O caminhão conduzido pelo secretário de Saúde de Santa Cruz do Sul, Rodrigo Rabuske, estacionou diante de uma residência na Rua Irmão Emílio, no Bairro Várzea. Dos fundos vinha a secretária de Educação, Jane Sabin, carregando um pesado tapete, encharcado por causa da cheia do rio. O grupo parou e fez uma peregrinação com móveis e artigos diversos, que foram destruídos.
É a história se repetindo pela quinta vez nos últimos dez anos. O casal André Luiz Ferreira Sales e Sônia Claudete Meireles da Silva viu, novamente, boa parte de seus pertences ser transformada em um amontoado de lixo. Desta vez, no entanto, parte foi salva. Com a ajuda de vizinhos, os dois conseguiram elevar a geladeira, máquina de lavar, sofá e outros móveis. Como a água não subiu tanto, esses equipamentos foram preservados.
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Eles moravam mais próximo do rio, na área do Navegantes, e mudaram para a Irmão Emílio. Ainda assim, tiveram que abandonar a casa e ficar no abrigo no Parque da Oktoberfest. Desolada, Sônia mostrava a forma como roupeiro e armário ficaram molhados. “Se mexer com eles, agora, se desmontam”, lamentou.
Além do auxílio para carregar o que foi perdido até o caminhão, o casal ganhou o kit limpeza e foi cadastrado como beneficiário de doações. Pessoas com mais idade e casas com pessoas com deficiência (PcDs) são prioridade, disse a secretária de Desenvolvimento Social e Inclusão, Fátima Alves da Silva.
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Ela ressaltou a agilidade no atendimento ao público, no resgate e restabelecimento de suas moradias. “No Bairro Rauber, a secretária [da Educação] Jane conseguiu com sua equipe realocar todas as famílias, limparam as casas, levaram colchões e todos foram assistidos”, afirmou.
A ajuda de quem já perdeu tudo
No ano passado, a maior catástrofe natural registrada no Rio Grande do Sul levou parte da história de Ivan Ramos da Fonseca. E não se trata de móveis ou equipamentos que podem ser recuperados. Estes foram perdidos, mas já foram praticamente todos repostos.

O aposentado viu fotografias e todas as lembranças materiais da vida em meio à lama. Morava à época na Rua Henrique Schütz, no Bairro Várzea. Como os vizinhos, ele foi ajudado por voluntários e representantes do poder público.
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Nos últimos dias, Fonseca ouviu no rádio o pedido da secretária de Meio Ambiente, Prissila Bordignon, por adesão de voluntários. De imediato se mobilizou. Agora, vivendo na Rua João Pessoa, disse que sua casa não foi atingida e pôde se dedicar àqueles que eram seus vizinhos. Passou o sábado levantando restos de móveis, equipamentos e entulhos.
“Perdi tudo três vezes, em quatro anos, enquanto morava aqui. Agora, ouvi a secretária pedindo ajuda na rádio e vim fazer a minha parte”, afirmou. “Se não fossem os voluntários, estaria até hoje [desde o ano passado] limpando toda a casa”, acrescentou.
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