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DA TERRA E DA GENTE

De nomes e renomes

É difícil haver unanimidade em relação a nomes que se dá aos lugares, mas é interessante observar a evolução que ocorre, o renome que alcançam e renomeações de que são alvo. É o caso, por exemplo, do bairro onde resido, o Santo Inácio, onde a designação anterior de Verena ainda continua forte e presente em pontos comerciais e públicos, enquanto se solidifica a nova denominação, que compreende hoje uma área ampla e uma das mais valorizadas da cidade, na sua zona norte.

O local original, que no passado já foi conhecido, não se sabe exatamente por que, como Três Barulhos, passou para Vila Verena, cuja razão descobri por acaso ao pesquisar o assunto para a filha então no ensino fundamental, de que assim foi denominado por um dos primeiros loteadores na área para homenagear pessoa que tinha relação com essas terras. Ao lado de outros espaços vizinhos e belos nomes, como Vila Jardim (em loteamento contíguo), cresceu junto com o bairro e, perdendo o termo Vila, passou a se estabelecer como sua denominação, porque assim foi facilmente aceito, mesmo sem saber a sua origem.

Mas também cresceu em seu meio uma comunidade forte, chamada Santo Inácio, instalada oficialmente em 1965, que, ao completar 25 anos de existência, se mobilizou para que esse nome fosse dado ao bairro, o que inclusive motivou proposição de minha parte, como representante público na época no Poder Legislativo, para que isso se concretizasse. Foi o que se consumou, embora ainda mantendo, a pedido, parcela da área com a denominação anterior.

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Já em 2010, em ampla reformulação ocorrida na definição dos bairros, nova mobilização assegurou a designação para área bem maior, incluindo Verena e outras, e embora se mantenha ligação a este, o novo nome ganha corpo pela imponência que traduz e pela identificação que traz com um dos principais pontos de referência (a Comunidade Santo Inácio), nessa região que, sem dúvida, é um dos melhores locais para se morar na cidade. Isso não impede que se lembre da qualificação anterior e coexistam identificações, desde que presente a clarividência da definição existente e de que essa prevalece para os principais efeitos a ela relacionados.

Ao enfocar a questão, vale referir-se à justa lembrança, feita em 2019, na comemoração dos 170 anos de imigração alemã em Santa Cruz do Sul, em relação a topônimos do passado, aplicados então com viva relação aos seus respectivos locais e seus primeiros moradores, vindos da Alemanha, e ainda na sua língua. Foram incorporados em placas com os nomes atuais e suas respectivas denominações iniciais, o que ficou muito bom. O assunto foi tratado sob o título “De picada em picada” em uma das crônicas do livro que lancei na ocasião (Carl & Ciss – Crônicas da colônia alemã, que continua disponível na Casa de Clientes Gazeta e na livraria Iluminura), recordando desde a primeira e velha picada (Alte Pikade, atual Linha Santa Cruz), a nova (Neue Pikade, a hoje Rio Pardinho) e tantas outras, como o Rio Thal (Vale do Rio, a sede distrital de Monte Alverne).

O relevante é que nos sintamos bem no local onde estamos inseridos, para o que muitos fatores contribuem, desde o ambiente e a estrutura existentes, e em especial as pessoas e a cultura de que compartilhamos. Se ele tem renome, e o nome a correlação mais próxima possível com esta realidade, ainda melhor, sem relegar lembranças, numa comunidade e região que caminham para frente, com os pés no chão e os olhos ao alto.

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