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FALANDO EM DINHEIRO

Como usar de forma responsável o cartão de crédito e evitar dívidas

Foto: Karolina Grabowska/Pexels

É raro encontrar alguém que não tenha, pelo menos, um cartão de crédito na carteira, quando não dois ou até mais. Não demorou muito para que muitos desses usuários passassem a enfrentar um desafio repetitivo com data marcada: o dia do vencimento da fatura do cartão de crédito. No primeiro mês, para muitas pessoas a solução foi utilizar a possibilidade do pagamento mínimo, já previsto na própria fatura. Mas, no mês seguinte, além das compras normais, a fatura vem aumentada com o saldo anterior além dos juros do crédito rotativo, os mais caros do mercado. Está se criando uma bola de neve.

A partir de 3 de abril de 2017, por determinação do Conselho Monetário Nacional (CMN), os bancos só podem permitir o pagamento de mínimo da fatura do cartão de crédito uma vez; 30 dias depois, se o consumidor não conseguir pagar a fatura vencida, o banco é obrigado a oferecer uma linha de crédito que financie o saldo devedor com juros menores do que os do rotativo. Essa regra foi criada com o objetivo de reduzir os juros e evitar o superendividamento.

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O que parece ser uma solução – parcelar o pagamento da fatura – pode ser o início de um grande problema. Reinaldo Domingos, criador da DSOP Educação Financeira e presidente da Abefin (Associação brasileira de educadores financeiros), além de outras iniciativas e atividades, num recente vídeo do Dinheiro à vista, mostrou que uma fatura real de cartão de crédito, no valor de R$ 4.604,92, já oferecia a possibilidade de pagar o valor em 24 parcelas de R$ 285,88, totalizando R$ 6.861,12. Os juros embutidos na operação são de 3,63% ao mês, bem menores que os do rotativo que podem ser por volta de 10% ao mês. Mesmo assim, no final do prazo o consumidor terá pago a metade do que devia em juros.

Para quem estivesse sem o dinheiro para pagar o total da fatura, no vencimento, seria um alívio porque, afinal, pagaria apenas R$ 285,88 naquele mês. O problema é que essa prestação vai ser incluída na fatura dos próximos 23 meses, somando-se às compras normais do mês.

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Apesar das mudanças promovidas pelo CMN, há mais de sete anos, dos alertas e recomendações de especialistas, os consumidores brasileiros ainda desconhecem o uso do rotativo do cartão de crédito como uma prática que leva ao endividamento. Muitos deles não se reconhecem como endividados. É provável que muitas pessoas entrem no parcelamento sem se dar conta disso.

Os elevados níveis de dívidas e até inadimplência (quando o consumidor não consegue pagar) mostram que esse tipo de facilidade está sendo usado de forma errada pelos consumidores. Daí o fato de o cartão de crédito ser o campeão nacional das dívidas dos brasileiros.

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Inutilizar o cartão ou colocá-lo no freezer para dificultar o seu uso evita novas dívidas, mas não resolve o problema de quem está com fatura vencida ou até inadimplente. Reinaldo Domingos, citado anteriormente, no vídeo Dívida do Cartão de Crédito, postado no canal do YouTube Dinheiro à vista, propõe 5 passos para superar dívidas com o cartão de crédito:

  • 1º – Fazer a lição de casa: saber quanto ganha e quanto/em que/como gasta. A recomendação é fazer um diagnóstico da situação financeira, anotando durante 30 ou até 60 dias todas as despesas efetuadas, mesmo não sendo pagas à vista;
  • 2º – Ajustar os gastos, reduzindo, substituindo e eliminando despesas. Neste passo, é fundamental a participação de todos os familiares, o que inclui todas as pessoas que participam do núcleo familiar;
  • 3º – Procurar alternativas para liquidar o débito: crédito mais barato no sistema financeiro ou empréstimos com terceiros;
  • 4º – Se não conseguir fontes alternativas de financiamento: é o momento de enfrentar o problema, procurando os credores para deixar claro que “devo, não nego, pago quando puder”. É claro que essa postura vai ter consequências, como a negativação do nome em algum órgão de proteção de crédito;
  • 5º – Planejar estratégias para enfrentar a dívida: verificar o risco de ser recolhido seu automóvel ou outro bem. No caso de oferta de acordos por credores, não ter medo de propor contrapropostas que, nas negociações, tem reduzido o valor da dívida.

Além de facilitar os pagamentos, inclusive em várias parcelas – o que não deixa de ser um perigo, quando somado a outras prestações – e dispensar o uso de maior quantidade dinheiro, o cartão de crédito permite maior controle sobre os gastos e melhor gestão do orçamento, proporcionando também ganhos secundários, como programas de recompensas ou milhagens. Mas, é preciso saber que o cartão de crédito:

  • 1º – É apenas uma ferramenta ou um meio de pagamento;
  • 2º – Depende de organização e bom senso;
  • 3º – Requer controle rígido do orçamento.

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Em contrapartida, os usuários do cartão de crédito precisam observar alguns cuidados:

  1. Estabelecer seu próprio limite: não usar mais de 50% da renda líquida mensal, mesmo que o limite disponibilizado pelo banco seja maior;
  2. Conhecer as melhores datas para fazer compras, de acordo com o vencimento da fatura;
  3. Limitar em 3 o número de parcelas e registrar o valor de cada uma na planilha dos meses seguintes, evitando “surpresas” de débitos;
  4. Cuidar da senha e das compras em sites da internet;
  5. Jamais emprestar seu cartão.

Então, antes de mandar ver e usar o cartão de crédito na hora de pagar por alguma compra, afinal a sensação psicológica é diferente se tivesse que tirar dinheiro do bolso, é bom usar a cabeça no que uma boa educação financeira pode ajudar. Se não se sentir seguro de usar o cartão de crédito com parcimônia, talvez seja o caso de quebrá-lo antes que ele o “quebre” financeiramente.

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