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ELEIÇÕES 2020

Entrevista: “É fundamental priorizar a economia local”, diz Frederico de Barros

Foto: Rafaelly Machado

Uma das metas de Frederico é implantar um programa que garanta um complemento aos beneficiários do Bolsa Família

Mais jovem entre os sete candidatos a prefeito, Frederico de Barros (PT) trata a recuperação dos prejuízos causados pela pandemia, tanto à saúde e educação quanto à economia, como prioridade número um. Reorganizar o calendário escolar e ampliar as linhas de crédito para micro e pequenos empreendedores são as primeiras medidas que pretende tirar do papel.

Embora não se diga contrário à vinda de novos investimentos, defende que o governo concentre suas forças nas empresas já estabelecidas e incentivos a empreendimentos nas áreas de inovação e tecnologia, como forma de dar uma perspectiva de longo prazo para a geração de empregos. Carro-chefe do plano de governo, o orçamento participativo deve, segundo ele, ser implantado já no ano que vem, aos moldes da Consulta Popular.

Outra meta é implantar um programa que garanta um complemento aos beneficiários do Bolsa Família. Seus projetos incluem ainda impor mais restrições à expansão imobiliária sobre o Cinturão Verde, instituir eleição direta para direções das escolas municipais e criar uma secretaria voltada a mulheres. Na entrevista, também defendeu a postura do PT frente aos escândalos de corrupção.

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Entrevista

Como o senhor responde a quem cobra o PT por situações como o Caso Pronaf e a prisão de um vereador no ano passado?

Nós, do PT de Santa Cruz, demos uma resposta de fato a um caso de corrupção, que foi a expulsão do ex-vereador Paulo Lersch. Diante de todas as denúncias que a Câmara sofreu no ano passado e este ano, o PT foi o único que deu uma resposta de fato a uma situação que envolve comportamentos e hábitos que não recomendamos na política. Me sinto muito tranquilo em dar uma resposta e dizer que o PT tem uma posição firme contra a corrupção. Os outros partidos da base aliada do governo não expulsaram e não abriram nenhum processo disciplinar contra os vereadores que foram investigados. Sabemos que existe um desgaste nacional, mas dentro do que está na nossa alçada, temos feito e mostrado que temos uma posição, que é a da ética na política.


E no caso do Pronaf?

Não posso opinar porque na época eu não estava filiado ao PT. Como tenho visto, o Ministério Público recém abriu inquérito. Acredito que vão ser feitas as defesas, vão ser escutadas as testemunhas e aí será feito o julgamento com imparcialidade e isenção, como deve sempre ser.

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Se o senhor for eleito, qual vai ser o primeiro assunto ao qual vai se dedicar?

Temos que pensar no pós-pandemia. É preciso cuidar das pessoas no sentido de permitir que todos tenham máscara e tenham acesso a testagem e vacina. E também que as crianças tenham a recuperação do ano letivo, precisamos retomar todo o aprendizado que foi perdido este ano. Na questão econômica, precisamos de um olhar para quem mais sofreu, que são os micro e pequenos empreendedores, as pessoas autônomas que trabalham na informalidade ou sem ter todos os direitos garantidos. As grandes empresas vão se recuperar e não vamos fazer distinção, mas nesse momento temos que dar uma atenção muito grande aos micro e pequenos. São mais de 7 mil aqui em Santa Cruz.


Dar atenção de que forma?

Através de linhas de crédito, do Banco do Povo, fortalecendo com assistência técnica e conhecimento. Isso é dever público. Nas crises de 1930 e 1946, nós vimos que o Estado foi o indutor do desenvolvimento. Neste momento, que estamos vendo uma crise sem precedentes, temos que dar a mesma resposta.


O senhor fala muito na implantação do orçamento participativo. Como garantir o engajamento da população, já que hoje a participação em audiências públicas para discussão dos orçamentos é mínima?

Acredito que é através das associações de bairros que vamos devolver esse protagonismo às pessoas. Vamos organizar a partir de regiões e bairros, definindo as prioridades e necessidades. Santa Cruz tem um orçamento de quase meio bilhão. Parte desse orçamento deve, sim, voltar enquanto participação para que as pessoas possam decidir o que deve ser investimento e o que é prioridade. Andando pela cidade, tanto no interior quanto nos bairros, vemos que há demandas de dez, 12 anos. Somente através da participação das pessoas vamos fazer obras e investimentos que vão ao encontro do que elas precisam.

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Funcionaria, então, aos moldes da Consulta Popular do Estado?

Mais ou menos isso. Mas claro que podemos avançar mais. Entendo que vamos conseguir alcançar um método melhor para que todos possam participar.


A ideia é já colocar em prática para o orçamento de 2022?

