“Embora o pós-guerra fria determinara aos demais países a convivência com uma superpotência remanescente, os Estados Unidos, alguns historiadores julgam superado o debate em torno do imperialismo e seu histórico significado, dado o sentido da globalização e seus efeitos gerais e colaterais.
Porém, não parece ser o que temos visto continuamente. Agora, por exemplo, há uma evidente tentativa de reacomodação geopolítica, considerados os movimentos da Rússia e da China, pacíficos ou não.
É de pressupor-se que as ações bélicas da Rússia (e as prováveis que advirão da China) prenunciem uma ousada redefinição dos papéis globais e dos territórios de dominação.
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Afinal, seja por motivações geopolíticas e/ou econômicas, de tempos em tempos culturas, civilizações, regimes políticos e nações são dominadas e ocupadas por ações arbitrárias de potências militares.
Efeito colateral imediato, resultarão crescentes o nacionalismo, a xenofobia e a intolerância étnica, sinais frequentes de uma provável nova ordem mundial. Ou, no pior sentido, uma desordem mundial.
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Ainda que algumas guerras sejam declaradas rápidas e cirúrgicas (sic), todas produzem efeitos e consequências que repercutirão extensa e danosamente.
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Inspirada ou não no obscurantismo, no ressentimento, nas vidas perdidas ou na brutalidade das infâncias roubadas, a longa mão da vingança vigorará, como sempre.
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A historiadora norte-americana Bárbara Tuchman (1912– 1989), premiada e reconhecida mundialmente, é autora de um livro denominado The March of Folly – from Troy to Vietnam, editado em 1984. Em português, na edição brasileira de José Olympio, de 1989, sob o título A Marcha da Insensatez – de Tróia ao Vietnã. Ainda que reflexão de 1984, hoje de extrema atualidade.
A autora nos conduz por eventos bélicos, com destaque especial para a Guerra de Troia, o desgoverno dos papas à época da Reforma, a conturbada relação da Inglaterra com as colônias americanas e a Guerra do Vietnã.
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Como diz na apresentação: “São páginas que servem de alerta e inspiração para todos nós, numa época em que a marcha da insensatez parece acelerada no universo em que vivemos.”
Nominado pela autora como “o paradoxo da condição humana”, a narrativa gira em torno da seguinte tese: a sistemática procura – pelos governos – de políticas contrárias aos seus próprios interesses e a não consideração da existência de uma alternativa viável”.
O texto acima, meu caro leitor, foi publicado em setembro de 2022. A história ensina sempre. Sejam décadas, séculos e/ou milênios. Mas sempre haverá quem ainda se surpreenda com a condição e a natureza humana!
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