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ORIZICULTURA

Clima coloca em xeque a expectativa dos produtores de arroz

Foto: Alencar da Rosa

As águas de março vieram para anunciar o encerramento do verão, mas não chegam a amenizar os danos causados pela estiagem, em especial entre dezembro e janeiro. Alguns produtores podem perceber recuperação nas lavouras, o que não é o caso dos orizicultores. Quem semeia arroz viu a planta sofrer no seu período de desenvolvimento, não possibilitando a formação de grãos que pudesse garantir, pelo menos, a manutenção da safra passada. A tendência é de queda.

Engenheiro agrônomo e dirigente do Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) Candelária do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), José Andrade calcula que 8% da área já foi colhida, mantendo produtividade entre cem e 160 sacas por hectare. A menor média, afirma, representa prejuízo para o produtor; e a maior garante resultado capaz, apenas, de manter a propriedade, sobretudo se for levado em consideração o fato de que o valor está entre R$ 75,00 e R$ 80,00 na saca do grão com classificação premium. No ano passado, foi comercializado a cerca de R$ 90,00.

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“Mesmo sendo conseguida uma produtividade boa até agora, a tendência é que não se mantenha, porque ainda será feita a colheita em áreas mais danificadas pela estiagem e pelos efeitos da redução na aplicação de fertilizantes, devido ao alto custo do insumo”, explica. Andrade acredita que cerca de 30% da lavoura está em maturação e deve ser colhida até o fim do mês. Em abril deve chegar a 80%, concluindo em maio, mesmo com a freada na última semana, devido à ocorrência de chuva.

Colheita continua na região, com estimativa de produção inferior à de anos anteriores | Foto: Alencar da Rosa

O mercado e as dificuldades

O produto da safra, que está com qualidade variada, também em decorrência da falta de precipitação em momentos cruciais do desenvolvimento da planta, deve ser destinado ao mercado interno, haja vista a quebra da produção. O Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 70% do que é consumido no Brasil.

Assim que é retirado da lavoura, o grão passa pelo processo de secagem a fogo ou por meio de aeração, sem a necessidade do mecanismo que faz a força. Dessa forma, deve ficar nos silos entre 30 e 90 dias, para depois seguir seu destino, que pode ser cooperativas locais ou até mesmo de outros estados, onde são embalados e direcionados para a comercialização.

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“Produtores da Região Sul, que estão mais próximos do Porto de Rio Grande, encaminham parte das colheitas por navios a outros estados brasileiros, ou mesmo para o exterior”, reforça o engenheiro agrônomo José Andrade. O Brasil exporta o cereal para 60 países.

O 7º Boletim do Irga Sobre a Estiagem, publicado na última semana, dá conta de que a produtividade está entre 5% e 10% abaixo do apurado em 2021. “A estimativa é de que 3.850 hectares de lavoura tenham sido abandonados, mas o número poderia ser ainda maior, caso não houvesse a recuperação hídrica”, destaca o documento, que relata no RS perda total por abandono em mais de 40 mil hectares.

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A dificuldade é percebida na região. Produtor de Linha Seival, entre Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires, Marcelo Aloísio Rabuske é um exemplo de quem viu a lavoura sofrer. Agora, está na expectativa do retorno dos seguros, por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura (Pronaf) ou privado, que devem avaliar os prejuízos. Acredita que a chuva de agora, pois ainda não fez a colheita, possa representar o rebrote, mas adianta que esse produto é de produtividade inferior. “O custo foi muito alto, porque temos que puxar água com equipamentos a diesel, que está a quase R$ 7,00 o litro”, lamenta.

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Na área de Rio Pardo, colheita chega a 30%

O Nate do Irga com sede em Rio Pardo, que também atende Pantano Grande e Passo do Sobrado, apura que a colheita já chegou a 30% dos 13,1 mil hectares semeados. O melhor desempenho é de Pantano Grande, que supera os 42%. Nas primeiras áreas, conta o engenheiro agrônomo Ricardo Tatsch, a produtividade tem apresentado leve queda, no comparativo com ano anterior.

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“O rendimento de inteiros, no entanto, está inferior, em média entre dois e três pontos percentuais, devido às altas temperaturas no período reprodutivo”, destaca. A tendência é que, ao chegar na área em que se registrou mais falta de água, a produtividade piore, assim como a qualidade dos grãos.

O preço, para preocupação dos orizicultores, está girando entre R$ 72,00 e R$ 74,00 a saca, bem inferior à safra passada, que foi comercializada a R$ 95,00. E agora há um inconveniente a mais: o aumento do custo de produção. A expectativa, conta Tatsch, era bem em sentido contrário, porque muitos produtores conseguiram semear o arroz no cedo, o que garante melhores resultados. A estiagem, porém, inviabilizou. O Nate projeta para o final de abril chegar a 95% da área colhida.

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