Isso.


O seu plano fala em tornar mais rígidos os critérios de concessão de benefícios para empresas de outros lugares. Como tornar Santa Cruz competitiva sem incentivos?

Entendemos que, nesse período de pandemia, é fundamental investir e priorizar a economia local. Então, aqueles que já estão aqui estabelecidos devem também ter a nossa atenção. Sabemos que muitas vezes as empresas vêm, pedem benefícios e prometem trazer 120 ou 150 empregos, mas trazem metade disso. Então, é nesse sentido: priorizar que o dinheiro investido aqui circule aqui, e que dessa forma todo mundo saia ganhando. Não vamos ser inimigos ou proibir investimentos que vêm de fora, mas temos claramente que as empresas daqui da região podem fazer os investimentos necessários para que a gente se desenvolva. Já temos um comércio e uma indústria muito bem estabelecidos.

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O que o senhor pensa sobre a política de financiamentos?

Não sou contra, mas penso que temos de ter responsabilidade. As críticas com relação aos projetos encaminhados pelo governo Telmo foram porque ali não estava especificado onde ia ser investido. Não dá para anunciar R$ 50 milhões em investimentos e deixar a conta pro governo posterior pagar. Temos que pensar em uma lógica de desenvolvimento naquilo que é fundamental. Não dá para trazer investimentos que sejam irreais, para ser uma marca do governo, porque isso é só vaidade política. A maior marca que podemos trazer é melhorar a vida das pessoas. Nos governos do PT, trouxemos muitos investimentos através do PAC e de emendas que ajudaram, de fato, as pessoas. O Viver Bem é um desses casos, além do viaduto Fritz e Frida. Todos os investimentos que fizemos por meio de empréstimos foram pensados para sanar problemas.

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Como fomentar a diversificação econômica?

Acho importante valorizar a cadeia do tabaco, mas também pensar no futuro. Precisamos ver o que o mundo está nos dizendo. É fundamental incentivar que empresas de tecnologia e inovação se instalem e se desenvolvam aqui, porque o futuro é digital. Temos que fazer uma gradual mudança para essa nova economia, mas sempre buscando preservar os empregos.

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O senhor também propõe a criação do Santa Cruz Mais Igual, que seria um complemento ao Bolsa Família. Há segurança quanto à viabilidade de um programa assim?

Todos os programas foram colocados ali porque são viáveis. Esse programa é fundamental. Com a pandemia, 21 mil pessoas utilizaram o auxílio emergencial em Santa Cruz. Isso desnudou uma face da desigualdade que muitas vezes não é vista pelos governantes. Temos que priorizar e cuidar das pessoas que estão na linha de pobreza e desempregadas. Ainda trabalhamos na questão do valor, mas seria na faixa das pessoas que ou não tem nenhuma renda ou recebem até dois salários mínimos. Sabemos que cada vez mais as pessoas estão precisando disso.


Qual vai ser sua prioridade em saúde?

Como tenho dito, nossa prioridade é prevenir as doenças. No Brasil, existe uma política tradicional de tratar a doença só quando ela está estabelecida. Podemos tratar muitas coisas só com a prevenção. Os agentes comunitários de saúde são muito importantes. Além disso, nós queremos reabrir o plantão 24 horas do Hospitalzinho. Isso vai beneficiar todo o pessoal daquela região, que muitas vezes precisa se deslocar até o Centro.


O que o senhor diz, então, é fortalecer a atenção básica. Mas de que forma?

Através dos agentes comunitários e com um mapeamento muito claro. Os médicos cubanos também fazem muita falta. Isso é fundamental. Vamos estruturar muito bem o sistema de saúde para que a gente possa dar uma resposta efetiva.


O seu partido se posicionou contra a Lei dos Vales em 2018. O senhor vai revogar a lei, ainda que existam recomendações do TCE?

Nós estivemos naquela sessão da Câmara em 2018 e deixamos claro que a posição dos vereadores do PT não foi discutida com o partido e que não concordávamos com a postura deles. Nós não temos prometido nada, e tudo vai ser estudado. Se for possível, vamos recuperar isso, porque sabemos que acaba prejudicando muitas pessoas. Os salários do funcionalismo não são nenhuma grande riqueza. Sabemos muito bem o que eles passam e, dentro do possível, vamos buscar valorizar.


Este ano, os servidores não tiveram aumento nenhum. O senhor se compromete com ganho real todos os anos?

Vamos chamar a categoria para discutir uma política salarial anual. Dessa forma, vamos ter definido desde o primeiro ano do governo até o último. Dentro do possível, nós buscaremos repor a inflação e avançar um pouco mais.


O senhor pretende regulamentar o pagamento do piso do magistério?

