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JOSÉ ALBERTO WENZEL

Ave, liberdade!

Depois da “Puente del Inca”, ao lado direito da estrada que segue da Argentina para o Chile, encontra-se um espaço demarcado de onde se observa o altaneiro Aconcágua. Se imponente o pico mais alto da mais extensa Cordilheira do mundo, notável se apresenta uma pequena gaiola, fixada no corrimão que limita a passagem espontânea dos visitantes. Uma tabuleta acima da gaiola esclarece: “Esta no es uma jaula vacia. Es um ave em Libertad.”

Frente à imensidão do Aconcágua, de quase 7 mil metros de altura, a gaiola cúbica de 25 centímetros não está apenas vazia, também sua portinhola foi arrancada, para que nunca mais aprisione aos que dispõe de asas. Asas evidentes, asas pretendidas, asas libertadoras por todos buscadas.

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Todos nascemos para sermos livres. Inclusive para nos erodir à semelhança das rochas andinas. Os Andes não temem os ventos que vergastam seus flancos, nem desprezam as geleiras que os esmerilham, sequer detêm as águas que os sulcam, o que não os impede de agradecer às “jariellas”, um arbusto espinhoso que, a par do capim “ichu”, insiste em sustentar os cones de detritos que escorregam implacáveis pelas ribanceiras.

Se os álamos alinham em riste as parreiras nas “lhanuras”, as jariellas e ichus pontilham em profusão as encostas declivosas. Flancos que encontram nas feições vulcânicas tipificações singulares, que se perfilam às centenas, nos formidáveis encontros das placas tectônicas, em contraste com os frágeis habitats das corujas e besouros.

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Adentrar pelo vulcão “Malacara” e se fazer silente sob a escuridão das abóbadas aprofundadas pelas forças da terra, expressa libertações de amarras. Amarras constrangedoras, ao tempo que diariamente cultivadas. Experienciar o ventre ancestral da força telúrica nos faz minúsculos. De onde o orgulho humano? Para que nossa desfaçatez degradatória? Basta uma golfada magmática para que nem cinzas nos restem.

A não ser que sejamos um pouco de “Elcha”, a mais bela das “hermosas” originárias. Ela, filha de um cacique, se apaixonara por um jovem de sua tribo. Todavia, no intuito de apaziguar os ânimos de uma tribo adversária, fora prometida em casamento ao filho do cacique inimigo. Desesperados, na noite anterior ao dia do casamento interesseiro, os dois enamorados lançaram-se em fuga libertária.

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Alcançados pela turba perseguidora, abraçaram-se no mergulho às águas geladas que os abriga até hoje.
Elcha e seu amado brilham nas águas límpidas da “Laguna de la Ninha Encantada”. Nadam com as trutas das cores do arco-íris. Seguem livres como seu amor incondicional.

Livres como os Incas que encontram passagens, onde inexistem caminhos. Livres para voar altitudes condoreiras e enxergar movimentos sutis na cordilheira, que jamais revelará todos os seus segredos. Livres para se maravilhar feito condores, e para se condoer com a melancolia das planícies. Ave, oh liberdade! Liberdade que não se apossa, até porque, quem aprisiona enjaula afetos.

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