encontrar os sumidos 145 marcos que delimitam os 463,79 hectares, ou os 1.028,12 da poligonal expandida e ainda fisicamente não demarcada, nosso olhar se detém no contorno verde que emoldura a cidade, ou melhor, que se espreme entre a cidade e ela mesma.

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Podemos esticar o olhar para diferentes tempos: dos nativos que ali circulavam, de travessia rumo aos campos de “Cima da Serra”, das chácaras que abasteciam a cidade, da instalação das hidráulicas e pedreiras, ou da expansão urbanizadora em curso. Contudo, à territorialidade há que se acrescentar o conhecimento que foi sendo desenvolvido nos diferentes períodos. Sem pretensões rigidamente cíclicas, podemos dizer que ao tempo da circulação nativa preponderava a compreensão da floresta enquanto “habitat” de muitos “nichos”, onde a água, o ar, a flora, a fauna, as rochas não se limitavam a lugares mas a coexistências vitais nutridas por espíritos atentos. Adiante, foi acentuada a competência topográfica, pois a encosta seria ultrapassada através de acessos carroçáveis.

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Viria o empenho laboral onde a “mata e seus mistérios precisariam ser vencidos”. Logo, o conhecimento se voltaria para o uso das águas e da mineração de argila, basalto e arenito. Recentemente, já durante a fase urbanizadora e de pesquisa, aconteceu a demarcação do Cinturão Verde. Assim, no dia 26 de maio de 1994, através do Decreto nº 4.117, o prefeito Edmar Hermany determinou a delimitação física do Cinturão Verde. Muitos contribuíram nesse processo, como o promotor público Roberto Paganella, os secretários Emílio Hoeltgebaum (Agricultura), Ervino Höltz (Saúde), Mário Ghiel (Planejamento), o engº civil Paulo Cezar Schmaedecke (Dema) e o engenheiro florestal Fernando Schwanke. O agrimensor Nilo Lídio da Silveira (CREA 61.074) assinou a planta resultante da demarcação realizada numa parceria entre a KS Redes Elétricas e Terra Topografia. É também de 1994 o Decreto nº 4.037, assinado em janeiro daquele ano pelo vice-prefeito em exercício Roque Dick, que tratou dos estudos sobre zonas de escorregamentos de Grehs e Wenzel. Referências que permaneceram nos planos diretores.

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Os acontecimentos de 1994, seus antecedentes (como o 02/L/93 (Wenzel) de fevereiro de 1993, acompanhado de planta demarcatória) e desdobramentos encontram-se descritos na obra Cinturão Verde, e agora?, que pode ser acessada gratuitamente no Portal da Editora Gazeta. Livro que pretendemos atualizar e ampliar, até para fazer jus à atuação continuada da Câmara de Vereadores, Executivo, Ministério Público, imprensa, educandários, empresas, proprietários, moradores, associações, conselhos, ONGs, movimentos, pesquisadores e ativistas ambientais.

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Exercitada esta rápida “visão temporal” pelo Cinturão Verde, podemos responder à pergunta inicial: ao privilegiado território de uso restrito, onde o sofrido ecossistema em fluxo insiste em sobreviver, se agrega um saber memorizado que faz do Cinturão Verde nossa própria história e, sobretudo, essencializa o futuro que nos é comum. O Cinturão fala e comunica; alerta e profetiza; revela e desnuda; ativa e impulsiona; sofre com a degradação e desconfia; porém, espera que tenhamos a sabedoria ambiental de entendê-lo como imprescindível e assim agir. Talvez não seja por acaso que o desenho do Cinturão Verde espelhe um grande ponto de interrogação. Destruir o Cinturão Verde equivale a nos destruir!

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