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Crimes

Retrospectiva 2021: como foi o ano na área policial em Santa Cruz

Foto: Rafaelly Machado

Furto na Marisa foi um dos mais marcantes do ano

O ano de 2021 ficou marcado como o ano em que ocorreu o julgamento dos acusados pela maior tragédia da história do Rio Grande do Sul. Após longos oito anos e dez meses de espera, os familiares das vítimas do incêndio na Boate Kiss comemoraram, na noite de 10 de dezembro, o desfecho do caso na esfera jurídica. A Gazeta do Sul foi o único veículo da região credenciado junto ao Tribunal de Justiça para acompanhar em plenário o julgamento.

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A condenação dos acusados – os sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann; o vocalista da Banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos; e o produtor musical Luciano Bonilha Leão – por homicídio com dolo eventual cometido contra 242 pessoas e tentativa de homicídio contra outras 636 trouxe alívio também aos sobreviventes. Foram vários os momentos de emoção em plenário e fora dele.

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Muitos familiares choraram ao relatar o drama vivido ao longo dos anos na espera por justiça. A personalidade do juiz Orlando Faccini Neto, durante o julgamento, também chamou atenção. Na hora de revelar as penas, após a condenação confirmada pelo Conselho de Sentença, dedicou seu trabalho às famílias das vítimas e proferiu um trecho de Chico Buarque: “Pedaço de mim, metade arrancada de mim. Que a saudade é o revés de um parto. A saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu”.

Elissandro foi condenado a 22 anos e seis meses de reclusão; Mauro, 19 anos e seis meses de reclusão; Marcelo e Luciano, 18 anos de reclusão. Os quatro já cumprem suas pena. As defesas ainda recorrem para que eles aguardem em liberdade a interposição de recursos.

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Foto: Alencar da Rosa

A prisão do “Ladrão Atrevido”

Um ladrão aterrorizou comerciantes de Santa Cruz do Sul e Vera Cruz no segundo semestre de 2021. O jovem identificado como Bruno Fabiano Vedoy da Silva, de 20 anos, tornou-se conhecido como “Ladrão Atrevido” após aparecer em imagens captadas por câmeras de diversos estabelecimentos comerciais.

Em um deles, ao perceber que estava sendo filmado pelo sistema de videomonitoramento interno, insinuou um deboche: fez um sinal obsceno, mostrando o dedo do meio para a câmera, antes de deixar o local levando alguns itens. Após monitoramento feito pelo Setor de Inteligência do 230 Batalhão de Polícia Militar (23º BPM), o ladrão foi colocado atrás das grades em 18 de outubro.

No mesmo dia, ele foi solto pela Justiça, e voltou a atacar. Desta vez, em 1º de novembro, com um mandado de prisão preventiva autorizado pelo Poder Judiciário, a Polícia Civil prendeu-o em Santa Cruz. Ele foi encontrado na região central por agentes da 1ª Delegacia de Polícia, o que deu fim aos crimes cometidos pelo chamado “Ladrão Atrevido”.

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Foto: Banco de Imagens/Gazeta do Sul

Drogas sintéticas em alta

As forças de segurança de Santa Cruz do Sul precisaram enfrentar uma nova ameaça no universo dos entorpecentes. Acostumados a localizar em pontos de tráfico drogas como maconha, cocaína e crack, tanto Brigada Militar como Polícia Civil se depararam, em 2021, com uma grande incidência de apreensões de substâncias sintéticas.

Ao longo do ano, sobretudo no segundo semestre, foram localizadas grandes quantidades de metanfetamina em formato de cristal, MDMA, ecstasy, LSD, quetamina e outras substâncias. Na principal ação desse tipo, a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) estourou um depósito na Rua São José, no Bairro Avenida, com uma considerável quantidade de entorpecentes sintéticos, na chamada Operação Delivery.  As investigações continuam para localizar por onde essas drogas chegam ao município.

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Foto: Rafaelly Machado

Violência

Ao todo, 15 homicídios foram registrados em Santa Cruz do Sul até o dia 29 de dezembro. A média em 2021 foi de um assassinato a cada 24 dias. As mortes, todas de homens, aconteceram em nove bairros – Progresso (3), Santa Vitória (3), Arroio Grande (2), Margarida (2), Bom Jesus, Faxinal Menino Deus, Santo Inácio, Rio Pardinho e Universitário.

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Disparos de AK-47 no Bom Jesus

Um vídeo gravado em março, ao qual a reportagem da Gazeta do Sul teve acesso, mostrou a ação de um integrante da facção Os Manos, que disparou diversos tiros de fuzil AK-47 nas proximidades da Rua Amazonas, no Bairro Bom Jesus. O rosto do homem não aparece nas imagens, pois está de lado e encapuzado. Ele dispara uma rajada de tiros em direção a Vera Cruz, a partir de uma via de asfalto. A divulgação do vídeo gerou grande repercussão.

A AK-47 é considerada a mais letal das armas e geralmente é utilizada em guerras civis e ações de terrorismo. Contatada à época, a Polícia Civil disse ter ciência do vídeo, afirmou que estava investigando o fato e que armas iguais a essa haviam sido apreendidas em 2017. Para os investigadores, a ação da facção visou demonstrar força e poder junto aos moradores do bairro. Embora os agentes tenham suspeita de quem seja o autor dos tiros, ainda não foi possível confirmar e o caso segue em investigação.