Sim. Isso é muito importante. Tenho uma mãe que foi professora municipal durante toda a vida e sei o que ela passa. Nosso plano foi muito discutido com os educadores e sabemos, de fato, o que eles estão passando. Então, sim, vamos fazer o que pudermos para valorizar os educadores.


Santa Cruz do Sul não atingiu as metas do Ideb referentes aos anos finais do Ensino Fundamental na rede municipal. Como é possível avançar nesses indicadores?

Através de investimento e de valorizar os profissionais que estão ali. Temos que estabelecer um diálogo com a comunidade escolar. Vamos buscar uma gestão compartilhada, em que os pais e as mães participem efetivamente do aprendizado dos filhos e filhas. Temos que permitir as eleições diretas das direções escolares.


Temos hoje localidades do interior que estão desaparecendo. Como melhorar a infraestrutura no campo?

Se o jovem não tem uma infraestrutura de vida que lhe dê qualidade, como sinal de internet e opções de lazer e cultura, ele não vai ficar ali. Então, acho que podemos investir muito mais em infraestrutura. O que estamos vendo é que os bairros continuam crescendo e a estruturação da cidade não foi pensada de maneira organizada. Se a gente não investir em cultura e lazer, em espaços verdes, em espaços compartilhados da comunidade, as pessoas não vão querer ficar ali. Por isso muita gente vem para a cidade. Dinheiro para isso tem. Temos um orçamento de R$ 500 milhões, basta vontade política.

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Como será a estrutura administrativa em seu governo? No seu plano, consta a criação de uma secretaria voltada a políticas para mulheres e a possibilidade de uma secretaria para a juventude.

Primeiro, vamos ter pessoas experientes e com conhecimento técnico nas secretarias. Nesse período de pandemia, houve um aumento muito grande nos casos de violência contra a mulher, inclusive aqui em Santa Cruz. Existe dinheiro para investir. A população feminina é superior à masculina, então as mulheres devem estar representadas com o espaço e o poder que são delas. E a juventude também é fundamental. Quase toda semana vemos nos jornais que a população mais jovem está morrendo, porque acaba se envolvendo com o tráfico de drogas, fazendo uma escolha errada. Temos que oportunizar que esse jovem tenha crença de que a vida dele pode melhorar.


Mesmo se for eleito, o senhor não terá uma maioria automática na Câmara. Está aberto a negociar alianças com partidos de perfil diferente?

O que sempre falei, enquanto alguém que viu muitas alianças do PT serem contestadas e eventualmente darem errado, é que as alianças devem ser baseadas no projeto. Se as pessoas têm concordância com o que defendemos, são bem-vindas. Dentro do possível, nós vamos dialogar com a Câmara para aprovar as leis. Sabemos que nem sempre é fácil constituir uma maioria, mas ao contrário desse governo, que retirou a autonomia da Câmara e mandou e desmandou inchando a sua base aliada, vamos fazer por meio de diálogo.


O senhor propõe transformar toda a extensão do Cinturão Verde, que são 453 hectares, em uma área de preservação permanente e fala, inclusive, em desapropriações. Como ficam as construções que já foram autorizadas?

É muito importante ter em mente que o Cinturão é uma área fundamental para Santa Cruz, para o futuro da cidade. A gente vem para o Centro e tem uma temperatura de 40 graus. Se vai mais próximo da natureza, a temperatura baixa e o ar é melhor. Tudo o que vier de projeto do mercado imobiliário tem de passar por uma rigorosa seletiva. Aquela área deve ser de proteção. Se não pensarmos nas gerações futuras e deixarmos um pouco de lado o nosso bolso, vamos acabar sofrendo muito. Temos, sim, que manter o pé firme. O futuro do nosso mundo, do nosso país e da própria economia depende do meio ambiente.


O seu plano fala em assegurar transporte urbano mais acessível aos jovens. É possível garantir mais benefícios no momento em que o sistema corre risco de colapso?

O transporte público é muito importante, não só para a juventude, mas também para os trabalhadores. Nós tivemos um aumento exponencial da tarifa todos os anos. Isso, é claro, vai fazer com que as pessoas prefiram outros meios. É muito mais fácil, para chegar até o Centro, desembolsar 15 ou 20 centavos a mais e pegar um Uber, com todo o conforto, do que esperar um ônibus. Os nossos projetos sempre vão no sentido de pensar no todo. Vamos, sim, ter de fazer um debate com a juventude. Sobre dar benefício ou não, o mais importante é pensar em como manter um valor acessível para as pessoas e também melhorar o serviço.


Mas como melhorar o serviço sem subir a tarifa? Um subsídio da Prefeitura?

