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Cinema

VÍDEO: os “infinimundos” de Nelson Freitas

O momento na carreira é outro, diferente do que os brasileiros estão acostumados a ver do Nelson Freitas hilário, famoso por interpretações cômicas. A saída da TV Globo, após 19 anos de contribuição, fez com que novas janelas fossem abertas e novos caminhos desbravados. Surgiram, a partir daí, convites para filmes e séries de variados estilos, enriquecendo ainda mais a trajetória de prestígio que construiu ao longo das últimas décadas.

Aos 60 anos de idade, e com 36 de carreira, Nelson Freitas vive agora o personagem Coronel Perigoso no longa-metragem InfiniMundo, o primeiro a ser gravado na totalidade na região de Santa Cruz do Sul. Encantado com o município e com as locações nas quais ocorrem as filmagens – Linha Rio Grande, Sinimbu, e Travessão Dona Josefa, Rio Pardinho –, Nelson Freitas garante: “Não precisa me chamar duas vezes; eu venho para cá, eu estou com a gauchada”.

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Na última quarta-feira, 26, Freitas recebeu a equipe de reportagem da Gazeta do Sul no Hotel Charrua, onde se hospeda durante as gravações de InfiniMundo. Não faz cerimônia ao sair na frente do estabelecimento, passear pela Rua Marechal Floriano, conhecer a Praça da Bandeira e os bares e restaurantes do entorno. O paulista de Mogi das Cruzes conheceu Santa Cruz e logo se apaixonou pela cidade. Definiu como uma espécie de sonho e se surpreendeu com as locações encontradas e escolhidas para InfiniMundo, um filme sem ano ou lugar específico, situado em um mundo fantástico, poético e filosoficamente construído. “Tinha que ser fora do tempo e do espaço; é um universo fantástico”, observou.

O produtor-executivo de InfiniMundo, Diego Müller, com o ator Nelson Freitas em uma das gravações em Travessão Dona Josefa | Foto: Luís Alexandre

Nelson Freitas trabalhou por anos na televisão aberta, mas foi no teatro que nasceu como ator. “Foi a base de tudo. Fiz também muitos musicais; eu gosto de cantar e acabei também fazendo inúmeros. E depois a TV, começando como protagonista de Chiquititas, novela que teve há 26 anos. Foi uma graça, legal para caramba”, recordou. 

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“Feliz demais”

A cidade do Festival Santa Cruz de Cinema, que vem a cada dia incentivando mais as produções audiovisuais, recebeu neste mês de abril a equipe técnica e o elenco de InfiniMundo, o primeiro longa-metragem gravado em sua totalidade em Santa Cruz do Sul e região. Um grande nome que integra esse elenco é o de Nelson Freitas, conhecido pelos trabalhos em teatro, televisão, cinema e streamings. Na última quarta-feira, o experiente ator recebeu a equipe da Gazeta do Sul e conversou sobre vivências, opiniões e receptividade em Santa Cruz.

