Esta semana foi marcada por celebrações alusivas ao Dia Mundial do Meio Ambiente, que transcorreu na quinta-feira, 5. Todo e qualquer esforço no sentido de salientar a importância da conexão (e não da desconexão) com a natureza, com o mundo em que vivemos (e do qual talvez nunca estivemos tão apartados) deve ser aplaudido. Já é questão de sobrevivência de nossa espécie.
Como síntese, uma questão deve nortear, em profundidade, o debate: qual é o propósito? A indagação pode (e deve) ser dirigida a pessoas (indivíduos), coletivos, entidades, associações, organizações, empreendimentos. É de praxe que em cada um desses espaços esteja exposta, para os públicos interno e externo, a “missão”. Mas o que, exatamente, é a missão? Por essência, ela deve considerar o todo (a sociedade) e não uma parte (mesmo que essa parte seja a própria empresa, pois ela é apenas “uma parte no todo”). Uma pessoa ou uma empresa não existem deslocadas da sociedade: integram o local, o regional, o nacional e mesmo global.
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Logo, a missão de um, o propósito de um, tem de estar em sintonia e harmonia com os demais, ou se teria uma missão falha. E talvez o que muito se tem nos dias atuais sejam missões falhas, que falham já na premissa. Uma missão ou um propósito jamais podem implicar em apenas explorar o meio ambiente (o ecossistema) ou atuar às custas dele. A missão ou o propósito dignos desse nome devem ter como meta justo o oposto: a preservação, a conservação e a recuperação ambiental, o que é bem coletivo.
Uma missão não pode ser unicamente fazer dinheiro. Ela deve levar em conta, isso sim, a vida, a sociedade. Um propósito é fixado mirando o coletivo, respeitando o espaço e os recursos essenciais, e não justamente abusando deles. No ambiente corporativo, que muito fala em ESG (a sigla em inglês para responsabilidade ambiental, social e de governança), quando se cita um propósito, este precisa, sem qualquer outra possibilidade, levar em conta o bem-estar de todos, e não apenas o de alguns.
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Se é apenas uma figura de linguagem, uma retórica, tão mais rapidamente será despido da incongruência em que consiste. Missão que elimina árvores e bosques? Missão que contamina a água e o ar? Missão que agride pássaros, fauna e flora? Que propósito e que missão enviesados seriam estes?
Ao final de uma semana dedicada à reflexão, muitas questões se salientam e se colocam na mesa para o debate. Sem dúvida, inquirir o tempo todo, a agentes públicos e privados, qual é, afinal, a missão ou o propósito com um novo projeto, um novo plano, torna-se vital. Se o propósito for única e exclusivamente o bem de alguns poucos, em detrimento do meio ambiente (e da qualidade de vida dos demais), talvez seja o caso de estabelecer, para estes, uma nova missão: a reeducação. Não pode mais haver espaço para quem se empenha em deixar o mundo a cada dia um tanto mais dilacerado. Bom fíndi, e com bons propósitos.
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