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JOSÉ AUGUSTO BOROWSKY

Memória: artigo de 1870 mostra rotina das primeiras bandinhas da região

Músicos de antigamente passavam dificuldades para atender seus compromissos em localidades distantes | Foto: Arquivo de Fernando Hennig

A vida dos músicos não é só festa, como muitos imaginam. No passado, eles sofriam bastante para garantir dinheiro no bolso. O padre jesuíta Arthur Rabuske (1924-2010) publicou na Gazeta do Sul, em 1976, a tradução de um artigo em língua alemã, escrito em 1870, que conta um pouco das agruras que eles enfrentavam.

O autor identificou-se apenas com a inicial U. Segundo ele, entre os imigrantes que se instalaram na colônia de Santa Cruz havia vários músicos. Mas os dois primeiros conjuntos (bandinhas) teriam sido os das famílias Lau (de Picada Rio Pardinho) e Boesel (de Dona Josefa). Por serem os únicos em uma vasta região, eram contratados para festas, casamentos e bailes. 

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As viagens ocorriam a cavalo ou em carroças. Os Lau levavam pouca bagagem, pois tocavam “de ouvido”. Os Boesel tocavam por notas e carregavam mais coisas, como partituras e estantes. Dependendo da localidade onde ocorria o evento, precisavam atravessar arroios com água até a cintura. Para evitar que os instrumentos molhassem, eram acondicionados em bolsas ou sacos feitos com couro de tigre (onças e pumas eram chamados de tigres).

O artigo, que em 1896 saiu no jornal Deutsches Volksblatt, de Porto Alegre, relata que os casamentos eram as festas mais cansativas. Os músicos necessitavam chegar de manhã para receber os convidados. A cerimônia ocorria antes do meio-dia e eles só descansavam na hora do almoço. Logo após, começavam as danças, que entravam noite adentro.

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Não raras vezes, embalados por uma boa cachaça caseira, os pais dos noivos se entusiasmavam e pagavam por mais uma ou duas horas de festa. Como os convivas eram todos alemães, a bandinha ficava repetindo músicas populares europeias.

Depois da festança, exaustos, os músicos atiravam-se embaixo de uma árvore e dormiam algumas horas. No verão, jogavam-se no arroio ou em algum açude. Recuperados, iniciavam a viagem de volta, que podia durar dois dias ou mais.

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