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PELO MUNDO

Guatemala: o coração do mundo maia

Acrópoles, monumentos e templos na Praça Maior de Tikal

No continente que hoje chamamos de América, os povos pré-colombianos tinham dois valores fundamentais: a vida e, amarrada a ela, a liberdade. Sem liberdade, viver não fazia sentido. Por isso, tentativas por parte dos conquistadores europeus de escravizar os povos originais terminavam quase sempre frustradas. Pelo mesmo motivo, os incríveis templos, palácios e monumentos das civilizações mesoamericanas foram construídos por homens e mulheres livres. O amor pela liberdade, aliás, fica evidente nas conversas com os simpáticos guatemaltecos.

Em um país repleto de contrastes geográficos e sociais, a Guatemala tem a paisagem mais diversificada da América Central. Entre o Pacífico e o Atlântico, coexistem montanhas proeminentes, vulcões ativos, floresta tropical e costa paradisíaca, em uma nação de 18 milhões de habitantes. O país tem ainda a maior herança maia das Américas, com 46% da população descendente da civilização ameríndia. Sete em cada oito descendentes maias vivem na Guatemala. Surpreendi-me ao observar que, fora das áreas turísticas, a língua espanhola não é a mais falada e cada um dos 23 grupos maias tem seu próprio idioma.

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Originalmente parte do México, a Guatemala tornou-se independente da Espanha em 1821. Meio século depois, uma revolução deu início a um longo período de modernização e avanços econômicos ligados principalmente ao grupo estadunidense United Fruit Company. Em 1952, o governo implementou uma reforma agrária que desapropriou as terras da companhia americana e as redistribuiu aos sem-terra, reconciliando o governo com as populações de origem maia.

O movimento, é claro, não agradou aos norte-americanos e, em 1954, militares treinados nos Estados Unidos invadiram a capital Cidade da Guatemala, forçando a renúncia do presidente Jacobo Ardenz e liquidando as promissoras reformas. A ditadura estabelecida favoreceu, é claro, as corporações americanas. O período, que durou 35 anos, ficou conhecido como “La Violencia” e mergulhou a Guatemala em um massacre genocida pelo exército local. A guerra civil matou mais de 200 mil descendentes de maias e tirou mais de um milhão de suas terras, além de deixar milhares de desaparecidos. A resistência popular e o apoio internacional trouxeram a paz no início dos anos 90. Em 1999, o presidente Bill Clinton reconheceu a influência dos EEUU no processo e pediu desculpas oficiais à Guatemala. Neste século, a democracia fez retornar o progresso e o desenvolvimento, embora ainda exista muito por fazer.

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Experimentar e conhecer mais sobre a herança maia eram meus objetivos no território guatemalteco. O destino principal foi o Parque Nacional de Tikal, que atrai visitantes do mundo todo, próximo à fronteira com o Belize. A reação suscitada pelas míticas ruínas maias explica a quantidade de viajantes que retornam inúmeras vezes a Tikal. O parque de 550 quilômetros quadrados contém mais de 3 mil construções, muitas delas milenares. Na área central, a principal atração é a Praça Maior, com as acrópoles em torno dos enormes templos que emergem da densa floresta tropical. O cenário é dividido com iguanas, tucanos, macacos, onças e o ardiloso quetzal, pássaro de reluzentes penas verdes que era chamado pelos maias de “deus dos ares”. Quetzal é também o nome da moeda local.

Os maias se estabeleceram em Tikal em torno de 700 a.C., com as ruínas mais antigas datadas de 500 a.C. No século 3, o local era um núcleo populacional significativo, com mais de 100 mil pessoas. Ao contrário de incas e aztecas, os povos maias não se integravam politicamente, vivendo em comunidades ou estados. Mais tarde, alianças com os poderosos Teotihuacan, da região central do México, geraram o Renascimento Maia (séculos 7 e 8), período em que os grandes templos foram contruídos.

Em torno de 900 d.C., a civilização que habitava as terras baixas de Petén entrou em colapso misteriosamente e Tikal foi praticamente abandonada. No ano 1000, a natureza já havia coberto as construções maias. Somente em 1848 expedições financiadas pelo governo guatemalteco passaram a escavar o local, revelando ao mundo contemporâneo os fragmentos de uma esplêndida civilização.

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