Podemos estudar, sim, um subsídio, com muito diálogo e de maneira transparente. Tem que vir com compromisso fixado de todos para melhorar o transporte.


O senhor citou o Uber. Temos uma lei que regulamenta esse serviço, mas na prática não funciona. O que o senhor pensa?

Penso que não podemos impedir as pessoas de trabalhar. Muitas pessoas estão fugindo do desemprego e se utilizando dos aplicativos. Embora essa lei já tenha sido sancionada, acredito que precisamos de um diálogo maior. Lembro que muita gente reclamou, muita gente disse que não foi consultada e que essa lei não iria ajudar.


O seu plano fala em atualizar o diagnóstico do saneamento. Como garantir com que a Corsan cumpra o que foi assinado?

Precisamos cobrar que esse contrato seja cumprido. A população está sofrendo quase todos os dias com a falta d’água. Minha namorada mora no Esmeralda e vejo ela constantemente reclamando disso. Vamos ter um diálogo firme com a Corsan e buscar o cumprimento de tudo o que está no contrato. O investimento em saneamento é fundamental, ter o esgoto tratado evita um monte de doenças gastrointestinais e propicia uma melhor qualidade de vida.


De que forma o Município pode contribuir mais para a segurança pública?

Queremos fortalecer a Guarda Municipal e permitir que mais pontos da cidade tenham cobertura. Quando vamos ao interior, muitas pessoas dizem que sentem falta de segurança.


A Guarda tem que ir além da segurança patrimonial, então?

Sim. E outra coisa que discutimos é a questão da iluminação nos espaços públicos. Hoje temos pouquíssimos lugares em Santa Cruz em que a iluminação é voltada para quem está caminhando. A iluminação é sempre voltada para as faixas. Permitir que as pessoas estejam em locais mais iluminados faz com que se sintam mais confortáveis. Outra questão fundamental é que a segurança está claramente ligada à educação. Se não investimos em oportunidade para as pessoas, muitas vezes elas acabam indo para a criminalidade.


Santa Cruz tem uma lei que prevê reserva de vagas para pessoas negras em concursos. O que o senhor pensa sobre política de cotas?

Somos a favor da política de cotas. O Brasil é muito desigual e os mais afetados pela desigualdade são as pessoas pobres, negras e mulheres. Por isso precisamos, sim, buscar fazer tudo o que estiver ao nosso alcance. É uma forma de equiparar um pouco essa desigualdade. Sabemos que não vamos acabar com o racismo, mas temos que, dentro do possível, buscar de todas as maneiras que as pessoas negras tenham as mesmas oportunidades que as pessoas brancas.

Qual será o papel da sua vice no governo?

Posso te garantir que a Manu não vai ser uma vice decorativa e não vai dar golpe (risos). Tem sido um orgulho andar com a Manu. Ela tem contribuído muito, desde que firmamos a coligação, em todo o processo do plano de governo, e agora na campanha não é diferente. Vamos ter muito diálogo.

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Ouça o podcast com a entrevista completa:

A série de entrevistas

A menos de um mês da eleição municipal, a Gazeta do Sul veicula desde essa segunda-feira, 19, uma nova série de entrevistas com os sete candidatos a prefeito de Santa Cruz. Os prefeituráveis conversaram com a reportagem ao longo da semana e foram questionados sobre temas como economia, gestão fiscal, funcionalismo, saúde, educação, segurança, turismo, desenvolvimento rural, transporte coletivo urbano e saneamento, entre outros. Além da versão em texto, também será possível ouvir as entrevistas em podcast no Portal Gaz e nas plataformas de streaming.

Conforme definido em sorteio, a ordem de publicação será a seguinte:

Dia 19/10: Jaqueline Marques (PSD)
Dia 20/10: Alex Knak (MDB)
Dia 21/10: Helena Hermany (PP)
Dia 22/10: Mathias Bertram (PTB)
Dia 23/10: Carlos Eurico Pereira (Novo)
Dia 26/10: Frederico de Barros (PT)
Dia 27/10: Irton Marx (Solidariedade)

LEIA TODAS AS REPORTAGENS DA SÉRIE
1. “Santa Cruz do Sul tem tudo para ser um polo turístico”, diz Jaqueline Marques
2. “Nós temos que priorizar o que dá resultado”, diz Alex Knak

3. “Tenho muito orgulho da minha família”, diz Helena Hermany
4. “Vamos exigir que a Corsan cumpra o contrato”, diz Mathias Bertram
5. “Não podemos seguir correndo com os empresários”, diz Carlos Eurico Pereira
6. “É fundamental priorizar a economia local”, diz Frederico de Barros
7. “O Estado está acompanhando as eleições de Santa Cruz”, diz Irton Marx

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