VEJA: Vídeo mostra integrante de facção disparando com fuzil AK-47 no Bairro Bom Jesus

BM prende Bergenthal

A Brigada Militar (BM) de Vera Cruz foi responsável pela prisão de um dos principais foragidos da Justiça. Em 6 de setembro, durante a Operação Outlaw, os policiais capturaram Rodrigo Bergenthal, de 30 anos, conhecido pelo apelido de “Nanico”. Ele havia rompido a tornozeleira eletrônica no dia 9 de julho e estava escondido em um cômodo de uma oficina, na localidade de Rincão da Serra, interior do município.

Ele é conhecido no meio policial. Tem em sua ficha uma tentativa de homicídio, oito roubos, receptação e porte de arma. Foi um dos 26 presos que escaparam na fuga em massa do Presídio Regional de Santa Cruz, em novembro de 2017. Em 25 de janeiro de 2018, a bordo de um carro roubado, tentou matar a tiros um PM quando foi abordado em uma distribuidora de bebidas, no Bairro Arroio Grande. A BM atribui a ele a suspeita de ter participado de alguns dos principais roubos ocorridos na região entre o período do rompimento da tornozeleira e a captura.

Durante a Operação Outlaw, também foi preso o proprietário da oficina onde Rodrigo estava escondido, um homem de 38 anos com antecedentes por estelionato, extorsão, roubo e tráfico. A captura de Bergenthal foi possível graças ao trabalho conjunto da Agência de Inteligência do Comando Regional de Polícia Ostensiva do Vale do Rio Pardo (CRPO/VRP) e do Setor de Inteligência do 23º Batalhão de Polícia Militar (23º BPM).

LEIA MAIS: O papel da Inteligência da BM na captura de um dos bandidos mais procurados na região

Foto: Cristiano Silva

Furto milionário ao prédio da Marisa

Considerado um dos maiores casos de furto da história de Santa Cruz do Sul, com proporções milionárias, o ataque ao prédio da loja Marisa, nos dias 24 e 25 de abril, revela uma série de ações programadas por uma quadrilha especializada, que abriu dois cofres de um depósito da Magazine Luiza, situado no subsolo do edifício, e levou centenas de celulares e um alto valor em dinheiro.

O prejuízo deixado pelos bandidos foi de aproximadamente R$ 1 milhão. Embora os ladrões tenham tapado com papel laminado as câmeras internas que monitoravam o depósito, e também levado os HDs com todos os registros de gravações, as imagens deles foram captadas através das câmeras do cercamento eletrônico e do sistema de Vigilância Colaborativa da Brigada Militar e do Ministério Público.

A Gazeta do Sul revelou o passo a passo dos ladrões em uma reportagem especial no mês de setembro, quando fecharam-se cinco meses do crime. Os celulares e o dinheiro levados pela quadrilha nunca foram foram recuperados e os autores jamais foram presos. O caso segue em investigação pela 1ª Delegacia de Polícia.

LEIA MAIS: O passo a passo dos ladrões no furto milionário ao prédio da loja Marisa

Perigo nas redes

O número de cibercrimes aumentou no Brasil durante a pandemia de Covid-19, com mais pessoas conectadas à internet. Os golpes virtuais já existiam, mas em 2021 os criminosos atualizaram as suas táticas de atuação. No ranking global, o País passou a ocupar a quarta posição entre os mais afetados por ataques virtuais no planeta. Entre os crimes mais conhecidos e praticados ao longo do ano estiveram a clonagem de WhatsApp na qual criminosos simulam situações de emergência e pedem dinheiro aos contatos da vítima. Vendas fraudulentas pelo “Facebrik”, clonagens de cartões de crédito e até mesmo retiradas indevidas do auxílio emergencial ou FGTS autorizadas pelo governo estiveram na mira dos cibercriminosos.

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Outra prática que teve grande repercussão ficou conhecida como golpe dos nudes aplicado por quadrilhas que inventam perfis em sites de relacionamento e redes sociais para troca de imagens íntimas com as vítimas. Na sequência, entram em contato alegando que são pais de menores de idade ou policiais que investigam atos de pedofilia. Após algum tempo de conversa, acabam pedindo dinheiro para desistirem da denúncia ou investigação. Uma das maiores quadrilhas responsáveis por este tipo de prática, foi presa no Rio Grande do Sul em outubro.

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Ataques hackers foram capazes de tirar do ar o sistema do Tribunal de Justiça gaúcho, que ficou indisponível por vários dias em abril, o que levou inclusive à suspensão de prazos processuais. Outro ataque cibernético recente hackers derrubaram o site do Ministério da Saúde e a página e o aplicativo do ConecteSUS, que fornece o Certificado Nacional de Vacinação Covid-19. Também foi afetado o e-SUS Notifica, que recebe notificações dos estados e municípios sobre a síndrome gripal suspeita e confirmada de Covid-19.

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Stalking

Pela primeira vez, a Justiça de Santa Cruz do Sul condenou um homem pelo crime de stalking. A ação foi movida pelo promotor Eduardo Ritt, na 2ª Vara Criminal, com decisão proferida pelo juiz Assis Leandro Machado em julho. O réu era um indivíduo de 43 anos, que perseguiu ao longo de três meses sua ex-companheira, de 42.

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A lei que definiu o stalking como delito foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 31 de março. O artigo 147-A do Código Penal detalha que “perseguir alguém, reiteradamente, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade” é crime com pena de prisão de seis meses a dois anos e multa. A pena para o homem foi de reclusão de quatro meses e 26 dias de detenção, além do pagamento de cinco salários mínimos  a título de prejuízo moral à vítima.

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Expediente
Texto e pesquisas:
Dejair Machado
Textos: Cristiano Silva, Dejair Machado, Iuri Fardin, João Cléber Caramez, Pedro Garcia e Romar Beling
Revisão: Luís Fernando Ferreira

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