Os brasileiros finalmente poderão ler (e conhecer) a obra de uma das grandes sensações do universo literário internacional da atualidade. Até agora inédito no País, o tanzaniano Abdulrazak Gurnah, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 2021, teve um de seus romances, Sobrevidas, no título em português, colocado em pré-venda pela Companhia das Letras, em sua referencial série Nobel. A tradução coube a Caetano W. Galindo e o volume tem 336 páginas, sendo vendido a R$ 74,90.

Com a edição dessa obra, começa a se preencher mais uma lacuna ainda existente no ambiente cultural brasileiro, que nem sempre contempla autores ou livros já largamente conhecidos junto a leitores de outras línguas e nações. Gurnah, de 73 anos, nascido na ilha de Zanzibar e radicado na Inglaterra desde a década de 1970, é mais um dos expoentes a tratar sobre a problemática pós-colonial, a sempre delicada relação entre antigas colônias e as nações das quais elas se independeram.

Essa questão, por sinal, poderia e deveria falar alto à sociedade brasileira, tendo em vista que o País teve de lidar com mandos e desmandos da metrópole nos tempos coloniais. O enredo de Sobrevidas toca nessa ferida: enquanto colonizadores avançam, com a arrogância característica, África adentro no início do século 20, um casal local apenas sonha em poder viver em paz e em ter o primeiro filho. Mas então tudo começa a se embaralhar, e os da terra e os de fora têm de aprender a conviver, e a entender-se uns com os outros.

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