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COLUNA

Lissi Bender: Analista de Bagé no Alemão quadrado

Por Lissi Bender
Pesquisadora e escritora
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Semana passada chegou-me, vindo da Alemanha, uma grata surpresa: o livro Alemão quadrado, que traz na capa a imagem de Fritz e Frida de Santa Cruz do Sul. Recebi o presente de Edmund Wild. Nele, por meio de imagens e textos, o professor comenta vivências e aborda diferentes questões e enfoques que envolvem, como ele informa no prefácio: “Aus der Vielfalt der Menschen, der Deutschen, der Brasilianer, der Deutschstämmigen und der Eingeborenen speisen sich die Geschichten.” Ou seja: as histórias se alimentam da diversidade de pessoas, de alemães, de brasileiros, de descendentes de alemães e de nativos.

O professor Edmund Wild foi professor do colégio Humboldt, de São Paulo, de 1972 a 1978, e de 1983 até 1990 foi coordenador do ensino da língua alemã no Rio Grande do Sul. Conheci professor Wild na Unisinos, quando de minha pós-graduação em Língua e Literatura Alemã. A seu convite, proferi, há poucos anos, palestra sobre Santa Cruz na biblioteca fantástica de Wetzlar, cidade onde o grande clássico da literatura Johann W. von Goethe viveu na sua juventude e escreveu Das Leiden des Jungen Werthers, obra ícone do movimento Sturm und Drang – Tempestade e Ímpeto –, que desencadeou o Romantismo na literatura.

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Voltando para o professor Wild, suas muitas e variadas vivências e leituras, em solo brasileiro, são húmus para as suas muitas histórias e memórias. Do Alemão quadrado, extraio um causo do Analista de Bagé, de Luis Fernando Verissimo, contado pelo professor: “In Bagé, eine mittelgroβe Stadt in Rio Grande do Sul, lässt Verissimo einen Psychiater praktizieren, der die Psychoananlyse nicht nach der Art Sigmund Freuds betreibt, sondern seine Klienten wie Dr. Eisenbart behandelt. Er ist überall bekannt als Analista do Bagé.
Eines Tages kommt ein Ehepaar in seine Praxis.”
“Wir durchleben gerade eine Beziehungskrise”, sagt der Mann. “Meine Frau hat ein Buch des deutschen Psychologen Dr. Sigmund Freud gelesen. Jetzt meint sie, sie müsse auβereheliche Erfahrungen sammeln.”
“Aha, und was sagen Sie dazu”, fragt der Analista.
“Nun, ich habe auch Freud gelesen und wir sind ein modernes Ehepaar. Sie möchte das wahre ich entdecken, wissen Sie.”
“Und sie sucht das wahre ich bei anderen?”
“Ja, genau!”
“Dann legen Sie sich bitte auf die Couch.”
“Wer? Ich?”
“Nein, Ihre Frau. Sie warten drauβen, bis wir fertig sind!”.

Agora, vejamos como fica a história em português:
“Em Bagé, uma cidade de médio porte no RS, Verissimo faz um psiquiatra praticar, não de acordo com Sigmund Freud, mas como Dr. Eisenbart tratava seus clientes. O analista é conhecido por toda parte como Analista do Bagé.
Certo dia chega ao seu consultório um casal
“Nós estamos justamente atravessando uma crise de relacionamento”, diz o homem. “Minha esposa leu um livro do psicólogo alemão Dr. Sigmund Freud. Agora ela acha que precisa vivenciar experiências extraconjugais.”
“Aha, e o que tu diz disso?”, pergunta o analista.
“Bem, eu também li Freud, e nós somos um casal moderno. Ela está tentando encontrar o verdadeiro eu, o senhor entende?
“E ela procura o verdadeiro eu nos outros?”
“Sim, exatamente isto!”
“Então, por favor, te deita no divã”.
“Quem? Eu?”
“Não, tua mulher. Tu espera lá fora, até nós ficarmos prontos.”

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