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IDEIAS E BATE-PAPO

O vício tecnológico

Na função de jornalista há mais de 40 anos, informação é a matéria-prima do meu cotidiano. Trata-se de um ativo disputado a peso de ouro integrando uma contradição inexplicável. Afinal, nunca se teve acesso a tantas fontes de conteúdo e, simultaneamente, jamais convivemos com tanta “mercadoria” manipulada, adulterada e transformada no que ficou consagrado na era digital como fake news.

A partir das 7 horas, todos os dias – e nos finais de semana um pouco mais tarde – entro em contato com o mundo da informação. Leio os três jornais de Porto Alegre “no papel” e vários periódicos do interior do Estado pela internet. Mantenho uma média de 12 “janelas” de sites abertos no computador, em média, até às 21 horas, além de ficar atento ao Twitter e ao e-mail, canal desgastado e, por isso, quase fora de uso. É uma rotina cansativa e absorvente.

No final de semana, acessei uma matéria intitulada “Por um tempo de desconexão” publicada no caderno DOC da Zero Hora. O teor trata da comunicação digital ininterrupta e das consequências no âmbito pessoal e profissional. “Já não estaria na hora de repensarmos as falsas urgências?”, pergunta Rafael Codonho, empreendedor, jornalista e autor do texto.

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Em tom de advertência, ele afirma que o ser humano não foi projetado para lidar com a comunicação digital ininterrupta. O chamado “efeito manada” – onde a maioria simplesmente copia o comportamento majoritário – nos levou à situação de consumir/ acessar um volume gigantesco de conteúdo todos os dias, o dia todo.

Parece impossível se desconectar, sob pena de perder conteúdos indispensáveis, mas isso não corresponde à realidade. Estudos revelam que, em média, um jovem/adulto checa o celular cerca de 200 vezes por dia. Exagero? Então observe o seu comportamento, amigo/amiga leitor/leitora. Fazemos isso instintivamente, alimentando a “escravidão do smarphone” .

A dependência tecnológica se intensificou na pandemia. Consagrou-se a ideia de que o digital é o único fio de ligação com a realidade. Afinal, o contato humano está restrito e só pode ser flexibilizado de maneira responsável depois da imunização geral.

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A atividade profissional agravou essa sensação. O home office forjou a ideia de conexão permanente, sem direito a refeição decente, descanso ou lazer com a família. O texto encerra com uma advertência pertinente:

“As empresas precisarão estabelecer para suas equipes relações equilibradas e razoáveis com o digital. Sem tanto imediatismo, tanta afobação e tantas falsas urgências. Com foco no que, de fato, é mais relevante. Quando os resultados aparecerem, o óbvio ficará ainda mais saliente.” O cotidiano – moderno, digital e pandêmico – impôs um estilo novo, mas que necessariamente não é o mais saudável.

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