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Dallas, Texas (EUA) Parte 3: vaqueiros, conspiração e mistério

A Praça Dealey e, à esquerda, o prédio no qual Lee Oswald teria se escondido

Cerca de 400 km ao norte de Houston, a metrópole Dallas-Fort Worth é outro exemplo da pujança texana. Fort Worth é uma cidade simpática e agradável, com arquitetura, museus e grandes rodeios que remetem à sua origem, como ponto avançado do comércio de gado e algodão no século 19. O ambiente de antigos ranchos e os chapéus de vaqueiro por toda a parte – incluindo a polícia local – ajudam a entender algumas leis estaduais que, apesar de soarem bizarras, ainda não foram revogadas.

Para citar alguns exemplos, no Texas é ilegal ordenhar uma vaca de outra pessoa; para cavalgar à noite é obrigatório o uso de luzes traseiras na montaria; uma pessoa é considerada legalmente casada se os noivos anunciarem a união por três vezes em público; e, finalmente, quem tiver a intenção de cometer um crime deve avisar a vítima com 24 horas de antecedência. Adjacente a Fort Worth, Dallas viu sua economia decolar graças, principalmente, ao petróleo e, apesar de ter várias atrações turísticas, o ponto central de qualquer visita à cidade nos leva a reviver um trágico acontecimento que, como confirmam os mais antigos, chocou o mundo todo.

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Em 22 de novembro de 1963, durante a campanha eleitoral, o presidente americano John Kennedy estava em visita a Dallas, a maior cidade do norte do Texas. Em frente ao prédio do Depósito de Livros Escolares, a limusine presidencial conversível, que também conduzia a primeira-dama Jacqueline Kennedy, o governador do Texas e sua esposa, fez uma curva à esquerda e descia a avenida ao longo da Praça Dealey quando dois projéteis atingiram a cabeça e o pescoço de John, tornando-o o quarto presidente americano assassinado no exercício do mandato. Em poucas horas, foi preso o suspeito de 24 anos Lee Harvey Oswald. Dois dias depois, em frente às câmeras de televisão, o dono de um bordel local, Jacob Rubenstein (Jack Ruby), embrenhou-se entre os policiais que transportavam o prisioneiro e, à queima-roupa, fulminou Oswald mortalmente. Foi o primeiro assassinato da história transmitido ao vivo pela TV e, segundo especialistas, uma óbvia queima de arquivo.

Os dias que se seguiram foram de perplexidade e comoção no país e em boa parte do mundo, com a população alimentada por teorias da conspiração, todas elas negadas pela versão oficial da investigação ordenada por Lyndon Johnson, o vice texano que assumiu o poder. Em 1976, contudo, um comitê do congresso dos Estados Unidos divulgou uma série de revelações envolvendo o serviço de inteligência (CIA) e a polícia federal americana (FBI). A conclusão apontou o assassinato de Kennedy como “provável resultado de uma conspiração”. O caso tornou-se um dos eventos mais debatidos da história americana. O sexto andar do prédio de onde teoricamente saíram os tiros é hoje um museu e memorial, repleto de imagens, objetos, testemunhos e boa dose de sensacionalismo. Da janela onde estaria o atirador, avista-se hoje um “X” sobre o asfalto, no local exato em que o presidente estava quando foi alvejado.

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Fort Worth: o uniforme da polícia local inclui o chapéu tradicional do Texas

O Texas, embora tenha diferenças evidentes com o restante do país, é também, por sua riqueza de contrastes, a caricatura de uma nação com enormes contradições e ambiguidades. Os Estados Unidos são ricos e inspiradores, mas também provincianos e narcisistas. Uma nação obsessiva com uma liberdade conceitual e, ao mesmo tempo, imperialista, dominadora e com a maior população carcerária do planeta (dois milhões de presidiários). Um povo de imigrantes que inclui todas as nacionalidades e que é, em grande parte, desconhecedor e desinteressado em relação ao resto do mundo. A pátria da oportunidade e da ação afirmativa é a mesma que vive em constante conflito com a porção escravagista e misógina de sua história.

Quando cheguei aos Estados Unidos, nos anos 90, fascinava-me a ideia de estar em uma nação exuberante e que tinha o olhar no futuro, o que logo se confirmou. Da mesma forma, depois de décadas percorrendo diversos rincões americanos, tanto geográficos quanto culturais, impressionou-me o fato de a “terra dos livres” ser também, como o Brasil, um país demasiadamente prisioneiro do próprio passado.

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