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ESTRUTURA

Velhos problemas impedem retorno na Escola José Mânica

Foto: Alencar da Rosa

O desnível da porta em relação ao piso é resultado da falta de reparos na estrutura e denuncia o estado avançado de deterioração

Como se não bastassem todos os transtornos enfrentados pela comunidade da Escola José Mânica há mais de oito anos, o possível retorno das aulas da rede estadual, nesta quarta-feira, 21, trouxe mais um problema: cumprindo todos os protocolos de distanciamento exigidos pelo governo do Estado, não há espaço suficiente para acomodar os cerca de 230 estudantes que pretendem retornar ao ensino presencial. Além disso, falta lugar para colocar todas as mesas e cadeiras que precisariam ser retiradas das salas de aula, já que a escola não possui ginásio ou quadra coberta.

Segundo a diretora da instituição, Daiane Lopes, um ofício foi encaminhado à 6ª Coordenadoria Regional de Educação (6ª CRE) no dia 16 de setembro, mostrando toda a situação da escola e os problemas específicos que impedem o cumprimento integral dos protocolos de distanciamento e higiene em um eventual retorno presencial dos estudantes. O documento foi então encaminhado à Secretaria Estadual da Educação e segue em análise. Até o momento, a única definição é que as aulas não voltam nesta quarta, conforme o calendário proposto pelo Estado.

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Daiane: nos dias chuvosos as goteiras das salas impedem o distanciamento dos alunos

A José Mânica conta atualmente com 497 alunos matriculados e, destes, 230 pretendem voltar, de acordo com pesquisa feita pela direção junto às famílias. Com apenas três salas de maior dimensão no prédio original, de alvenaria, e outras dez modulares, construídas provisoriamente, a capacidade torna a retomada inviável, caso todas as determinações sejam cumpridas. Nas salas maiores, obedecendo a limitação de 50%, seriam 15 alunos por turno, enquanto nas modulares a capacidade é de apenas seis. No total, a quantidade não poderia ser maior do que 105 estudantes por turno.

Outro problema apontado pela diretora é o espaço físico. Para cumprir as normas, é necessária a retirada das mesas e cadeiras não utilizadas nas salas, que não teriam onde ser guardadas. “O único espaço que temos são os corredores, e neles temos de fazer o fluxo de entrada e saída, que é todo controlado pelo plano de contingência. Se colocarmos nos corredores, esse fluxo fica comprometido. Não temos ginásio e nem quadra coberta, e também não podemos deixar na rua”, lamenta Daiane.

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No prédio provisório, de paredes modulares de gesso, calor é intenso e cada sala comporta só seis alunos, respeitando o distanciamento


Más condições são antigas e estão piorando

O antigo prédio da Escola José Mânica sucumbiu à falta de reparos e foi demolido em 2012, restando apenas um segundo prédio de alvenaria, que hoje abriga três salas de aula, uma sala de jogos e reuniões, biblioteca, laboratório de informática, banheiros e toda a parte administrativa.

Sem a devida manutenção, a edificação já apresenta os mesmos problemas da antiga, como rachaduras, infiltração de água e desníveis no piso. Com a movimentação do solo, as paredes também se movem, quebrando vidros e impedindo o funcionamento correto de portas e janelas.

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Em 2013, para possibilitar o início do ano letivo, o governo do Estado construiu um novo prédio, com salas modulares de gesso acartonado. O projeto tinha um caráter provisório, com prazo de validade de quatro anos, enquanto deveria ter ocorrido a construção do novo prédio. Entretanto, passados mais de sete anos, a estrutura ainda é utilizada pelos alunos, nenhuma obra foi iniciada na escola e nem há prazo para que comece.

“As salas de gesso apresentam muitos problemas e um deles são as goteiras. As salas do centro têm goteiras e, numa situação normal, as professoras já tinham de aglomerar os alunos no fundo da sala. Agora com a pandemia, considerando um metro e meio de distanciamento, vamos colocar onde essas crianças em caso de chuva?”, pergunta Daiane.

Outro problema ainda sem solução diz respeito à higienização dos ambientes. As paredes de gesso não podem ser lavadas, conforme recomenda o protocolo e, segundo a diretora, o estado de deterioração é tão elevado que nem mesmo um pano úmido pode ser passado. Além disso, o calor no interior das salas de aula é intenso nos dias quentes e é agravado quando os aparelhos de ar-condicionado apresentam problemas e não podem ser utilizados. A escola não possui ventiladores.

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Refeitório

Já não fosse tudo isso transtorno suficiente, há ainda a questão do refeitório, que também foi montado num esquema modular e revestido com PVC nas paredes. O espaço para os alunos é pequeno e conta na maioria das mesas apenas com bancos, dificultando a delimitação dos espaços.

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A cozinha foi acomodada dentro de poucos metros quadrados, impossibilitando também o distanciamento entre as merendeiras e oferecendo risco, já que o material das paredes é altamente inflamável. “O forno não podemos utilizar, e usamos o fogão com muito medo”, relata a diretora. Até mesmo a Vigilância Sanitária já solicitou a troca do material das paredes, que depende do Estado.

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