As pessoas reclamam que o tempo dá a impressão de estar andando de forma mais rápida. Hoje é 20 de maio e nem nos demos conta de como chegou e o quanto já fizemos neste 2025. O meu conceito sobre a aparência de que os dias passam com agilidade é que existe um culpado: o quinto dia útil. A partir do primeiro salário, gastamos e queremos que logo chegue o segundo e assim por diante. Nunca mais queremos um mês longo. Janeiro, por exemplo, parece ter 60 dias, tamanha é a espera pelo quinto dia útil de fevereiro.
Na linha política, o 20 de maio de 2025 já foi há bastante tempo. Aqueles que exercem cargos públicos que estarão em julgamento popular em outubro de 2026 já estão em plena atividade para garantir reeleição; os que estão fora tratam de buscar a confiança dos eleitores para se tornarem aptos à disputa. Para quem quer candidatar-se, o futuro já começou. É preciso pensar no amanhã de forma meticulosa, como em um jogo de xadrez, garantindo que esteja no local certo, na hora certa.
E nessa busca pelo xeque-mate, que garanta vaga na Assembleia Legislativa, Palácio Piratini, Câmara Federal, Senado e Palácio do Planalto, vale quase tudo. A troca de partido já nem é mais questionada, porque a maior parte das legendas perdeu sua ideologia; a ideia que tem sido muito usada para enfatizar a polarização (esquerda ou direita) é uma piada. Explico: primeiro que, estando à suposta esquerda ou suposta direita no poder, quem manda é o centrão; segundo que, como o caráter ideológico é meramente ilustrativo, quem hoje lidera um desses lados pode estar noutro, sem qualquer pudor.
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Essa sensação de que a honestidade e o interesse no bem são raros foi proferida em discurso de Rui Barbosa, em 1914: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”
Então, quando chegar o 2026 para nós, meros mortais, é sinal de que aqueles que têm a política-partidária como profissão já terão passado por esse período, estarão com o tabuleiro preparado e as cartas jogadas. Mas preste muita atenção, porque pode ser uma partida de pôquer e o blefe é sempre uma opção para os jogadores. Além disso, fique atento a quem trouxer flores, porque, como cantou, em Versos Simples, a banda gaúcha Chimarruts: “não te trago flores, porque elas secam e caem ao chão”.
É claro que muitos sabem disso. Sobre os outros cabem as falas de Chico Buarque em Gente Humilde: “E aí me dá uma tristeza no meu peito, feito um despeito de eu não ter como lutar; e eu que não creio peço a Deus por minha gente, é gente humilde. Que vontade de chorar”.
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