Entrevista – Nelson Freitas, ator

  • Magazine – Como está sendo sua estadia em Santa Cruz do Sul e o que achou da região?
    Nelson Freitas – A cidade é quase uma utopia dentro do país em que a gente vive. Cidade bonita, próspera, bem cuidada, com gente bonita, educada, tudo muito legal e muito surpreendente. E eu imagino que a escolha para estarmos filmando aqui não foi à toa. Os meninos, o Pablo e o Diego Müller [produção], já moraram aqui na juventude, então eles conhecem as pessoas; as locações são lindas, o filme está lindo. É um filme de arte, não de bilheteria, é um filme de poesia, sabe? É filosófico, até. Então, eu acho que isso vai ser bem bacana e vem na contramão do tiro, porrada e bomba de tudo que a gente geralmente vê nas produções atuais. Não é uma crítica, mas é uma realidade. InfiniMundo é um filme doce e a gente está megafeliz.
  • O que esse papel representa para a sua trajetória profissional, que já tem mais de 30 anos?
    Sim, são 36 anos de carreira. É um bálsamo quando a gente tem a oportunidade de se relacionar, primeiro com profissionais de altíssimo gabarito. O cinema gaúcho é um marco, diria até histórico, porque, às vezes, fica muito restrito ao eixo Rio-São Paulo e o pessoal não percebe quanta gente está fazendo coisa boa, produções interessantes e coisas lindas. É surpreendente ver a quantidade de coisas boas que saem aqui do Sul, de talentos, produtores, diretores, técnicos. Toda vez que acontece isso, e não é a primeira vez, eu fico megasurpreso e agradecido. Para mim, 36 anos de carreira, 60 anos de idade, poder contracenar com atores jovens tão talentosos como esses meninos escolhidos para fazer o filme, o Nicolas, o Vitor e a Laura, é uma espécie de injeção de ânimo. Eu falei para eles: “Que coisa curiosa, vocês estão na base de 20 e poucos, 30 anos, e eu aqui me deliciando, aprendendo com vocês.” O dia em que a gente parar de aprender, dá para desistir. É imaginar que o prazer e o deleite que estou vivendo aqui, se eles tiverem a sorte de ter isso que estou vivendo, as pessoas que vão estimular eles ainda nem nasceram.
  • Quais foram os seus últimos projetos e quais estão em desenvolvimento?
    Eu tenho me dedicado muito ao cinema, não por acaso, porque o foco foi mais para isso e sempre foi uma coisa a que eu quis dar primazia na minha vida, mas estava sempre envolvido com televisão. Passei 19 anos na TV Globo fazendo Zorra Total, depois o outro Zorra, algumas novelas, Tempo de Amar, com Jayme Monjardim, depois O Tempo Não Para, então eu sempre estava ligado com a televisão, e isso às vezes te limita para fazer cinema.
    Depois que terminei o contrato com a TV Globo, parece que abriu uma janela e eu fiz cinco filmes nesses dois últimos anos. O mais recente e talvez o mais popular é o Eike Tudo ou Nada, que fala sobre um determinado momento da vida do Eike Batista; está na Netflix, um filme bacana e também muito bem feito. Fiz SaraLiaeLeia, da Mônica Carvalho, que está saindo daqui a pouco; Tração, um filme de aventura, que vai sair em julho; El Presidente, que foi gravado no Uruguai, com direção do Armando Bó, oscarizado, e com uma turma bacana, demais; é uma produção internacional de altíssimo gabarito e está na Amazon Prime. 
  • Como avalia essa fase do audiovisual, com presença marcante dos streamings?
    Eu acho uma revolução gigante, planetária e irreversível. O que está acontecendo com a televisão agora é o que aconteceu com o mercado do disco anos atrás. De uma hora para outra, você montava um estúdio e fazia uma guerra mundial dentro da sua casa. E a gravadora gigante ficou praticamente perdida no meio daquele tiroteio. Hoje, através dos streamings, você pode consumir material no telefone que está na sua mão. E aí? Quem vai pagar o sabonete? A coisa está virando e tudo é questão de grana.
    O Boni escreveu um livro maravilhoso em que ele diz que não existe rádio, TV, cinema, se não houver o patrocinador. O anunciante, de alguma forma, está se reposicionando no mercado para o digital. Isso não quer dizer que vai acabar. Não vai, mas vai transformar. Jovens hoje não olham mais novela, é algo muito mais rápido, imediato, e, às vezes, até efêmero. Se for pensar a rede social, os jovens não passam nem um minuto assistindo a alguma coisa. Vamos ter que nos adaptar a isso e eu acho muito bacana porque abre um leque de opções para artistas, técnicos, público. Se você melhora sua qualidade, você tem um produto melhor.
  • Acha que o audiovisual vive um bom momento?
    Acredito que vive um ótimo momento, um momento incrível, de glória. O mercado está fervendo de trabalho, de opções, de oportunidades, de criação, ao mesmo tempo em que existe uma fila de produções para serem incluídas no cardápio dos streamings. Você tem um mar de opções e isso é bom, para que todo mundo trabalhe. Está todo mundo envolvido, trabalhando, e isso é maravilhoso.
  • Santa Cruz do Sul tem o Festival de Cinema, tem o Film Comission. Essa descentralização do eixo Rio-São Paulo é positiva para o setor?
    É mágico, maravilhoso. Com a qualidade que se atinge hoje com o digital, com equipamentos maravilhosos, colocando na mão de pessoas competentes, é só coisa boa que vem e eu torço muito. Se me chamar para fazer de novo não precisa me chamar duas vezes, eu venho para cá, eu estou com a gauchada.
  • Vem bastante para o Rio Grande do Sul?
    Não tanto quanto eu gostaria. A última vez que estive aqui no Estado foi por uma coisa muito curiosa que eu queria ressaltar. Eu fui fazer um filme trash em Alvorada, que é uma cidade que geralmente está na periferia da grande Porto Alegre, tem criminalidade, só aparece notícia ruim. Me chamaram para fazer o filme e eu olhei o roteiro e achei tão engraçado, tão curioso, e fui. E me encantei, uma turma competente, todo mundo se dedicando tanto, paparicando quem contribui com isso. É emocionante ver que, em uma cidade teoricamente marcada por coisas não tão legais, existe um polo de cinema, tem gente trabalhando. Puxa, é sensacional. E para Santa Cruz do Sul eu pretendo voltar muito, uma cidade que é um presépio, tudo bonitinho, tudo funciona, as pessoas respeitam a faixa de pedestres, está tudo limpo, organizado, gente bonita. Estou feliz demais, foi um presente ter conhecido a cidade e a região.

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