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Happy hour

Caminhando sobre ovos

Os brasileiros tiveram a oportunidade de assistir ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em que o entrevistado foi o juiz federal Sérgio Moro, respondendo às perguntas dos jornalistas de diversos órgãos de imprensa do centro do País.

Na minha opinião, foi brilhante em todas as questões, sereno e firme nos seus argumentos, demonstrando ser um instrumento de mudanças dentro do Judiciário, juntamente com o Ministério Público e a Polícia Federal. Defendeu o fim do foro privilegiado e a condenação definitiva dos réus julgados em 2ª instância, evitando-se a impunidade para os políticos e empresários ricos, que têm possibilidade de contratar os melhores e mais caros advogados e esses arrastam os processos até o decurso de prazo.

Infelizmente o Brasil real está na contramão do idealizado na entrevista e no desejo da maioria do povo, que clama por um país mais justo e igualitário perante a lei. E o STF tem sido, infelizmente, o poderoso guarda-chuva dos políticos. Insiste em salvaguardar os privilégios dessa minoria.

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Bastou que os tribunais de 1ª e 2ª instância condenassem o ex-presidente Lula a 12 anos e um mês de prisão para que as malfadadas chicanas jurídicas fossem acionadas. Até o ministro Gilmar Mendes, que em 2016 aprovou a prisão a partir da condenação em 2ª instância, se arrependeu do voto e voltou atrás.

Enquanto as velhas raposas do Judiciário estavam agindo nos bastidores, o recém-condenado Lula continuava com sua caravana eleitoral pelos estados do Sul. Aqui as recepções não foram muito amistosas. Grupos de gaúchos, catarinenses e paranaenses hostilizaram os integrantes da caravana arremessando ovos e pedras e usaram até de chicotes para afugentar os apoiadores de Lula. A situação ficou perigosa àqueles que destacavam a divisão entre “nós” e “eles”, repetida ao longo do tempo nos discursos de Lula. “Eles” estão reagindo perigosamente.

Essa crise política, inclusive, correu o risco de se agravar. Dependia da decisão do Supremo no julgamento do habeas corpus de Lula. Os ânimos andaram exaltados. Os próprios membros da Corte foram ameaçados. Edson Fachin denunciou que sofreu represálias, inclusive sua família. Gilmar Mendes foi importunado em seu passeio a Lisboa. Aqui no Brasil foi vaiado em pleno voo. Se o STF livrasse Lula da prisão, jogaria a Operação Lava Jato no lixo. Os políticos implicados ficariam felizes e o povo, ávido pela limpeza geral dos corruptos do País, revoltado. De qualquer forma, caminharemos sobre ovos até as próximas eleições.

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O político francês François Guizot, em uma de suas célebres frases, disse: “Quando a política penetra no recinto dos tribunais, a Justiça se retira por alguma porta”.

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