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FALANDO EM DINHEIRO

Francisco Teloeken: é possível treinar o cérebro para gastar menos

Foto: Pixabay

A maioria das pessoas, certamente, concorda que é gostoso gastar dinheiro. O assunto já foi comentado neste espaço, em artigo de 25 de junho de 2022 –  Gastar dinheiro é gostoso. Além de quatro motivos principais que tornam gostoso gastar dinheiro – satisfação pessoal, sensação de poder, recompensa imediata e recuperação do humor -, há duas condições iniciais: ter o dinheiro em espécie para gastar ou o crédito em cartões.

Olhando para a realidade brasileira, pesquisa do Datafolha, efetuada nos dias 22 e 23 de junho, apurou que 63% das 2.556 pessoas entrevistadas, em 181 cidades, não ganham o necessário e tem problemas financeiros. Desse contingente, 37% disseram que o dinheiro da família hoje não é suficiente; outros 26% afirmaram que ganham muito pouco. Em contrapartida, há poucos dias, o IBGE informou que a taxa de desemprego caiu para 9,8% no trimestre encerrado em maio, mas, ainda são mais de onze milhões de desempregados.

Apesar do dado positivo da volta de empregos, a situação econômica atual continua difícil, principalmente para quem não tem renda nenhuma ou tem renda familiar de até dois salários mínimos. Do lado dos empregos, a média de salários está 7,2% menor que há um ano, e do consumo, principalmente dos itens básicos da alimentação, energia, transporte e combustível, a inflação está corroendo grande parte dos ganhos das pessoas. Portanto, mesmo que essas pessoas gostassem de gastar dinheiro, não teriam como fazê-lo. 

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Do ponto de vista biológico, a maioria das pessoas liga o dinheiro à recompensa, conforme explicação do neurocientista Aristides Brito. Mas, talvez a mesma maioria luta com escassez de recursos. Parece que a conta – o gosto de gastar e a falta de dinheiro – não fecha. É preciso, então, “enganar” o cérebro, ensinando-o a gastar menos. No artigo Gastar menos dinheiro é possível: saiba como treinar seu cérebro, o Instituto Longevidade-MAG relaciona sete recomendações para gastar menos e iniciar o acúmulo de uma reserva ou até independência financeira:

  1. Entender como o cérebro funciona: nossos ancestrais não dispunham, por exemplo, de geladeiras ou freezers para guardar as carnes de caças e pescas por mais dias, tratando de consumi-las logo, já que em pouco tempo estariam estragadas. Talvez por isso, nosso cérebro foi moldado para consumir o que se ganha, sem preocupação em poupar; além disso, na avaliação do neurocirurgião e educador financeiro Francinaldo Gomes, por fazermos parte de uma população que não poupa, acabamos não poupando também.
  2. Registrar os gastos: recomendação replicada por vários especialistas, não há como mudar hábitos financeiros sem, antes, saber como e onde o dinheiro é gasto. A DSOP Educação Financeira sugere realizar um diagnóstico das finanças pessoais ou familiares, anotando, durante 30 dias (se a renda for fixa) ou 90 (se for variável), todos os pagamentos efetuados; isso requer disciplina que pode ser facilitada com um aplicativo, instalado no celular.
  3. Mudar hábitos de consumo: muita gente pensa que para poupar é preciso abrir mão e privar-se de algumas coisas prazerosas, como uma viagem, jantar fora etc, o que o cérebro rejeita. A forma mais eficiente de gastar menos dinheiro é saber onde se gasta mais e mal: fechado o período de anotações – 30 ou 90 dias -, é possível reduzir, substituir ou eliminar gastos, sem perda do padrão de vida, apenas com a eliminação de desperdícios.
  4. Separar pequenos valores e investir: com base no diagnóstico financeiro, elaborar um orçamento pessoal ou familiar, no qual já devem ser previstos valores para formar uma reserva financeira e a realização de sonhos; esperar para poupar quando sobrar ou receber algum dinheiro extra, na prática raramente funciona.
  5. Deixar o lado racional assumir o comando: muita gente não se dá conta, mas as emoções afetam o bolso e precisam de atenção; não apenas sentimentos de tristeza e raiva, mas, também, de alegria, podem levar alguém a fazer compras por impulso ou gastos extravagantes. Quando a vontade de ter algo aparecer, perguntar-se: preciso disso? O dinheiro gasto ou o crédito comprometido podem fazer falta no presente ou no futuro? Tenho como pagar? Posso adiar a compra ou trocar por algo mais barato?
  6. Presentear a si mesmo ou alguém: mensalmente, ao receber o salário ou alguma renda, apartar uma parte para a compra do presente.
  7. Focar no bem-estar e na saúde emocional: Francinaldo, citado anteriormente, explica que, “com relação às finanças, os comportamentos geram emoções que, por sua vez, alteram o comportamento cerebral”. Uma pessoa endividada vivencia emoções negativas, tais como raiva, culpa, baixa autoestima ou mesmo pânico que podem acabar em insônia, depressão, ansiedade, irritabilidade e autopunição. Em casos mais extremos, a demissão de emprego, separações, transtornos físicos e psiquiátricos.

É muito importante que o consumidor saiba que está sujeito às influências de suas emoções que podem prejudicar seu bolso e prestar atenção nos próprios comportamentos. Por exemplo, quando sai de casa, decidido a comprar algo específico ou com uma lista de itens do supermercado, nem sempre retorna só com aquilo que tinha se proposto inicialmente. Às vezes, a cuidadosa arrumação dos produtos na prateleira foi pensada para induzir o cliente a fazer uma compra não prevista por ele, mas que despertou nele algum sentimento. Por isso, vale a pena lembrar-se daqueles avisos colocados nas passagens dos trens: parar, olhar, escutar. O treino permanente do cérebro pode ajudar a tomar decisões mais racionais, evitando dívidas desnecessárias e arrependimentos.

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