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“Nunca esqueço: tudo começou em Santa Cruz”, diz treinador Cuca

Com a camisa do F.C. Santa Cruz em 2013, o ano do centenário

No dia 2 de julho de 1984, há mais de 37 anos, chegava ao Estádio dos Plátanos, para se integrar ao grupo do F.C. Santa Cruz daquela temporada, o atleta que, entre os que atuaram na cidade, mais se projetou na história do futebol brasileiro. O mesmo que agora, já transformado em treinador, conquistou quase tudo o que um técnico pode obter em um ano nas competições nacionais.

O paranaense Alexis Stival, o Cuca, aos 58 anos, ergueu com seu grupo, pelo Atlético Mineiro, as taças do Estadual, da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro, recuperando um título que o clube mineiro só havia conquistado uma única vez, há exato meio século. Gravou para sempre seu nome na história do Galo mineiro, pelo qual já fora campeão da Libertadores em 2013. Aliás, por feliz coincidência, passa a ser lembrado em Minas, entre os torcedores do Galo, como é lembrado pela turma do Galo de Santa Cruz, que ainda hoje acompanha com orgulho a trajetória do antigo atleta.

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E o Santa Cruz ocupa espaço todo especial no coração de Cuca. Tudo porque foi o clube no qual estreou como profissional, naquele já distante 1984. Vinha, com 21 recém-completados, em 7 de junho, do Pinheiros, do Paraná (é natural de Curitiba). Estreou no dia 22, em partida contra o São Paulo, de Rio Grande, vitória do Galo por dois a zero.
Um ano após sua chegada, foi negociado com o Juventude, onde ficou por dois anos. Em 3 de novembro de 1984, encerrada a participação do time no Gauchão daquele ano, a Gazeta do Sul mencionava que vários clubes demonstravam interesse em levar “os bons do Galo”; Cuca já estaria interessando ao Juventude, negócio que de fato se efetivou no ano seguinte.

Em Caxias ficou até 1987, chamando atenção por seu futebol diferenciado, como meia atacante, destro, e então se transferiu para o Grêmio, onde conquistou inúmeros títulos: três estaduais (1988, 1989 e 1990), a Copa do Brasil de 1989, a primeira do clube, e a Supercopa do Brasil de 1990. Em 1990, depois de passagem pelo Valladollid, da Espanha, retornou ao Grêmio e por fim jogou no Internacional, em 1991, onde venceu mais uma vez o Gauchão. Nesse ano foi convocado para a Seleção Brasileira.

Foi em 1996, aos 33 anos, que encerrou a carreira de jogador, iniciada 12 anos antes no Santa Cruz. Mas a ligação com o Galo e com a comunidade nunca mais se rompeu, a ponto de, por onde quer que atuasse, sempre se manter informado sobre as temporadas do seu primeiro clube profissional.

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Cuca mantém contato, por exemplo, com ex-dirigentes daquela época e com pessoas que acompanharam seus primeiros passos ou testemunharam sua ascensão. Um desses amigos que mantém e com o qual conversa é Jairo Woiciekoski, hoje na equipe de contato comercial da Rádio Gazeta, e que, repórter esportivo, era setorista do Galo quando Cuca atuou na equipe. Ao longo dos anos reencontrou-o em partidas de Grêmio e Inter, tanto no tempo de Cuca como jogador quanto de treinador. Foi por intermédio de Jairo que, nesta semana, o técnico concedeu entrevista à Gazeta. Ao final do ano e das competições de 2021, Cuca se desligou do Atlético MG, por opção pessoal, para um período de descanso.

Na Gazeta de 3 de novembro de 1984, Cuca, no alto à esquerda

Do Galo até o… Galo!
Em entrevista para a Gazeta, já veiculada na quarta-feira no programa Deixa Que eu Chuto, conduzido por Rodrigo Vianna na FM 107,9, Cuca avaliou as conquistas do Galo mineiro no ano passado e reafirmou seu carinho para com o Galo santa-cruzense e toda a comunidade.

Essa circunstância também está registrada no livro Orgulho centenário, da Editora Gazeta, sobre os 100 anos do clube, em 2013. Ali, Cuca lembra, por exemplo, da agilidade com que os dirigentes da época, como o presidente Luís Carlos Vitiello e o diretor de futebol Irineu Roesch, encaminhavam negociações, tanto contratações como vendas ou empréstimos, que poderiam ser vantajosas para o clube.

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O depoimento sobre a vinda para o Galo se reveste de forte emoção. “Em Santa Cruz do Sul, aprendi a ser homem, a me virar sozinho, pois morei numa pensão e tive de cuidar de tudo, a começar pelas minhas refeições – fritar ovo, por exemplo”, descreve. “Só pensava em crescer como jogador de futebol, vencer na vida, ganhar meu dinheiro. O Santa Cruz me deu essa oportunidade.” E revela: “Com as luvas que ganhei com a transferência do Pinheiros para o Galo, consegui pagar uma cirurgia de ponte de safena do meu pai. Só por causa disso já tenho eterna gratidão ao Santa Cruz, que me deu a oportunidade de conviver com meu pai por mais 13 anos.”

