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Nota de R$ 200,00

Em meio à pandemia do coronavírus que está castigando também o Brasil, desde meados do mês de março, o Banco Central do Brasil anunciou no dia 29 de julho, o lançamento da cédula de R$ 200,00. Aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a nova nota terá como estampa o lobo-guará, em atendimento ao resultado de uma pesquisa de 2011, feita com a população, e deverá entrar em circulação a partir do final deste mês.

É claro que a novidade gerou polêmicas, além dos inevitáveis memes na internet, multiplicados pelas redes sociais. Algumas delas sugeriam outros animais para identificar a nova nota, como a ema pela ousadia em bicar a caixa de cloroquina exibida pelo presidente Bolsonaro, ou o quero-quero, por ser uma cédula desejada pela maioria da população. Um cidadão mais espirituoso disse que seria mais fácil achar um lobo-guará em seu quintal do que uma nota de R$ 200,00 em sua carteira…

Brincadeiras à parte, muitas pessoas veem na criação da nova moeda o sinal ou, pelo menos, a preocupação do governo com a possível volta da inflação, com o aumento generalizado de preços, que já é percebido nos itens de alimentação, quando seria necessário existir mais dinheiro em circulação para comprar e vender a mesma quantidade de produtos e serviços.

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A criação da nova nota de R$ 200,00 tem sido alvo de críticas pelo seu elevado valor nominal. De um lado, dificultará as transações rotineiras do cidadão comum, principalmente em estabelecimentos menores ou prestadores de serviços que terão dificuldades até para devolver troco, nas compras de pequenos valores ou no pagamento de passagem de ônibus ou algum aplicativo de transporte urbano; de outro, facilitará a lavagem e movimentação de enormes somas de dinheiro ilícito, por parte de indivíduos e organizações criminosas, em atividades de corrupção e crimes do colarinho branco, além de tráfico de drogas, de armas, contrabando, terrorismo, entre outras, permitindo esconder grandes quantidades de dinheiro em menores volumes, de difícil acesso a operações policiais e de fiscalização.

Entretanto, especialistas em finanças e executivos do Banco Central (Bacen) apresentam razões técnicas que justificariam a emissão da nova moeda. De acordo com a diretora de administração do Banco Central, Carolina de Assis Barros, em momentos de crise como o atual, existe uma tendência de entesouramento do dinheiro, isto é, as pessoas e empresas guardam mais dinheiro em espécie – réplica do antigo costume de guardar dinheiro “embaixo do colchão” -, o que demanda por mais cédulas: no final de 2019, a quantidade de cédulas em circulação era de 281 bilhões de unidades; para este ano, transcorridos apenas sete meses, de uma projeção de 301 bilhões de notas, o meio circulante já bateu em 342 bilhões, durante ou por causa da pandemia do coronavírus. Além disso, criando uma cédula de maior valor, o Bacen pode diminuir a quantidade de cédulas de menor valor, reduzindo custos de impressão e distribuição.

Na verdade, de acordo com a diretora citada no item anterior, o Bacen identificou três principais motivos para o aumento da guarda do dinheiro em espécie o que o levou a agir preventivamente, mesmo com o maior uso de meios eletrônicos de pagamento: 1) pessoas e empresas fizeram saques para formação de reservas, guardadas em casa; 2) após o início do isolamento, o comércio, de forma geral, com poucas exceções, praticamente parou, não mais circulando dinheiro; o pagamento da maioria das transações era realizado por cartões; 3) o dinheiro pago a milhões de brasileiros sob a forma de auxílio emergencial não retornou aos bancos na velocidade esperada.

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O preocupante é que, embora as características da nova cédula, como cor e foto do lobo-guará, ainda não tenham sido reveladas, conforme a mesma diretora do Bacen, notícias de 6 de agosto informavam que cédulas falsas de R$ 200,00 já estariam circulando em Madureira, no Rio de janeiro. A ousadia e proatividade de falsificadores levou a autoridade monetária a alertar a população para não aceitar ou repassar qualquer nota com o novo valor. O aplicativo “Dinheiro Brasileiro” do Banco Central, lançado em 2016, por ocasião das Olimpíadas no Brasil, permite verificar a autenticidade de cédulas, no qual será incluída a nota de R$ 200,00.

Independentemente das razões da criação da nova cédula de R$ 200,00, os efeitos da pandemia no bolso da população brasileira são mais complicados. No recém encerrado mês de julho, o percentual de famílias brasileiras com dívidas atingiu 67,4%, maior nível da série histórica, conforme Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada com 18 mil consumidores e divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O pior é que quase um terço desses endividados estão inadimplentes, quer dizer, não estão conseguindo pagar contas vencidas. É o momento, então, de fazer um diagnóstico da vida financeira e, a partir dos números apurados, preparar um planejamento financeiro.

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