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ideias e bate-papo

Gente é tudo de bom

Uma das coisas mais apaixonantes do jornalismo é a possibilidade de conhecer pessoas interessantes e inteligentes, os chamados “fora curva”. Por isso, aos 65 anos e mais de 40 de atividade, continuo com a mesma energia.

A profissão me permitiu conviver com gente que parecia esnobe e arrogante. De perto, porém, são introvertidas ou desconfiadas. Notei isso ao longo da minha vida na redação de jornais e emissoras de rádio.

Exatamente há uma semana, na sexta-feira, ao deitar, puxei o radinho de pilha para debaixo do travesseiro. É o típico hábito “de velho”, como dizem meus filhos, cobertos de razão. Antes de apagar a luz e puxar o travesseiro, fui surpreendido com a notícia da morte de Ruy Carlos Ostermann. Foi um soco no estômago! Fiquei acordado até as 3 horas da madrugada ouvindo relatos de amigos, ex-colegas e autoridades impactadas pela notícia.

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Junto com o também falecido jornalista Carlos Urbim, Ostermann foi uma das pessoas mais generosas com quem trabalhei na minha trajetória como jornalista. Apesar de brilhante e com uma inteligência muito acima da média, ele podia ser visto na redação da Zero Hora analisando texto de novatos, dando dicas de redação e fazendo ecoar sua inconfundível risada. Estar ao lado dele era um privilégio, um prazer, um bálsamo para uma rotina carregada de más notícias e personagens nefastos.

Quando meu pai morreu de infarto aos 52 anos, em 31 de janeiro de 1988, retornando de uma pescaria em Tramandaí, voltei a trabalhar uma semana depois. Enquanto degustava um cafezinho na redação da Zero Hora, fui surpreendido por um afetuoso abraço. Mal deu tempo de identificar o autor:
– Giba! Sei que é um momento de muita dor e indignação. Perder o pai, assim tão cedo, não tem explicação lógica. Mas lembra, sempre, que não importa a idade, todos somos órfãos! Estou contigo! – disse o mestre.

Outro momento de convivência foi durante um curso de comentarista idealizado por ele. Durante alguns meses, sempre à noite, ele nos presenteava com toda a sua sapiência, generosidade e experiência sobre como analisar o futebol.

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Ostermann ensinou a elaborar planilhas, hoje um documento de fácil criação com a internet e inteligência artificial. Ele nos levou ao estádio, mostrou o que observar numa disputa. Mais que o conteúdo do curso, a grande atração eram as histórias e episódios pitorescos, com o peculiar tempero da presença de espírito única do “professor”.

Ruy Carlos Ostermann, além de professor, foi deputado, secretário de Estado e o maior comentarista de futebol do país. Abriu mão de ser integrante efetivo da equipe de esportes da Rede Globo. Gostava “da aldeia”, de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul.

Como todo gênio, era generoso, só isso bastaria. Mas ele foi muito além!

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