E diz que em preleções costuma citar o seu início como profissional. “Sempre que posso, tento passar esses valores que aprendi lá no início da carreira, nos Plátanos, para esses atletas que hoje ganham altos salários, orientando-os para que possam usufruir das benesses da vida profissional sem deixarem de ser autênticos, para que o meu aprendizado possa ser o deles também. Afinal, não tenho 20 e poucos atletas em cada clube por onde passo, considero-os meus filhos, e tento ajudá-los da melhor forma possível. E não esqueço nunca: tudo começou em Santa Cruz”. E arremata: “Obrigado, F.C. Santa Cruz, por fazer parte da minha vida e por ter me permitido fazer parte da sua história”.

Um cara família: com sua turminha no Mineirão, em um dos jogos do Atlético em 2021

O CUCA TREINADOR
Como treinador, a carreira de Alexis Stival, o Cuca, se iniciou em 1998, no segundo ano após ter deixado os gramados como jogador. Começou no Uberlândia, em Minas Gerais, e seguiu por uma ampla fila de clubes, nos mais variados estados (e com passagem ainda pelo futebol chinês, no Shandong Luneng). Seu primeiro clube grande foi o São Paulo, em 2004, e no mesmo ano veio para dirigir o Grêmio, enquanto no ano seguinte assumia o poderoso Flamengo.

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Teve o gosto das conquistas com a Taça Rio pelo Botafogo, em 2007 e 2008; foi campeão carioca pelo Flamengo (2009), mineiro pelo Cruzeiro (2011) e novamente mineiro, mas agora com o Atlético, nos dois anos seguintes, e pela terceira vez em 2021. Foi no Galo mineiro que conquistou um dos maiores títulos de sua carreira até aqui, a Libertadores de 2013, a primeira e única até hoje do clube mineiro. E, claro, arrematou o Brasileirão e a Copa do Brasil de 2021.

ENTREVISTA
Cuca
Treinador de futebol

Gazeta do Sul – Como o senhor avalia o ano de 2021, com tantas conquistas pelo Atlético MG?
Cuca –
Antes de mais anda, é um enorme prazer falar com vocês! O ano de 2021 foi maravilhoso, repleto de conquistas, e isso que ainda teve a final da Libertadores de 2020 entre Santos e Palmeiras, em janeiro, que eu embuto nesse ano (o Palmeiras venceu por um a zero, com o Santos de Cuca ficando com o vice-campeonato). No Atlético MG foram três títulos, o Mineiro, Copa do Brasil e Brasileiro, e uma Libertadores praticamente impecável, mas da qual acabamos eliminados. E não atribuo a campanha vencedora a mim diretamente; quem ganha os jogos são os jogadores, o mérito é total deles, junto com os diretores, que os contratam, e a torcida, que fez o papel dela, num primeiro momento impossibilitada devido à Covid, e depois sempre com 60 mil em cada jogo, marchando junto com o time, em busca principalmente do campeonato brasileiro, que há 50 anos não vinha. Saí do Atlético por questões pessoais, um desgaste muito grande. Eu não parei desde que peguei Covid, ainda no Santos, e depois fui para o Galo, com decisão em cima de decisão. E há ainda questões pessoais, que as famílias sempre têm. Resolvi dar parada para dar uma oxigenada e recuperar a energia.

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A Seleção entra nos planos para algum momento futuro?
A Seleção é um sonho que qualquer menino tem, de jogar. Eu joguei uma partida pela Seleção, em 91, com o Falcão. Guardo até hoje grande lembrança. E acho que isso é sequência dos bons trabalhos que a gente faz. Hoje, a gente está nas mãos do melhor cara possível, que é o Tite, e temos de torcer para que no final do ano possamos ter o hexacampeonato. Isso é o mais importante.

E as lembranças de Santa Cruz, onde o pessoal sempre torce por ti?
Que Santa Cruz do Sul torce por mim, eu sinto isso. Tenho orgulho de ter iniciado aí, de ter morado na pensão, aprendi a fazer meu feijão, morava sozinho, punha numa caixa de papelão para ir ao treino quando chovia, e valorizo muito tudo que passei. Foi aprendizado não só como jogador, mas como homem também, e Santa Cruz mora no meu coração. O Galo, então, nem se fala! Acompanho o Galo sim, falo com o presidente quase sempre, e virei sócio, a gente está sempre acompanhando as coisas do Galo, e feliz com o grande ano que o Galo teve. O Galo aí de Santa Cruz, né (risos). E o Galo de Minas também, todos os dois juntos, então. Um abração a todos e sucesso!

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